Escolas da capital mineira recebem 2 mil computadores para uso pedagógico. Heitor Augusto
A conexão é em banda larga, por wireless (internet sem fio). A rede é interligada por boot
remoto (PCs com poucos aplicativos instalados e servidor que concentra
as funcionalidades mais robustas). E, para cada escola, estão previstas
16 máquinas, disponíveis principalmente para uso pedagógico — mas que
também podem ser usadas pela comunidade. A meta, segundo José Ricardo,
coordenador da gerência de informações educacionais, da Secretaria
Municipal de Educação, “é beneficiar os 180 mil alunos e 11 mil
professores das 181 escolas da rede”. Cada um com seu login de
acesso à área de trabalho. Nem todos foram atendidos ainda porque, em
algumas escolas, o programa não foi implantado por falta de espaço
físico.
A capacitação dos professores para utilizar esses computadores prevê
tanto a formação básica quanto as oficinas específicas. Os educadores
que não têm muito contato com computadores fazem um curso de uso
instrumental, com duração de 16 horas (quatro encontros presenciais).
Nas oficinas mais avançadas, são trabalhados alguns aplicativos — entre
os quais o Gimp, ferramenta em código aberto para tratamento de imagens.
Não existe uma metodologia definida sobre como cada escola pode usar o
laboratório para auxiliar o aprendizado. “As escolas têm certa
autonomia. Há professores que usam os computadores em classe, outros
dão aula no laboratório, navegando pela internet”, conta Ricardo.
O maior desafio, diz o o coordenador, é mostrar aos professores o valor
da informática no processo educacional. “A utilização ainda é
incipiente. Há professores interessados, que cobram, sugerem montar uma
oficina de edição de textos, por exemplo. Outros não se interessam
tanto”. Ricardo relata que alguns professores publicaram seus blogs educacionais e participaram de um concurso, obtendo boa colocação (sobre edublogs).
Software à mineira
Um dos objetivos da Secretaria é transformar os laboratórios em espaços
de acesso livre a todos os professores e alunos, sem restrições ou
centralização. “Nossa intenção é que todos entrem nos laboratórios,
assim como acontece nas bibliotecas”, explica Ricardo. A idéia é que a
comunidade também se aproprie dos laboratórios. Porém, a participação
externa na escola depende de cada diretor.
As máquinas que as escolas estão recebendo rodam o Libertas, distribuição em código aberto baseada no Red Hat. E made in
Minas Gerais: foi desenvolvida pela Companhia de Processamento de Dados
da Prefeitura de Belo Horizonte (Prodabel). Há pouco tempo, o Libertas
recebeu atualização justamente para atender as demandas das escolas.
A informatização do ensino na capital mineira tem origem em 2002,
quando as escolas receberam cerca de mil computadores, pelo Proinfo
(programa federal que instala micros nas escolas) — com o sistema
operacional Windows. Em maio deste ano, a Secretaria de Educação
adquiriu esse novo lote de 2 mil máquinas, com o propósito de estimular
a utilização entre professores e estudantes. A instalação da rede nas
escolas tem sido intensificada para que, até dezembro, todas as
unidades estejam com os laboratórios equipados e conectados à internet.