na escola escola inovadora01 440

na escola – Escola Inovadora

na escola escola inovadora01 440

Escola Inovadora

Colégio estadual carioca prepara jovens para a sociedade do conhecimento e é destaque em programa mundial de inovação.
Lia Ribeiro Dias

 

ARede nº 90 – abril de 2013

UMA ESCOLA modelo na rede estadual do Estado do Rio de Janeiro, com padrão de ensino de primeiro mundo, em horário integral, atende jovens prioritariamente de famílias de baixa renda – 90% das vagas são reservadas para alunos de escolas públicas, 5% para estudantes com deficiências e 5% para alunos de escolas privadas. O processo seletivo é tão concorrido que existem cursinhos preparatórios. Este ano, na seleção para o 1º ano 17 mil candidatos disputaram 160 vagas. Um dos selecionados foi Gabriel Nogueira, 14 anos, morador de Vila da Penha, que enfrenta uma hora de ônibus para estudar na escola pública mais cobiçada não só da cidade do Rio de Janeiro, mas do estado. Há estudantes de cidades como Niterói e Maricá. E mesmo de outros estados, como o distante Rio Grande do Sul.

O Colégio Estadual de 2º Grau José Leite Lopes – Núcleo Avançado em Educação (Nave), uma parceria público-privada entre o Oi Futuro, braço de sustentabilidade social da operadora Oi, e a Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro, foi incluído entre as 33 escolas mais inovadoras do mundo por um programa voltado à educação da Microsoft. Inscrita no programa em 2010, a escola foi aprovada para o último estágio, o Innovative Schools World Tour.

Criada em 2008, a escola, instalada no prédio de uma central telefônica da Oi, na Tijuca, recebe apoio da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e tem, entre os objetivos, preparar os jovens para as profissões relacionadas com a comunicação em rede e a Sociedade do Conhecimento. A partir do segundo ano do Médio, é preciso escolher uma especialização: Narrativas para Mídias Digitais, Multimídia e Programação de Jogos. Os estudantes saem com diploma de curso técnico – a Leite Lopes já colocou no mercado 300 profissionais. Mas nem todos vão seguir as profissões para as quais se prepararam. Segundo Ana Paula Bessa, diretora da escola, 55% dos formandos em 2012 foram aprovados em vestibulares de universidades públicas e privadas. Alguns pretendem seguir carreira na área de comunicação, mas há também quem procure outros rumos. “Temos ex-alunos em cursos como Veterinária, Química e Gastronomia, por exemplo”, conta a diretora.

As aulas vão das 7h às 17h, refeição e lanches são gratuitos. A escola dispõe de espaços confortáveis de convivência, equipamentos modernos e laboratórios bem equipados, como o estúdio de áudio e vídeo. A proposta pedagógica estimula o interesse pelo estudo, o compartilhamento de informação e o protagonismo. As instalações e os equipamentos são mantidos pela Oi Futuro; cabe à Secretaria da Educação o pagamento dos professores e do pessoal de apoio.

A parceria, a primeira PPP firmada pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro, se revelou tão bem-sucedida que outras estão em andamento. O subsecretário estadual de Educação, Antonio Neto, anunciou que, até 2023, outras 75 escolas de ensino Médio em tempo integral serão implantadas no estado por meio de uma parceria recém-firmada com o Instituto Ayrton Senna. Outros dois projetos já estão em implantação: um em parceria com a Embratel, como foco na formação técnica em telecomunicações, e outro com o Consulado da França, voltado para o ensino de gastronomia e francês.

Para o presidente da Oi Futuro, José Augusto da Gama Figueira, o Nave se destacar entre as 33 escolas mais inovadoras do programa da Microsoft é o reconhecimento de uma parceria bem-sucedida, criada para preparar os jovens para as profissões do futuro, quando a escola foi idealizada, e que hoje já são profissões do presente. Mais importante que o uso da tecnologia como apoio à educação, Figueira diz que o ensino do Nave foi pensado para formar cidadãos.

A qualidade do ensino, das instalações e dos equipamentos foi o que atraiu Mariana Gomes, de 15 anos, moradora do bairro da Penha, hoje cursando o 2º ano de Multimídia. “Desde que vi a propaganda da escola, decidi que queria estudar aqui. Fiz cursinho preparatório e passei”, conta ela. Com Mateus Francisco, 16 anos, morador de Bonsucesso, estudante do 2º ano em Mídias Digitais, não foi diferente. Conseguiu passar sem curso preparatório. O que o atraiu foi a possibilidade de se formar em um excelente curso técnico. Brendo Fernandes, de 16 anos, morador de Piedade, enfrenta 45 minutos de transporte coletivo para se especializar em comunicações, e o que mais gosta na escola são as aulas de teatro, inglês, informática, sociologia e filosofia. “Aqui a gente rala, mas é muito bom. Tem uma atenção especial dos professores e todos se ajudam”, afirma.



Além do Nave-RJ, a Oi Futuro mantém o Nave-Recife, a Escola Técnica Estadual Cícero Dias, em parceria com a Secretaria Estadual de Educação de Pernambuco e com o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar). Criada em 2006, a Cícero Dias, em 2009, adotou o modelo de ensino Médio integrado, oferecendo curso de programação de Jogos e Arte para Jogos. Hoje, tem 430 alunos e, como a Lopes Leite, é um espaço gratuito para sistematização e avaliação de processos, tendo por objetivo seu compartilhamento gratuito com as demais escolas da rede pública.