22/06/2011
Quando Manal al-Sharif postou um vídeo dela própria dirigindo seu carro em Al Khobar, na Arábia Saudita, e fazendo um apelo por um protesto coletivo para que fosse abolida a lei que proíbe que mulheres dirijam no país, obteve uma dura resposta do governo: nove dias na prisão. No entanto, ao contrário do que ocorreria no passado, a censura não anulou o debate sobre o tema. Pelo contrário, foi criada uma intensa campanha na internet em defesa de Manal e do direito das mulheres dirigirem.
Agora, cada assunto que contraria as políticas sauditas é virtualmente discutido online, incluindo o estado de prisioneiros sem julgamento ou pedidos de boicotes às eleições municipais em setembro. Essam M. al-Zamel, que ajudou a começar a campanha de boicote às eleições presidenciais, ressalta a força das redes: ao mesmo tempo em que não pode reunir 30 pessoas em uma sala, pode estar em contato imediatamente com mais de 22 mil no Twitter.
Todos os lados
Com o crescimento do debate sobre questões sauditas no microblog, ativistas notaram uma onda de novos usuários sem fotos que se descreviam com termos patriotas e atacavam críticos do governo. Muitos ativistas acreditam que tais usuários trabalham para o governo.
Pouco tempo depois, foi divulgado um “vídeo resposta” intitulado “Sauditas estão presentes”, com uma entrevista do pai de uma garota saudita morta em um ataque da al-Qaeda e fotos de famosos dissidentes sauditas, com a frase “mantenha-os presos”. O major-general Mansour al-Turki, porta-voz do Ministério do Interior, nega qualquer envolvimento do governo nos debates na rede. Informações de Neil MacFarquhar [New York Times, 15/6/11].