Inclusão em Paracuru

Projeto Direito de Todos e Todas oferece novas perspectivas a jovens de município do interior cearense       Anamárcia Vainsencher

ARede nº65 dezembro 2010 – Liana Mara Barbosa da Silva, de 17 anos, é voluntária da Associação Beneficente Infantil de Paracuru (Abip), entidade filantrópica cearense responsável pelo projeto Inclusão Digital: Direito de Todos e Todas. Liana orienta pessoas no uso do computador, uma vez que frequentou cursos de informática básica e avançada durante um ano. Mas ela também estuda: faz cursos de empreendedorismo e inglês, pela internet.

Criada pela própria comunidade, em 1988, a Abip atende a famílias em situação economicamente desfavorável. Entre suas múltiplas atividades, além da inclusão digital, estão acompanhamento médico de gestantes e crianças, apoio pedagógico, oficinas sócioeducativas para jovens, desenvolvimento comunitário, além de práticas esportivas e culturais. Com o projeto Direito de Todos, vai além da inclusão digital de munícipes, alunos e professores de escolas públicas. Também qualifica pessoas para o trabalho. 

Marta Damasceno, gestora social do projeto, informa que a Abip tem 395 famílias cadastradas, o que representa um total de 2 mil pessoas. “Aqui temos várias comunidades originárias de assentamentos formados a partir de ocupações de terra”, relata. Apesar de tão pequena, Paracuru já não é mais uma cidade tão pacata, segundo Marta. “O turismo estrangeiro gera a prostituição infantil”, lamenta. Entre as maiores preocupações na cidade, figura o suicídio de adolescentes, fato que a gestora explica como consequência da falta de perspectiva dos jovens. “Eles acabam o ensino médio, e depois?”, indaga. Os cursos universitários estão na capital e são caros. Em uma localidade predominantemente turística como Paracuru, a atividade econômica é limitada, exceção feita à alta temporada de verão, festas de final de ano e carnaval.

Fora a atividade pesqueira, restam as ocupações informais, como a dos vendedores ambulantes. “Por isso, nosso projeto de inclusão se volta para jovens na faixa dos 14 aos 29 anos”, explica Marta. Polo econômico importante, o Porto de Pecém fica a apenas 50 km de Paracuru. Só que os paracuruenses não dispõem de cursos profissionalizantes na cidade. Pelo menos, não por enquanto. É que está em construção na cidade mais uma das 50 escolas de formação profissional do governo estadual.

No laboratório de informática da associação, as aulas práticas acontecem por meio de vídeoaulas, páginas da web e textos informativos. A cada seis meses, 80 alunos entram no curso básico – ao final, 40 são selecionados para a etapa avançada, no semestre seguinte. De acordo com a Abip, todos os alunos participam de oficinas com temáticas de relevância para o exercício da cidadania.

A Abip é parceira do Fundo Cristão para Crianças há duas décadas. Há três anos, tem também apoio da prefeitura. Em 2004, um acordo com a Fundação Banco do Brasil garantiu a implantação de um laboratório com dez computadores. A prefeitura instalou outros dez núcleos de inclusão digital nas escolas municipais, metade das quais em comunidades rurais.

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