livre saber – A evolução do conhecimento

A evolução do conhecimento

O uso do software livre nas escolas forma pessoas autônomas, adaptáveis e solidárias.
Frederico Gonçalves Guimarães

 

ARede nº 90 – abril de 2013

UMA EDUCAÇÃO voltada para a transformação dos seus atores sociais deveria incluir em sua prática quatro eixos básicos: autonomia, criatividade, solidariedade e compartilhamento do conhecimento. Com isso, formaríamos pessoas capazes de aprender por conta própria, de forma criativa, mas sem deixar de colaborar com os outros, compartilhando aquilo que aprenderam com quem se interessasse. Por conse-

quência, todo o conhecimento produzido estaria sempre em evolução, agregando novos elementos, como resultado das constantes trocas entre as pessoas.

Uma das formas de estimular essas características entre os alunos é a adoção, por parte da escola, de computadores e softwares. Entretanto, é comum que as instituições optem pela adoção de softwares proprietários, pelos mais diversos motivos – entre os quais a própria inércia de sempre se ter trabalhado com esses produtos. O problema dessa escolha é que o software proprietário, em sua essência, tem diversas restrições.

Não se pode alterar o seu funcionamento, uma vez que não se tem acesso à sua programação. Não se pode distribuí-lo livremente, impedindo a disseminação daquilo que é aprendido com determinado software, e forçando a aquisição de licenças para seu uso (alguns softwares sequer podem ser utilizados em determinados países ou pelo governo). Por fim, deve ser usado para aquilo que foi planejado, muitas vezes em um idioma estrangeiro.
No entanto, existem os softwares livres, que para receber essa denominação (segundo a licença GNU/GPL, que também serve de base para várias outras formas de licenciamento) devem atender a quatro liberdades:

Liberdade 0.    executar o software para qualquer propósito;
Liberdade 1.    estudar como o software funciona e adaptá-lo para as suas necessidades;
Liberdade 2.    redistribuir cópias do software;
Liberdade 3.    modificar o software e distribuir essas modificações.

Quando analisamos cada uma dessas liberdades, percebemos que casam perfeitamente com os eixos da educação de qualidade:

executar o software para qualquer propósito leva à autonomia dos seus usuários;
poder estudar e adaptar o software é um estímulo ao desenvolvimento da criatividade;
redistribuir o software reforça a solidariedade;
modificar e distribuir as modificações é uma forma clara de compartilhar conhecimento.

O software livre, em sua essência, tem um caráter profundamente educacional. Por natureza, estimula o que pode haver de melhor na relação que as pessoas estabelecem com o conhecimento e favorece as práticas de compartilhamento desse saber com o mundo. Pense nisso da próxima vez que precisar tomar decisões sobre o uso de tecnologias em ambientes educacionais. 

 

SLEducacional
Esta seção tem a curadoria do grupo Software Livre Educacional, formado por educadores e interessados em organizar e traduzir documentação e softwares livres para educação. 

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