N@escola – Programas pedagógicos em código aberto

Projeto Classe, da UFSC, cria um repositório de programas para uso pedagógico em sala de aula.


Projeto Classe, da UFSC, cria um repositório de programas para uso pedagógico em sala de aula.  Verônica Couto


Pesquisar e catalogar programas de computador em código aberto que
apóiem o projeto de ensino e aprendizado nas escolas é o que vem
fazendo a equipe do Classe-Classificação de Software Livre Educativo,
na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Segundo o professor
José Eduardo de Lucca, coordenador do projeto, já foram identificados
mais de 200 programas e, destes, 50 foram pré-selecionados, por estarem
de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, definidos pelo
Ministério da Educação (MEC).

Desse universo de 50, a equipe do projeto Classe se debruça sobre 23
para traduzí-los (14 já estão em português), para produzir manuais e
cadernos com atividades para apoio ao professor. Atendem, segundo de
Lucca, a diversas áreas de conhecimento – matemática, química,
geografia, línguas, até para a alfabetização básica. O trabalho da
equipe da UFSC também envolve a identificação de para quais séries
seriam mais adequados. “Muitos dos programas não têm nem manual e, para
todos, estamos criando atividades didáticas recomendadas”, diz De
Lucca.

Além disso, o coordenador do projeto explica que experiências piloto
estão sendo desenvolvidas em escolas, para verificar se os benefícios e
impactos obtidos na avaliação teórica dos programas se confirmam 
na prática. O primeiro teste começou em março deste ano, no Colégio
Estadual Simão José Hess, em Florianópolis, com 420 crianças, do pré à
4ª série. Para implantar a proposta pedagógica com os programas, foi
preciso, primeiro, revitalizar o laboratório de informática, que
contava com computadores com problemas operacionais e baixíssima
freqüência de alunos.

“Substituímos o sistema operacional proprietário por Linux e as
máquinas antigas por dez terminais, conseguimos um servidor da
Secretaria de Educação, e instalamos esses 23 sofwares
educacionais, além de OpenOffice, FireFox e outros aplicativos livres”,
conta De Lucca. Desde junho, outra escola, o Colégio Estadual Getúlio
Vargas, também faz parte da avaliação de campo do Classe.

O trabalho do Classe teve início em 2004 (ainda com o nome de Projeto
Escola Livre), com o propósito de levar inclusão digital com software
livre para escolas públicas. Foi financiado, com US$ 12 mil, durante os
últimos 12 meses, pelo Frida-Fundo Regional para a Inovação Digital nas
Américas e Caribe. Agora, a equipe está em busca de novos apoiadores
para dar continuidade ao trabalho. “Outras escolas da região estão
interessadas. E o governo do Estado nos procurou com a intenção de
integrar e criar um portal para todas as escolas”, diz De Lucca.

Nas duas escolas em que os programas foram adotados, também foi preciso
oferecer aos professores atividades prévias, para que conhecessem e
entendessem as ferramentas. Com o futuro portal, De Lucca espera que os
educadores possam, eles mesmos, publicar sugestões de atividades,
relatos de experiências, críticas ou dúvidas no uso dos programas. O
coordenador do Classe informa que o governo de Santa Catarina pretende
instalar 4,5 mil computadores, impressoras e modems para equipar a base das 1.324 escolas da rede pública estadual. Todos os equipamentos deverão ser fornecidos com software livre, envolvendo desde o sistema operacional, aplicativos básicos como navegação, e-mail, multimídia, edição de textos e planilhas até os softwares educacionais avaliados pelo Classe.

“O software educativo é um recurso didático tal qual
livros, revistas, imagens, música e filmes, com a vantagem de possuir
muito mais recursos visuais e auditivos, além de permitir a
interatividade. Também tem o importante papel de promover a inclusão
digital já que coloca os alunos em contato com o computador. Eles
aprendem a usá-lo para executar os programas, completa a pedagoga Júlia
Koefender, uma das pesquisadoras do Classe.

Os programas selecionados estão no site do projeto, e em um CD de
demonstração. De Lucca também coordena o centro GeNESS, uma incubadora
de empresas de software
criada no âmbito do Departamento de Informática e Estatística da UFSC.
O próximo passo, diz, é integrar o Classe com outra iniciativa do
GenESS, o Via Digital, que reúne programas em software livre para informatização de prefeituras.

Tabela de programas educativos

http://classe.geness.ufsc.br – Projeto Classe, da Universidade Federal de Santa Catarina. O portal está construído sobre uma ferramenta Wiki.