Mãos à obra

Presidente Lula chama movimentos sociais para discutir bases de uma política pública de inclusão digital 

Presidente Lula chama movimentos sociais para discutir bases de uma política pública de inclusão digital 
Áurea Lopes


O presidente Lula ouve sugestões de ativistas sociais na área de tecnologia da informação

Considerada um “momento histórico”, a reunião convocada pela presidência da República, dia 26 de setembro, animou representantes da sociedade civil que atuam com inclusão digital. Pela primeira vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu os movimentos sociais da área para ouvir sugestões e discutir propostas. “As coisas que estamos fazendo podem ser uma política de inclusão digital? É isso que quero ouvir, não quero mais perder tempo!”, disse Lula, referindo-se às diversas inciativas de ministérios e outros órgãos públicos. Queremos incrementar e qualificar a oferta de telecentros no país”, complementou César Alvarez, coordenador de Inclusão Digital do governo federal.

Apesar de reconhecer os avanços obtidos nos últimos anos, os ativistas avaliaram que é preciso ter mais escala, permanência, amplitude e qualidade nas ações. Os telecentros, esclareceram, devem ser reforçados como espaços de articulação comunitária e apoio ao desenvolvimento local. “Também colocamos a necessidade de que os programas não percam de vista as peculiaridades regionais”, relatou Beatriz Tibiriçá, integrante do Coletivo Digital.

“A reunião possibilitou à sociedade civil expor ao presidente — a seu pedido, o que é muito relevante — o diferencial dos telecentros em relação a outros espaços de inclusão digital”, contou Maurício Serrano Falavigna, do Sampaorg. O telecentro é um espaço coletivo, público, que abraça, apóia e se mescla a projetos sociais locais, um centro de comunicação para grupos excluídos da posse desses meios”, acrescentou Falavigna.

Outros temas abordados foram a ampliação do acesso à infra-estrutura de conexão em banda larga; a inclusão de digitalização e fibra ótica nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); a necessidade de uma política de inclusão digital vir acompanhada de uma política de inovação tecnológica e desenvolvimento industrial que acelere a transição para a sociedade em rede; a disseminação do software livre como instrumento de inclusão digital; a inclusão do tema reciclagem e recondicionamento no âmbito da política de inclusão digital; os aspectos negativos do projeto de lei que cria impeditivos à inclusão digital, quando criminaliza condutas na rede de internet.

O coordenador Alvarez informou que o presidente recebeu um relatório com sugestões para serem implementadas em 2009. Entre as propostas, que deverão ser analisadas por três ministérios — Comunicações, Ciência e Tecnologia e Planejamento —, constam a requalificação dos cerca de 5 mil telecentros identificados pelo Observatório Nacional de Inclusão Digital (Onid), a reposição e a atualização de equipamentos de 20% desse parque, a oferta de um monitor bolsista em todos os telecentros.

Paulo Henrique Lima, coordenador de Inclusão Digital do Projeto Saúde e Alegria, acredita que a reunião vai subsidiar o planejamento dos investimentos de 2009: “Agora, é monitorar a forma de se implementar uma política pública, includente, com atenção ao mundo rural em situação de maior isolamento e, principalmente, com gestão transparente”.