A Ásia deu a partida, operadoras
européias como Vodafone e Orange dão sinais de simpatia ao sistema
operacional e a Motorola fez do Linux sua plataforma preferencial.
As previsões de empresas de análise e consultoria como Diffusion Group
e TDG Research são de que, até 2010, o Linux vai estar disputando, com
os sistemas operacionais Windows e o Symbian, a liderança na indústria
mundial de comunicações móveis. A aposta é de que, naquele ano, ele já
terá passado à frente do Symbian.
O que fundamenta essas previsões otimistas para a plataforma aberta no
mundo das comunicações móveis é o fato de a NEC e a Panasonic, em
conjunto com a operadora japonesa NTT DoCoMo, já terem lançado
aparelhos celulares com Linux, e de a Mobile Linux Foundation, criada
no ano passado (além das empresas japonesas, participam Samsung,
Vodafone e Motorola), já ter avançado na padronização de uma
plataforma. Seu objetivo é reduzir a fragmentação no Linux utilizado em
aplicações móveis, e tornar mais fácil e eficiente o trabalho dos
desenvolvedores.
Em artigo na publicação oficial do 3GSM World Fórum, que se realizou em
fevereiro, em Barcelona, na Espanha, Greg Besio, vice-presidente de software para dispositivos móveis da Motorola, afirma que trabalhar com plataforma de software
aberto, flexível e de baixo custo é a chave para a disputa na
comunicação móvel, marcada pela velocidade e pela necessidade de
suportar funcionalidades cada vez mais complexas e críticas. E destaca
que, em função do inevitável casamento entre mobilidade e internet, o
futuro da comunicação móvel está nas redes baseadas em protocolo IP. “E
o Linux é a única plataforma de software que é IP nativo. Isso lhe dá um claro diferencial entre as plataformas concorrentes”.
O que atraiu a Motorola em direção ao Linux, segundo assegurou, durante
o evento, Christy Wyatt, vice-presidente de ecossistemas e
desenvolvimento de mercado, não foi o fato de não ter custo de licença
por cópia. “As razões de nossa escolha estão no fato de o Linux
oferecer grandes oportunidades para o desenvolvimento por terceiros e
customização para o usuário. O Linux é a plataforma de nossa escolha”,
disse Christy, que representa a Motorola no conselho da Eclipse
Foundation, entidade criada para o desenvolvimento de plataformas
abertas e que está trabalhando em um conjunto de ferramentas para o
desenvolvimento de aplicações para dispositivos móveis. A representante
da empresa norte-americana informou, ainda, que a meta da Motorola é
ter 60% de seus handsets com sistema operacional Linux.
Apoio fundamental
A adesão da gigante Vodafone ao movimento, e o interesse que vem sendo
demonstrado pela Orange, a segunda maior celular da Europa, dá um novo
gás ao futuro do Linux no mundo móvel. Desde 2006, a Vodafone já
comunicou que, em cinco anos, pretende reduzir de 20 para três as
plataformas de sistema operacional que sua rede vai suportar. Seu
objetivo, com essa decisão, é reduzir custos, melhorar o desempenho dos
softwares nos celulares e levar novos serviços ao mercado mais rapidamente.
Na avaliação de Besio, da Motorola, um dos fatores que pesaram na
decisão da Vodafone foi, justamente, as perspectivas trazidas pelo
Linux. “O Linux para dispositivos móveis, desenhado pela criatividade e
experiência de uma crescente comunidade de dedicados desenvolvedores ao
redor do mundo, está destinado a estimular a inovação nos handsets, com aplicações mais interativas”.