Miguel Brechner conversa com educadores sobre o PlanCeibal

1/11 - Encontro realizado ontem pelo EducaDigital e CGI.br teve participação, entre outros, das professoras Léa Fagundes e Maria Elizabeth de Almeida.

Da redação

1/11/2013 – O Instituto Educa Digital e o CGI.br realizaram na noite de ontem um encontro entre educadores que pesquisam o uso de tecnologia em sala de aula e Miguel Brechner, o responsável pela implantação do Plan Ceibal, projeto de inclusão digital do Uruguai que entrega um computador a cada estudante do país. Além de educadores como Léa Fagundes (UFRGS) e Maria Elizabeth Almeida (PUC-SP), participaram Alexandre Barbosa e Camila Garroux (NIC.br), Priscila Gonsales e Débora Sebriam, do Educa Digital, Renata Altman, da Fundação Telefônica, Luis Garibaldi, do Ministério de Educação e Cultura do Uruguai, além de representantes das secretarias de educação da cidade e do estado de São Paulo.

Durante o econtro, Alexandre Barbosa e Camila Garroux apresentaram os índices de penetração das TICs entre estudantes e professores brasileiros. Os dados são da pesquisa TIC Edu 2012. Mostraram que, em média, o professor é mais conectado que o restantes dos brasileiros. Mostraram ainda que 50% dos professores levam os equipamentos pessoas para escola, onde usam com os alunos. Chamaram a atenção para o dado de que, entre docentes, 95% têm acesso à internet em casa.

Miguel Brechner explicou como o Plan Ceibal foi iniciado. Contou que foco sempre foi, desde o princípio, promover a inclusão digital no Uruguai. Antes do projeto, apenas 5% da classe mais baixa do país tinha computador ou acesso a internet. Com o Ceibal, o índice subiu para mais de 80%, quase se igualando às taxas encontrada entre os mais ricos.

Ele explicou o funcionamento do Ceibal, que prevê distribuição de notebooks educacionais a crianças das escolas públicas até o equivalente ao ensino médio. A cada quatro anos, os computadores são renovados. Ele explicou que costuma ser cobrado quanto aos resultados acerca do aprendizado das crianças. Dados recentes apontam que a nota média em matemática não aumentou, apesar de 98% dos alunos uruguais serem beneficiados pelo Ceibal. “Nunca pensamos que a tecnologia resultaria em melhores notas. É algo que o mundo ainda está estudando. Pensamos em criar infraestrutura. O que fizemos. Agora, estamos desenvolvendo a plataforma educacional”, disse.

Segundo ele, o objeto era desenvolver a cultura de que o acesso à internet não é privilégio, mas um direito de todos os cidadãos. Os resultados educacionais seriam consequência. “Quando perguntam como o Ceibal impactou no aprendizado de matemática, respondo que impactou da mesma forma que a luz elétrica impactou”, disse. No entenato, o Ceibal trabalha com conteúdos que os índices oficiais ainda não medem, como programação. As turmas trabalham com o Scratch, recebem kits de robótica, e são estimuladas se tornar produtores no mundo digital.

Este ano o Ceibal iniciou um projeto-piloto de distribuição de tablets entre alunos do ensino básico e professores. Segundo ele, o potencial educacional do tablet é diferente. “Encaramos como um produto para consumo”, diz. Com o dispositivo, acredita, é mais difícil criar recursos voltados à produção. “Não dá pra colocar o aluno para fazer programação com um tablet”, opinou.

Segundo Brechner, tudo isso sai mais barato do que se imagina para o governo. Sem abrir o valor global do projeto, ele disse que, em média, o aluno uruguaio custa 2 mil dólares ao Estado. Desse valor, apenas 5% são destinados ao Ceibal, que além dos equipamentos, levou conexão de internet banda larga às escolas, criou centros de inclusão digital onde a rede pode ser acessada, e capacitou 40 mil professores a trabalhar com tecnologia em classe.