Interação e aprendizado em 3D
Jogo livre estimula a investigação científica e a colaboração
Frederico Gonçalves Guimarães
ARede nº 96 – janeiro/fevereiro de 2014
Imagine um mundo 3D que você pode percorrer livremente e que seja todo feito de blocos que podem ser destruídos, rearranjados e recombinados. Em outubro de 2010, “um bando aleatório de lunáticos” (como eles gostam de se definir) começou a desenvolver um jogo similar ao famoso Minecraft. Daí nasceu o Minetest. O game é constituído inteiramente por blocos (a maioria cúbicos, mas é possível ter objetos com qualquer formato), possíveis de serem manipulados nas mais diversas formas.
O mundo 3D é gerado dinamicamente, à medida que o jogador vai andando. Cada mundo novo criado tem uma aparência diferente dos anteriores. E cada um decide o que vai fazer nesse mundo: construir estruturas, alterar o ambiente ou simplesmente dar um passeio.
O Minetest permite ainda modificações (mods), que podem introduzir pequenas alterações no funcionamento do jogo ou transformá-lo completamente. Existem mods, por exemplo, que acrescentam opções de engenharia, para gerar energia que alimente máquinas ou para fazer ligações hidráulicas. Tudo isso pode ser desfrutado coletivamente, pois o Minetest permite criar servidores que abrigam vários jogadores no mesmo ambiente.
Apesar de essas características também se aplicarem ao Minecraft, o Minetest tem diferenciais importantes: é distribuído sob licença livre, pode ser compartilhado e modificado sem restrição; roda em máquinas menos robustas que o Minecraft, ou equipamentos mais antigos; os mods são simples de instalar, até por usuários com pouca experiência. A documentação é clara, facilitando o aprendizado para a construção.
Essas características, associadas à liberdade de criação e interação, tornam o Minetest um software muito interessante para salas de aula. Do ponto de vista técnico, é simples de ser instalado e configurado em qualquer laboratório escolar. E como é de livre distribuição, estudantes e professores podem tê-lo em casa. O professor pode, por exemplo, criar um mundo (ou vários) com atividades pré-definidas e colocar no servidor da escola para ser acessado.
Sob o viés pedagógico, trabalhar em um ambiente onde os estudantes interagem construindo e estudando seus elementos, estimula não só a criatividade como fundamentos de investigação científica e trabalho colaborativo. O cenário do jogo tridimensional confere maior imersão. E como a interação se dá por meio de avatares virtuais, favorece a participação daqueles que normalmente não se manifestam em público.
Outra pegada interessante do Minetest é que é fácil aprender a criar os primeiros mods, o que torna esse jogo uma ferramenta perfeita para trabalhar lógica de programação e estimular o interesse dos estudantes por linguagens de computador. Inclusive porque é possível evoluir na criação dos mods, com os mais diversos graus de funcionalidade (e dificuldade).
Se interessou? Veja mais informações na página brasileira do projeto (minetest.net.br) ou no grupo de trabalho do Software Livre Educacional (sleducacional.org/blog/groups/minetest).