Marina Pita
do Wireless Mundi
18/03/2013 – Após implementar um projeto de apoio a pescadores utilizando redes 3G e aplicativos desenvolvidos especialmente para essa função em sete comunidades do litoral baiano, a Telefônica/Vivo e a Qualcomm inauguraram na sexta-feira (15) em Santa Cruz de Cabrália (BA) um centro de educação e inovação tecnológica (CEIT), realizando assim a terceira etapa do projeto Pescando com Redes 3G.
O objetivo do CEIT é justamente incentivar o desenvolvimento de soluções que utilizem a tecnologia de banda larga móvel, implementada pela Vivo no local para o projeto, para ajudar no desenvolvimento da comunidade e com potencial para serem aplicadas em outros pontos do globo. Assim, enquanto estimula o uso de smartphones e tráfego de dados, promove a inclusão social e digital formando empreendedores.
O primeiro grupo de 50 jovens, das comunidades de Guiau e Santo Antonio, já começou o trabalho de aprendizado e desenvolvimento. O CEIT conta com uma editora comunitária, onde serão desenvolvidos conteúdos digitais, produtos e serviços de valor adicionado (VAS) para uso local e global; uma ilha de edição audiovisual; uma sala de inovação e criatividade, para que os jovens identifiquem e atendam as necessidades locais e globais, além de uma sala para exposições e outra para formação e oficinas.
De acordo com a presidente da Fundação Telefônica Vivo, Françoise Trapenard, 500 jovens passarão pelo centro de educação em sua primeira etapa de funcionamento. A estimativa é de que ao menos 36 jovens passem a desenvolver aplicativos móveis e possam se tornar replicadores da experiência nas comunidades. “Sabemos que o deslocamento dessa população tem um custo às vezes impeditivo. Por isso já pensamos em uma formação itinerante, em uma segunda fase do projeto, para chegar às demais escolas e comunidades”, afirma Françoise.
Durante a inauguração do CEIT, Rafael Stainhauser, presidente da Qualcomm para a América Latina, frisou a importância do amplo acesso da população à tecnologia. “Somente se todos puderem usufruir, a tecnologia cumprirá seu papel integrador. Do contrário, criará maior desigualdade”, disse. A Qualcomm mantém atualmente 85 projetos de inclusão digital – o programa Wireless Reach – em 30 países. Desse total, sete estão em andamento no Brasil.
O presidente da Telefônica/Vivo, Antonio Carlos Valente, destacou a importância de tornar o projeto desenvolvido em conjunto com os pescadores replicável, para que possa ser levado para outras comunidades de pescadores no Brasil e no exterior: “Aí poderemos comprovar o sucesso do projeto”, afirmou, chamando os demais parceiros do projeto, a US AID e o Instituto Ambiental Brasil Sustentável, a começarem a trabalhar para isso.
O prefeito de Cabrália Jorge Pontes (PT), outro apoiador da iniciativa, defendeu o uso da tecnologia no município para superar os desafios sociais. Além desse grande passo no setor educacional [com a inauguração do CEIT] também podemos aproveitar a conexão e os smartphones na área da saúde. Quem sabe também não avançamos nessa área.”
Também presente na inauguração, o senador Walter Pinheiro defendeu a aplicação da tecnologia para benefícios sociais da população brasileira. “A grande virtude das redes de telecomunicações só acontece quando há impacto na vida das pessoas. Estamos falando de soluções para o problema do trânsito nas grandes cidades, para ajudar os pescadores nas comunidades e para a saúde”. Segundo Pinheiro, o governo da Bahia vem buscando formas de implementar modelos tecnológicos na área da saúde.
Pescando com redes 3G
O projeto pescando com redes 3G oferece soluções de navegação, clima, entre outros para 60 pescadores em sete comunidades do litoral baiano, facilitando a rotina de trabalho. O projeto também conta com um sistema de cálculo de despesa que apoia os trabalhadores na definição do preço do peixe. Além disso, os pescadores puderam usufruir de um sistema de venda direto para hotéis e restaurantes, acabando com a figura do atravessador. Na comunidade de Coroa vermelha, onde uma unidade de processamento de pescado foi instalada, a receita aumentou para quase R$ 170 mil no período de 15 meses após o lançamento do projeto.