Movimentos sociais 2.0, pontos de cultura e feminismo

24/05 - O segundo diálogo do dia trouxe representantes da Wikimedia Foundation e do Teatro do Oprimido.

Leonardo Foletto, do Conexões Globais

24/05/2013 – O segundo diálogo global da tarde de sexta teve como tema os movimentos sociais de cultura, mas tratou de muito mais que isso. A fala começou com a mediadora Oona Castro, consultora da Wikimedia Foundation no Brasil, que logo passou para a fala de Geo Britto, coordenador do Ponto de Cultura Teatro do Oprimido.

Geo fez uma breve apresentação falando do histórico do programa Cultura Viva, que criou os pontos de cultura, umas das mais inovadoras iniciativas na área cultural no país. “A lógica da rede do Cultura Viva é ser uma rede horizontal que reúne uma grande diversidade cultural”, disse ele, ressaltando a necessidade de se continuar preservando o debate com autonomia sobre a manutenção e a continuidade dos pontos.

O escritor e secretário de Cultura do Rio Grande do Sul, Luis Antônio de Assis Brasil, pegou a deixa dos pontos de cultura para falar da nova iniciativa do governo do estado em fortalecer a Rede RS de Pontos de Cultura com 160 novos pontos –  100 deles em cidade com menos de 10 mil habitantes – que serão divulgados até 31 de maio ”Teremos até o dia 31 de maio o resultado dos selecionados.  receptividade está sendo bem grande” , disse o secretário.

Bruna Provazi, militante feminista da Marcha Mundial das Mulheres e organizadora do festival Mulheres no Volante, tratou da posição do movimento feminista na internet. “Geralmente eu estou do outro lado, na plateia, criticando a pouca presença das mulheres nos debates da cultura digital. Hoje tou aqui”, disse ela na abertura de sua fala. Burna seguiu criticando a pouca presença das mulheres no show da Virada Cultura, recém realizada em São Paulo, e trouxe uma questão fundamental pro debate: “Como a internet pode mudar a vida das mulheres que ainda não tem acesso a ela?”. Bruna finalizou a questão da mulher no mundo de trabalho e fez uma provocação: “A maioria das mulheres ainda estão concentradas nas profissões consideradas ‘femininas’. Como mudar isso”?.

O debate voltou para a questão dos pontos de cultura com Leandro Anton, representante do Rio Grande do Sul na Comissão Nacional de Pontos de Cultura. Ele ressaltou a importância que os kits multimídias, entregues no início dos trabalhos dos pontos de cultura, teve na formação da ideia de conhecimento livre consolidada nos pontos. E, nesse aspecto, fez um alerta para que o apoio a esta cultura livre continue sendo feito, para que os pontos não caiam no controle absoluto do mercado ou do estado.

Leandro também falou sobre a importância que a internet teve em comunidades do interior do Brasil, mas fez uma ressalva a não ficarmos “presos” na tecnologia e impor ela como uma realidade para todos. Fechou sua fala tratando também da questão da integração latino-americana, dando o exemplo do sucesso da música do grupo Calle 13 “LatinoAmérica” para citar que “o grande desafio é a integração para além das territorialidades”.

O desfecho das falas da mesa ficou a cargo de Fernando Rosa, editor do Senhor F e organizador do Festival El Mapa de Todos. Fernando trabalha com música em seu site faz 12 anos, caso raro de permanência na internet brasileira. “Descobri que tinha bastante conteúdo para compartilhar, e que assim eu poderia publicar, sem intermediário”, disse, para seguir com a ideia da rede que se criou em torno do site – focado em música brasileira e latino-americana. “Se eu for em qualquer lugar do Brasil vão conhecer o trabalho do Senhor F, e isso é uma rede que se constituiu”.

Fernando também endossou a fala de Anton sobre o foco no conteúdo na rede. “O debate sobre a internet pode ser também sobre conteúdo”, afirmou, citando o caso de Mallu Magalhães – que, segundo ele, foi sucesso mais pelo fato de ser novidade na internet do que propriamente pelo seu conteúdo”.