20/10/2010
Do Tele.Síntese
O projeto Territórios Digitais, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, deve chegar ao final do ano com 400 unidades do Casa Digital instaladas em todo o país. A informação foi divulgada por Rossana Moura, consultora do MDA e coordenadora do projeto, que tem o propósito de instalar telecentros em áreas rurais do país. Rossana participou nesta manhã do 24o. Encontro Tele.Síntese, realizado pela Momento Editorial para debater o desafio da telefonia rural no Brasil.
A consultora defendeu a instalação de telefones públicos nas áreas rurais do Brasil e relatou a experiência, e as dificuldades, da implantação das Casas Digitais (hoje existem 109 em funcionamento). “O objetivo do projeto é levar o acesso a informação para as populações rurais, buscando o aprimoramento de processos de produção, o controle social de políticas públicas e a formação de uma rede de troca de experiências”, explicou. Segundo ela, muitas vezes não há um telefone público nas proximidades do local onde o telecentro será instalado e as equipes precisam se deslocar para dar um telefonema. “Não se faz inclusão sem comunicação e muitas vezes o próprio governo exclui o meio rural com editais eletrônicos, que não podem ser conhecidos por aqueles que não têm acesso aos meios eletrônicos”, afirmou.
Perfil da zona rural
O painel traçou um perfil da zona rural brasileira e apontou os desafios a serem enfrentados pelo governo e pelas operadoras para disseminar o serviço de voz e levar o acesso a banda larga para os 31,8 milhões de brasileiros que vivem na zona rural. O gerente do IBGE, Cimar Azevedo Pereira, apresentou alguns dados da Pnad 2009, destacando o acesso a telefonia: enquanto na área urbana 89,4% da população tem um telefone, na área rural apenas 54,8% da população têm acesso a um telefone.
Pereira também chamou a atenção para as mudanças que vem ocorrendo nessa população, como a queda do analfabetismo, que em dez anos, reduziu de 13,3% para 9,7% dessa população, e para a população ocupada, que é de 16 milhões na zona rural, contra 76 milhões de pessoas na zona urbana. “Tivemos, nos últimos cinco anos, queda da atividade agrícola no país”, comentou. Em relação aos rendimentos, ele informou que a média na zona rural é de R$ 380,00, enquanto na zona urbana sobe para R$ 813,00, para uma média nacional de R$ 813,00.
O pesquisador do Ipea, Gesmar Rosa dos Santos, mostrou que também na zona rural há concentração do valor da produção em poucas commodites como soja, cana de açúcar e milho, entre outras. Segundo ele, dados de 2008, mostram que 4,6 milhões de estabelecimentos produziram mais de 80% dos R$ 148 milhões gerados na zona rural naquele ano.
“Como a terra no Brasil é concentrada, o valor dos bens também se concentra”, observou, dando como exemplo o volume de gente com pouca terra, que soma um percentual de 30% dos estabelecimentos do país e responde por R$ 12 bilhões do valor total da produção. Apenas no Sul e no Nordeste os brasileiros conseguem produzir com pouca terra, nas demais regiões há concentração, enfatizou. “Os dados mostram que no Brasil rural a concentração de renda é maior ainda que no urbano”, afirmou Santos.
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