O Conexão Educação vai monitorar estudantes, com o objetivo de reduzir a evasão e melhorar a gestão escolar
Lia Ribeiro
A partir deste mês, a Secretaria da Educação do Estado do Rio de Janeiro inicia o cadastramento de 1,5 milhão de alunos da rede estadual, distribuídos em 1,6 mil escolas de 92 municípios. Além de dados pessoais e escolares, um cartão de identificação vai registrar também o telefone celular do estudante e de seus pais. O trabalho de coleta de dados, que deve durar dois meses e envolver mil pesquisadores, é parte do projeto Conexão Educação, previsto para ser efetivamente implantado no segundo semestre.
Com essa estratégia tecnológica, a Secretaria da Educação quer melhorar a gestão escolar, reduzir o índice de evasão (atualmente em torno de 10%) e dispor de dados atualizados para a tomada de decisões tanto em nível central como em cada unidade escolar. “Com as escolas e professores conectados, ganha-se agilidade para desenvolver projetos importantes para a área pedagógica, como a capacitação de professores”, observa Sergio Mendes, responsável técnico pelo projeto.
Depois do cadastramento, cada aluno da rede estadual receberá um cartão de identificação RFID (Identificação por Radiofrequência, em inglês), que deverá passar no leitor do computador na sala de aula, no leitor instalado no refeitório e até nos ônibus da Transurb. Se faltar à aula, imediatamente receberá um torpedo (mensagem de texto) no seu celular, enviado pela direção da escola. Se a falta se estender por três dias, os pais serão acionados também via torpedo. A presença no restaurante é importante para a gestão da escola. Hoje, as escolas recebem o dinheiro relativo à merenda por número de alunos matriculados. A partir da implantação do projeto, vão receber por refeição servida — o que significa que a escola não vai deixar de receber se um aluno ficar até mais tarde e tomar, além da merenda do seu período, a refeição do turno seguinte.
Controle de créditos
O controle do acesso aos ônibus vai permitir a gestão dos créditos carregados no cartão do aluno, que já viaja gratuitamente. Hoje, são 60 créditos para viagens intermunicipais e 156 créditos para o município do Rio de Janeiro. “Com os dados a serem coletados relativos às viagens realizadas, será possível definir se esse é mesmo o número necessário de créditos”, explica Mendes. E, para ter direito aos créditos, o aluno precisa cumprir uma frequência mínima em sala de aula, controle que hoje não existe. As informações dos alunos faltosos, assim como de cartões perdidos ou roubados, serão enviadas pelo sistema à Fetranspor, administradora da rede de ônibus, que automaticamente cancelará os créditos relativos àqueles cartões RDIF.
Com escolas e professores conectados, ganha-se agilidade para desenvolver projetos importantes para a área pedagógica
O sistema
O cartão é um dos cinco módulos do projeto, que conta ainda com a pauta eletrônica, onde serão registradas as informações escolares de cada aluno (matérias que cursa, notas, comportamento em sala de aula). Outros módulos são o sistema de gestão escolar; o da infraestrutura física da escola (computadores e demais equipamentos, características da rede etc.) e o de ponto de acesso, para gerenciamento de todo o conjunto de informações registradas nos leitores ópticos. Para implantar o Conexão Educação, que vai consumir R$ 93 milhões, a Secretaria da Educação realizou uma licitação, vencida pela Oi. A empresa será responsável pela implementação da rede e pela prestação do serviço. Já estão sendo instalados leitores ópticos nos refeitórios e cada sala de aula receberá um computador com leitor RFID — 20 mil máquinas foram alugadas. As informações captadas pelos leitores ópticos são transmitidas vai GPRS (tecnologia celular) para o servidor da secretaria da escola e de lá, via rede de banda larga, para o servidor central da Secretaria da Educação.
As informações captadas pelo computador da sala de aula, equipado com software de controle de presença, seguem via Wi-Fi até o servidor da escola, e de lá trilham o caminho já descrito. Toda a comunicação feita no interior da escola será por rede sem-fio e cada unidade vai dispor do apoio de um técnico em informática.
Para testar a metodologia da coleta de dados, Mendes conta que foi realizado um piloto em duas escolas — Instituto de Educação Carmela Dutra e Escola Estadual Norma ToopUruguai, a primeira com 3 mil estudantes e a segunda com 760. O cartão RDFI deverá substituir o RioCardEscolar, que permite aos alunos ter passe livre nos meios de transporte.
Melhor comunicação
O Conexão Educação vai facilitar e tornar mais ágil a comunicação entre as escolas da rede estadual e a Secretaria de Educação — em fevereiro, 85% das unidades já estavam equipadas com banda larga e a previsão era de que até o final de março todas estivessem atendidas por conexão rápida, implantada pela Oi dentro do compromisso de universalização estabelecido no contrato de concessão.
Mais importante que isso são os dados captados pelo projeto. Será possível consolidar indicadores por unidade, para melhorar a gestão escolar e traçar políticas pedagógicas. “O sistema tem um módulo de Business Inteligence, que gera informações para a tomada de decisão dos professores e diretores, o que lhes dará mais autonomia”, avalia Mendes.