livre saber > TICs para educar
Desafio intelectual não tem idade
Marcelo Gonçalves da Cruz
ARede nº 98 – maio/junho de 2014
O primeiro contato entre educandos e educadores costuma trazer as mais ricas impressões, capazes de conduzir o processo de aprendizagem. Nivelar não mais pela idade, mas buscar de início o olhar pelas diferenças do grupo pode determinar outro ritmo e outra ordem na turma. Talvez seja esse o papel do educador. Ainda assim, como mensurar o ponto de partida e a chegada ao final de um módulo ou das tarefas a serem realizadas naquela sessão?
A suíte de aplicativos GCompris pode servir como exemplo de um conjunto de atividades em que a classificação etária, embora muito importante, não seja a primeira forma de definição dos resultados a serem obtidos. A descoberta do computador deve ocorrer em qualquer idade: uma criança de 8 anos que trava contato com tablets e equipamentos touch screen se familiariza muito mais rapidamente com o mouse do que aquela que ainda não teve sua coordenação motora desafiada por um aparelho altamente tecnológico.
Um senhor idoso, motorista de táxi, equipado com GPS (também touch), deverá ter mais facilidade para usar computadores em relação a um colega que não use esse aparelho. É possível compreender a existência de lógica de programação permeada em todos esses casos. Pode-se aprimorar esses desafios intelectuais orientados a objeto com ajuda de um simpático gatinho, ou na base do terminal, em linguagem Python.
Isso se o educador utilizar esses aplicativos como ferramentas de coleta e análise, como recursos para identificar o número de tentativas que cada indivíduo necessita para realizar a mesma tarefa, para medir o tempo que cada um utilizou na tarefa. São usos possíveis para estipular metas e conferir se os alunos as alcançaram dentro de padrões, metodologias, boas práticas, construindo gráficos de evolução e os passando para a nova fase. O tempo despendido e o desempenho de cada indivíduo consolidam impressões e constroem para aquela turma referenciais.
Trabalhar as potencialidades individuais continua sendo um desafio grande quando a sala tem 30 alunos ou mais. A própria estrutura tradicional das escolas públicas (replicada nas particulares) segrega espaços de informática a salas de multimídia e divide espaço na criação do laboratório. Dessa forma, colocar a tecnologia da informação integrada com os demais espaços e aprenderes da escola é apenas uma opção bastante instigante, quando poderia ser parte da concepção para seu florescimento.
Se, por um lado, essas e outras ferramentas podem propiciar um olhar investigativo, aberto, a natureza inconclusiva do conhecimento pode ser metrificada? Identificar os grupos por faixa etária garante o melhor grau em que o conhecimento técnico deva ser absorvido ao longo de um curso? Os exames devem imprimir um ritmo para o coletivo a partir das conquistas individuais? Esse é o desafio que supera olhares e que pertence a educadores e educandos.
gcompris.net | scratch.mit.edu
SLEducacional
Esta seção tem a curadoria do grupo Software Livre Educacional, formado por educadores e interessados em organizar e traduzir documentação e softwares livres para educação.