Sob a alegação de oferecer material tecnológico para reciclagem, os
Estados Unidos depositam na Nigéria 400 mil máquinas usadas por mês,
sendo que 75% sem condições de reaproveitamento. O índice foi apontado
no relatório The Digital Dump: Exporting Reuse and Abuse to Africa (O Lixão Digital: Exportando Recicláveis and Prejudicando a África), organizado pela OnG Ban (Basel Action Networked), de Seattle.
O estudo da Ban focou o lixo depositado na Nigéria (estado do oeste
africano), mas ressalta que a situação é semelhante a de outros países
pobres. Em visita à capital Lagos, os autores do estudo perceberam que
as máquinas têm como destino, em sua maioria, lixões a céu aberto, o
que põe em risco a saúde da população — as toxinas podem contaminar o
solo e a água.
“Reciclagem é uma boa iniciativa, mas exportar cargas de lixo
tecnológico travestido no discurso de atitude grandiosa e prejudicar
diretamente a saúde das comunidades dos países pobres é criminoso”,
declarou Jim Puckett, coordenador da Ban que liderou o estudo. Ele
também defende um controle legal desse tipo de operação. Além do
relatório, a OnG produziu um documentário — o filme custa US$ 85 (cerca
de R$ 183,60).
