Governo poderá lançar email criptografado público já em dezembro

24/09 - Segundo o presidente do Serpro, a solução já existe e falta apenas buscar mais infraestrutura para armazenamento das informações.

Lúcia Berbert
Do Tele.Síntese

24/09/2013 – O governo brasileiro tem condições de lançar em dezembro um serviço de email criptografado e gratuito, armazenado em nuvem pública. É o que afirma o presidente do Serpro, Marcos Mazoni, após reunião com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, nesta terça-feira (24). A empresa de processamento de dados do governo já conta com uma solução nesse sentido, o Expresso, toda baseada em software livre, capaz de atender o projeto do governo de comunicação segura.

“Agora o que precisamos trabalhar é a questão do volume, a partir de parceria com os Correios e outros órgãos estatais”, disse Mazoni. A solução do Serpro, já disponíveis para órgãos públicos, é corporativa e agrega correio eletrônico, serviço de videoconferência, agenda, chamada. “Mas é um produto modular, que pode ser adaptado ao projeto do governo e contar com a capilaridade dos Correios”, afirmou.

Um dos usos imediatos do produto poderá ser nas cidades digitais, criando um ambiente seguro para a troca de informações nas áreas de educação e saúde, por exemplo, com comunicação direta com o cidadão. O Expresso roda dentro da nuvem e da infraestrutura do Serpro, com o domínio maior da tecnologia, inclusive do tráfego sainte e entrante. A solução é composta de nove camadas de software, inclusive de um que funciona como orquestrador, que faz o gerenciamento do uso de diferentes nuvens.

“Não podemos dizer que todas as portas estão fechadas, mas é mais seguro porque é baseado em software livre, portanto com os códigos auditáveis”, afirmou Mazoni. Sobre o uso de roteadores americanos, que podem conter backdoors, Mazoni disse que o Serpro está trabalhando para usar a tecnologia open floor, que retira a inteligência da terceira camada que ficam nos roteadores. “Mas isso ainda precisa evoluir”, admitiu.

O presidente do Serpro disse que a próxima providência para avanço do projeto é a realização de uma reunião com as equipes de TI da companhia de dados e dos Correios para dimensionar volumes e chegar a custos. “Serão necessários mais servidores, roteadores e infraestrutura de armazenamento porque a nossa nuvem foi projetada para atender os nossos clientes e não o universo do povo brasileiro”, disse. Ele acredita que para o projeto serão envolvidos também o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, que poderão implantar uma nuvem híbrida para potencializar o alcance do serviço.

O Serpro gastou R$ 9 milhões para implantação da sua nuvem. “Nossa empresa saiu na frente na proposta original de se fazer uma nuvem híbrida pública, agora esse projeto deverá ser retomado”, avaliou Mazoni. Ele admitiu, porém, que a criptografia usada no Expresso tem uma parte fornecida pelos Estados Unidos, embora seja baseada em uma solução alemã. “Ainda há muita dependência da parte de matemática quântica desenvolvida naquele país”, disse.

O custo será arcado pelos diferentes parceiros dentro do governo. Mas não está descartada a parceria de empresas privadas e até do uso de publicidade como forma de arrecadar recursos. “Desde que atenda aos critérios estabelecidos no projeto”, completou.