Hipernovas

ARede nº61, agosto 2010

Mais um espaço público ocupado pela Globo…
Desde 16 de julho, a Rede Globo de Televisão ganhou mais uma audiência cativa no Brasil: os 4 milhões de usuários do metrô paulistano. Como se não bastasse ter 51% da audiência de TV aberta do país e levar 70% da verba publicitária do setor, agora a Globo terá também os olhos dos paulistanos que circulam pelas 52 estações de metrô da cidade. Cada estação terá 40 monitores espalhados por saguões, plataformas e escadas rolantes. A programação? Trechos de novelas e notícias velhas (do dia anterior), exatamente o que já passa em algumas linhas de ônibus urbanos da cidade. A iniciativa é do misterioso Consórcio Busmagia, que calcula em 7 minutos o tempo de exposição dos passageiros aos vídeos globais.

… via intermediário e com dinheiro

também paúblicoDo Consórcio Busmagia, não se encontra referência alguma no Google, exceto na menção em um press-release que foi republicado no início de julho, praticamente sem retoques, por toda a imprensa. A empresa também aparece na versão online da edição de 1º de julho do Diário Oficial (D.O.). Ali, a Companhia do Metropolitano de São Paulo formaliza várias contratações, inclusive a da Busmagia. Pelo contrato, diz o D.O., o consórcio recebe “concessão para exploração de mídia eletrônica” em 15 estações (não 52, como publicou na imprensa), “mediante remuneração e encargos, implantação, operação e manutenção de espaços culturais e equipamentos do Projeto Encontros”. Ora, o Projeto Encontros, lançado a 2 abril de 2009 na estação Santa Cecília, pela Secretaria dos Transportes Metropolitanos, envolveu a instalação de equipamentos, inclusive um telão de cinema, para apoiar uma programação cultural de alto nível nas estações – não para viabilizar a difusão de vídeos requentados da Globo. O valor do contrato com a Busmagia, assinado a 10 de junho de 2010, é de R$ 24 milhões, e o prazo do contrato é de dez anos. O D.O. não explica se serão R$ 24 milhões por ano ou pelo prazo do contrato.

Querem mudar a urna eletrônica no último minuto
O deputado Milton Monti (PR-SP) propôs – e o projeto de lei foi aprovado na Câmara no final de junho – a alteração da ordem de apresentação dos candidatos na urna eletrônica. Em vez de começar pelo menor cargo (deputado distrital) até o maior (presidente da República), a tela da urna deveria inverter os dois primeiros painéis de votação, começando por deputado federal e depois apresentando os candidatos a deputado estadual e distrital. Preocupado com a mudança, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Ricardo Lewandowski, enviou um ofício ao Senado Federal informando que qualquer alteração no sistema de votação implicaria alterar três programas do sistema eletrônico: o software de votação, o de totalização e o de divulgação. “Isso implicaria a renovação de todas as fases de testes e simulados indispensáveis à segurança do Sistema Eletrônico de Votação, o que causaria impacto e atraso significativos no cronograma de programação das 400 mil urnas”, diz uma nota oficial do TSE. Além de tudo, não daria tempo de fazer isso até a eleição. Pior: o TSE já gastou R$ 500 mil para imprimir 54,2 milhões de folhetos e um milhão de cartazes explicativos, com orientação ao eleitor. Tanto os folhetos como os cartazes tratam dos procedimentos e da ordem de votação na urna eletrônica. A reimpressão do material gráfico, afirma o Tribunal, além de causar prejuízo ao erário, poderia inviabilizar a distribuição do material aos 27 Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) do país. O projeto de Monti foi enviado ao Senado Federal no dia 23 de junho, mas naquela Casa não há registro de sua tramitação.

Audiodescrição chega àsTVs brasileiras
As emissoras brasileiras de televisão têm 12 meses, a contar de 1º de julho, para incluir em suas transmissões pelo menos duas horas semanais de programação com audiodescrição. Trata-se de uma modalidade de tradução que consiste na descrição oral de informações como expressões faciais, figurinos ou efeitos visuais, permitindo, assim, que os deficientes visuais usufruam melhor dos programas de televisão. “Nosso objetivo é incentivar a produção audiovisual que favoreça a inclusão social dessas pessoas, fortalecendo o direito universal à comunicação e à informação”, comenta o consultor jurídico do Ministério das Comunicações, Édio Azevedo. O Ministério espera que, dentro de um ano, as principais emissoras já ofereçam até mais horas do que as duas exigidas pela lei. Nas emissoras que já transmitem em formato digital, o recurso estará disponível em um canal de áudio exclusivo, geralmente acionado pela tecla SAP. As informações visuais são inseridas entre os intervalos do áudio, com o cuidado para não sobrepor diálogos ou ruídos importantes para a compreensão da narrativa.

IBM troca de navegador e escolhe Firefox
A IBM definiu o Firefox como seu navegador padrão, como anunciou em seu blog, a 1º de julho, o vice-presidente de Linux e software aberto da empresa, Robert Sutor – sem revelar qual era o padrão anterior. Mas seja qual for o programa utilizado por um dos mais de 400 mil funcionários, ele será encorajado a mudar para o Firefox, afirmou. Entre os motivos enumerados pelo executivo para a adoção do navegador, está o fato de que o Firefox é desenvolvido por uma comunidade desvinculada de grandes corporações, ao contrário de seus concorrentes.


LULA SANCIONA a lei do lixo eletrônico

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou, dia 2 de agosto, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que obriga a logística reversa – o retorno de embalagens e outros materiais à produção industrial após consumo e descarte pela população. A logística reversa começará pelas embalagens de agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas e produtos eletroeletrônicos e seus componentes, como computadores, telefones celulares e cartuchos de impressão. Mas há mais uma batalha a ser travada: agora a lei volta ao Congresso para a regulamentação. Só então serão definidos itens ainda pendentes, como os prazos para as prefeituras erradicarem os lixões e a criação de instrumentos financeiros, previstos pela lei, para incentivar e estruturar o tratamento do lixo e a cadeia da reciclagem. Hoje, por exemplo, as empresas que atuam nessa atividade são prejudicadas pela bitributação, pois o imposto é cobrado tanto no processamento industrial dos materiais do lixo, como no seu uso em produtos reciclados.