Áurea Lopes
27/11/2012 – Um dos mais significativos avanços dentro da política de inclusão digital do governo federal perde fôlego e preocupa ativistas da inclusão digital. A Rede Nacional de Formação do Telecentros.BR – composta desde o início do programa, em 2010, por quatro universidades e quatro organizações sociais – foi reduzida a um único núcleo de formação. A Universidade Estadual da Bahia (Uneb), que integra a Rede desde o começo, será a instituição responsável pela formação dos novos monitores e gestores, a partir de 2013. Os monitores que recebem bolsa até julho de 2013 receberão formação da Universidade Federal do Pará, que com isso encerra sua participação na Rede. A partir de 31 de dezembro, terminam os convênios com as universidades Federal de Minas Gerais, e as organizações Coletivo Digital, Programando o Futuro, Maristas e Instituto Idear. A Escola do Futuro, da Universidade de São paulo, já havia se desligado do programa.
Silvana Lemos, da Programando o Futuro, estranha que essa transição não tenha sido debatida com a rede: “Essa forma de encaminhar o processo reforça a falta de interlocução entre governo e sociedade”. O Ministério das Comunicações (Minicom) atribui a mudança no conceito da Rede a um redimensionamento do programa. A primeira estimativa, que previa a formação de cerca de 19 mil agentes de incusão digital, foi revista para 2 mil monitores e 1.400 gestores. “Com essa demanda, não há necessidade de ter uma estrutura maior, a Uneb pode dar conta”, informa Denis Rodrigues, responsável pela Rede, no Minicom. Rodrigues diz ainda que o curso está sendo reestruturado: “Por uma questão de contenção de despesas, não haverá mais a etapa presencial, todas as atividades serão à distância. Mas estamos pensando em estratégias de visitas amostrais ou participação em eventos”.
Rodrigues estima que a revisão do curso esteja concluída até o final do ano e no início de 2013 sejam abertas as inscrições para indicações de bolsistas ao CNPq.
Silvana explica que a Rede de Formação foi construída com a preocupação de atender a diversidade de realidades do território brasileiro. “Minha pergunta é se um único núcleo vai conseguir contemplar essa diversidade”. Além disso, questiona: “Que tipo de reformulação está sendo feita no curso, pois nós deixamos o curso de gestores pronto”.
