Programa do MEC cria 150 pólos para cursos de graduação e pós-graduação
a distância, fortemente concentrados em licenciatura. Verônica Couto
Começam a funcionar, em fevereiro de 2007, 150 pólos de apoio
presencial para os cursos a distância do Sistema Universidade Aberta do
Brasil (UAB), projeto criado pelo Ministério da Educação (MEC), para
formação inicial e continuada de professores. O programa articula
municípios, governo federal e universidades públicas. E, nos primeiros
150 pólos, vai oferecer 30 mil vagas fortemente concentradas em áreas
de licenciatura, mas também em outros segmentos de graduação e
pós-graduação.
O Sistema Universidade Aberta pretende levar ensino superior público e
de qualidade às cidades brasileiras onde ele não está disponível, ou
onde a demanda supera a oferta. Universidades públicas vão oferecer
cursos superiores na modalidade a distância, via internet, para
atendimento dos estudantes (principalmente professores da rede de
ensino) nos pólos municipais de apoio presencial. O pólo é o espaço
físico que deverá ter laboratórios de ensino e pesquisa, de
informática, biblioteca e outros recursos. Para criá-lo, o município
pode usar os espaços educacionais de que já dispõe (as escolas),
investindo na sua infra-estrutura e utilizando-os em horários fora da
grade convencional. Outra alternativa é fazer parcerias, por exemplo,
com secretarias estaduais de educação (os Núcleos de Tecnologia
Educacional), unidades do Cefet-Centro Federal de Educação Tencológica,
empresas estatais, etc.
“Num período não superior a seis anos, todos os professores terão
passado por um capacitação”, afirmou o ministro da Educação, Fernando
Haddad, durante o Fórum de Educação Intel, promovido, em setembro, pela
fabricante norte-americana de chips.
No evento, a Intel assinou convênio com o MEC, para doação de 7,5 mil
computadores ao Sistema Universidade Aberta do Brasil. E outros 1,5 mil
para ações de inclusão digital, como o Programa Nacional de Informática
na Educação (ProInfo). Segundo Haddad, a segunda etapa da doação
poderá, por exemplo, ajudar a equipar os laboratórios do ensino
fundamental.
“Até o fim deste ano, todas as escolas de ensino médio do país terão
seu laboratório de informática; a partir de 2007, serão usados recursos
do Fust para conectá-los e também para os laboratórios de ensino
fundamental”, disse o ministro. Ele acredita que, nos próximos quatro
anos (caso Lula se reeleja), todos os municípios deverão ter, pelo
menos, um laboratório conectado à internet. E a intenção da
Universidade Aberta é que, em seis anos, todos os professores tenham
passado por uma capacitação.
A meta prevista é que cada pólo municipal ofereça, em média, 50 vagas,
em quatro cursos diferentes, somando 200 estudantes por unidade. Ainda
no ano que vem, além dos primeiros 30 mil alunos, o MEC planeja fazer
novo processo seletivo, em agosto, incluindo as mesmas unidades e 150
novos pólos, para atender mais 60 mil alunos, ou seja, um total de 90
mil no ano. Para os cursos, o ministério investiu, em 2006, R$ 20
milhões em material didático, pagamento de bolsas e capacitação de
professores e tutores a distância. Para 2007, está previsto repasse às
universidades federais de R$ 175 milhões.
Segundo a coordenadora de comunicação da Secretaria de Educação a
Distância do MEC, Silvana Barletta, desde agosto, um curso piloto do
Universidade Aberta do Brasil — graduação de Administração — está sendo
desenvolvido, com 10 mil vagas, em 18 pólos. Dos 190 cursos previstos
para o decorrer do ano que vem, ela avalia que 90 sejam de licenciatura
(para professores). A escolha da grade vai depender, explica, da
demanda local. Os cursos serão dados pelas instituições de ensino
superior, que farão uma chamada para vestibulares nos pólos, de modo a
selecionar os alunos. Participam do programa, até o momento, dez
unidades de Cefet, a FioCruz e 39 universidades federais. No conjunto,
contemplam todos os estados da federação.
A doação da Intel, destacou Haddad, não envolve contrapartida do
governo. “Apenas revela o reconhecimento da empresa ao projeto inovador
de acesso à educação superior que é o UAB”, diz ele. O ministro
informou, ainda, que triplicaram os recursos programados para compra de
computadores na Educação, no orçamento da União de 2007 — R$ 150
milhões. Ele explica que o governo concluiu um estudo sobre tecnologia
da informação, em que se destaca a importância da pressão da demanda
para gerar inovações. “E há um consenso de que faremos da educação a
demanda prioritária para desenvolver inovação”, afirmou, acrescentando
que a área deve receber, com isso, o máximo de recursos de fundos
setoriais. Do Fust, inclusive. Proposta nesse sentido seria levada ao
presidente Lula, em conjunto com outros ministros, como Dilma Roussef,
da Casa Civil, e Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior.
O chairman (ou presidente) da Intel, Craig Barrett,
anunciou, durante o Fórum Intel pela Educação, realizado em
setembro, em São Paulo, que o Classmate PC — computador de baixo custo
que a empresa está desenvolvendo para uso educacional – vai estar
disponível comercialmente no primeiro trimestre de 2007, por US$ 250, e
não mais a US$ 400, como previsto inicialmente.
Segundo Barrett, houve uma queda vertiginosa de custos de hardware no mercado. “E eles vão cair mais”, afirmou. O valor estimado inclui, disse, hardware, software e aplicativos educacionais. E o equipamento poderá funcionar com Windows ou Linux, a critério do freguês.
O ministro Fernando Haddad, presente ao evento, afirmou que já há uma
intenção manifesta do governo brasileiro de participar de projetos que
permitam acesso de professores e alunos aos computadores de baixo
custo, “se possível com uma solução de conectividade aderente”. E
destacou, nesse sentido, a visita do pesquisador Nicholas Negroponte ao
presidente da República para apresentar o projeto do computador
educacional desenvolvido inicialmente pelo Massachusetts Institute of
Technology (MIT) e, depois, incorporado pela ONG One LapTop per Child
(veja a ARede nº 18). Testes com o produto de Negroponte já estão sendo
feitos em escolas de Santa Catarina, em parceria com o MEC.