Jovens, os que mais navegam.

Pesquisa mostra que só 21% dos brasileiros, em 2005, acessaram a internet nos três meses anteriores à entrevista. Entre os jovens de 15 a 17 anos, o percentual subiu para 33,9%.


Pesquisa mostra que só 21% dos
brasileiros, em 2005, acessaram a internet nos três meses anteriores à
entrevista. Entre os jovens de 15 a 17 anos, o percentual subiu para
33,9%.

Lia Ribeiro Dias

Muitos dos resultados do levantamento feito pelo IBGE, em parceria com
o Comitê Gestor da Internet no Brasil -CGI.br, sobre o uso da internet
no país não trazem surpresa. Eles mostram que, quanto maior a faixa de
renda e maior a escolaridade, mais as pessoas acessam a internet a
partir do computador. Também não chega a ser novidade o fato de os
jovens, mesmo nas faixas de renda mais baixa, acessarem muito mais a
rede do que os mais velhos. Entre os jovens de 15 a 17 anos, 33,9%
tinham acessado a web nos três meses anteriores à realização da
pesquisa. No contigente acima de 50 anos, a taxa ficou em 7,3%,
enquanto a média geral foi de 21%. Esse levantamento usou os dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD de 2005.


Fonte: IBGE/PNAD 2005. Nota: as pessoas foram incluídas em todos os locais em que acessaram a internet

A disseminação da internet entre os jovens mostra que a rede mundial é
uma importante ferramenta na educação e no acesso à informação e ao
lazer. Entre os estudantes, o principal uso da internet é para a
educação: 90% dos entrevistados declararam que buscam a rede para fins
de estudo. Os jovens também navegam para se comunicar (69,7%), para se
divertir (65,5%) e para ler jornais e revistas (40,7%), entre outros
usos. E, mesmo entre os adultos, a educação é uma importante motivação
para ir à internet: 71,7% dos entrevistados de todas as faixas etárias
informaram que é esse o uso que fazem da rede.

Peso do acesso público

Outros dados relevantes apontam o papel da escola, dos centros públicos
de acesso gratuito e mesmo dos centros públicos de acesso pago
(telecentros que cobram e locais tipo cyber cafés) no acesso à rede
mundial. De onde os internautas acessam a web? Em todas as
faixas de renda e de idade, o domícilio é o local principal (36,8%),
seguido do trabalho (26,7%). A escola é a única opção para 12,5%; os
centros públicos de acesso pago para 10,9%; e os centros públicos de
acesso gratuito apenas para 2,1%.

Mas, quando o local de acesso é analisado por faixa etária e por
combinação de locais de acesso, fica clara a importância dos
laboratórios de informática das escolas e dos telecentros, e mesmo dos cyber
cafés na disseminação da internet no país. A maioria dos estudantes,
entre 10 e 17 anos, acessa na escola (46,6%), nos centros públicos de
acesso gratuito (35,6%) e de acesso pago (36%). E só 19,8% deles
acessam também a partir de casa. No grupo entre 18 e 24 anos, 30,6%
usam a escola; 31,2%, os centros públicos de acesso gratuito; e 32,1%,
os de acesso pago. E 21,1% usam também o domicílio. Esse comportamento
é mais ou menos similiar em todas as regiões do país.

Analisado o local de acesso a partir da renda do internauta, entre os
que ganham menos é importante o acesso público, seja na escola, ou em
centros comunitários. Infelizmente, os responsáveis pelo levantamento
não fizeram o cruzamento do local de acesso dos jovens por faixa de
renda. Mas a tabela de local de acesso, por faixa de renda, para todas
as faixas etárias, mostra que, para quem ganha menos de um salário
mínimo, os centros de acesso público, gratuitos ou pagos (32,6%), e a
escola (31,1%), são os principais locais de acesso. Só 7,4% se conectam
em casa, e outros 11,6% a partir do trabalho. Entre os jovens de baixa
renda, com renda média mensal de até um salário mínimo, o peso do
acesso público é muito maior do que na população em geral.


Fonte: IBGE/PNAD 2005. (1) Inclusive as pessoas moradoras em unidades domiciliares cujos componentes receberam somente em benefícios

Também na faixa seguinte, entre um e dois salários mínimos, os pontos
de acesso público têm peso relevante. Nesse grupo, 25,9% se ligam à
rede a partir da escola, e 29,5% de centros públicos (gratuitos ou
pagos). Com o aumento da renda, cresce o número, nessa faixa, dos que
acessam a partir de casa (21,8%), e do local de trabalho (24,7%).

Chama a atenção, que quase metade dos entrevistados que usam a rede a
partir de sua residência tem conexão em banda larga, enquanto 52,1% só
dispõem de linha discada. Como o acesso em banda larga ainda é caro e
pouco difundido no Brasil, o resultado da pesquisa surpreendeu. Mas,
óbvio, o acesso em alta velocidade está mais presente nas faixas de
renda mais elevadas. No segmento dos que ganham, em média, até um
salário mínimo por mês, e que navegam a partir de casa, 20% utilizam a
banda larga. Na faixa acima de cinco salários mínimos, o percentual é
de 59,8%. A pesquisa verificou, ainda, que o usuário de banda larga
acessa a internet mais vezes do que o de linha discada.

Na distribuição de banda larga por região, o Centro-Oeste está em primeiro lugar. Lá, 57,1% dos internautas que acessam a web
em casa só usam banda larga, contra 38,7% do que têm só linha discada.
Nas demais regiões, o acesso por linha discada é maior do que em alta
velocidade.

O principal motivo daqueles que não usam a internet é a impossibilidade
de ter acesso a um computador (37,2%). Entre os estudantes, essa é a
razão pela qual metade deles ficou fora da rede. O pouco interesse pela
internet foi citado por 20,9%, e não saber usar a rede foi mencionado
por outros 20,5%. O preço do computador, motivo alegado por 9,1% para
não navegar, foi citado sobretudo pelo grupo de menor renda, de até um
salário mínimo mensal. Na faixa entre um e dois salários mínimos, a
primeira razão foi a dificuldade de acesso a um computador, a segunda,
a falta de interesse.

Se somarmos a dificuldade de acesso ao computador com o seu elevado
preço, verificamos que metade dos que não usam a internet o faria se
pudesse ter o equipamento. Ou seja, 40% do total da amostra, já que só
21% acessam a internet, contra 79% que não o fazem. Se não houvesse a
barreira do preço (e provavelmente da conexão), pode-se deduzir que
perto 60% dos entrevistados estariam acessando a rede.