Neutralidade da rede: ministro espanhol se alinha a operadoras.

Ministro da Indústria diz que é razoável pensar em um pagamento às operadoras pelo tráfego que empresas como Google geram. Foi a primeira vez que uma autoridade de governo assumiu esta posição.

08/03/2010 – Causou surpresa o fato de o ministro espanhol da Indústria, Miguel Sebastián, ter admitido em Bruxelas, em plena presidência espanhola da União Européia, que as operadoras de telecom cobrem um “pedágio” dos buscadores de internet, pelo uso intensivo da rede que gera demanda por novos investimentos. Segundo o jornal El País, Sebastián disse que “essa é uma opção a estudar” e sugeriu que as receitas adicionais decorrentes de um eventual pagamento dos buscadores deveriam ser revertidos em benefício dos usuários, possivelmente na forma de menores tarifas de conexão.

A supresa se deu, segundo artigo do El País, pelo fato de ser a primeira manifestação de autoridade governamental simpática ao pleito das operadoras e de o PSOE sempre ter defendido, em seu programa, a defesa a neutralidade da rede. Representantes de operadoras de telecom, como Cesar Alierta, da Telefônica, que defendeu recentemente a cobrança dos buscadores pelo uso da rede, dizem que não querem romper o princípio da neutralidade mas que cada elo da cadeia de valor precisa colaborar para a manutenção da infraestrutura cujas necessidades não páram de crescer. A Cisco estima que, entre 2007 e 2012, o tráfego na internet crescerá seis vezes e não será suportado pelas redes atuais. Estudos da empresa indicam que 10% dos usuários geram mais de 60% do tráfego; só o Google responde por 6%.

Mas o embate está longe de um desfecho. Nenhum país, por meio de seus reguladores, oficialmente se manifestou a favor do pleito das operadoras. Ao contrário, a norte-americana FCC manifestou-se recentemente sobre o tema a favor da neutralidade. Do seu lado, os buscadores rechaçam a tese de que não investem. Representantes do Google, diz a matéria, dizem que esta questão tem que ser tratada globalmente, e não em um país, e que a empresa investe muito em infraestrutura, que como resultado traz economia de custos para as operadoras e melhor serviço para o usuário. (Do El País)