À procura de novos modelos de negócios, MinC cria programa de fomento a pesquisa em novas mídias
Carlos Minuano
Com o hermético nome XPTA.Labs, acaba de ser criado programa de fomento a laboratórios de pesquisa em tecnologias audiovisuais e novas mídias, iniciativa das secretarias do Audiovisual e de Políticas Culturais do Ministério da Cultura (MinC). Serão selecionados para receber apoio projetos voltados a desenvolvimento de modelos de negócios nos segmentos de telefonia móvel, internet, mídias móveis e novas mídias.
Os laboratórios serão financiados por até um ano. Depois, devem apoiar outros projetos. “O programa pretende dar às instituições condições de dinamizar e multiplicar experiências”, explica Marcelo Hirata, coordenador geral de Televisão e Novas Mídias da Secretaria do Audiovisual. O edital de seleção, segundo o coordenador, sairá este semestre.
Em gestação há oito meses, o XPTA.Labs nasceu de um questionamento cada vez mais comum, sobretudo no setor cultural: como se relacionar com as novas mídias? “O que pareceu óbvio desde o inicio foi a necessidade de interagir com esse campo”, avalia Hirata. O mais urgente era incentivar projetos. Mas, que projetos?
“É tudo muito recente, não se sabe ao certo quais serão os produtos e conteúdos distribuídos na telefonia móvel, como se vende na internet, quais os formatos de interação das experiências”, observa Hirata. A conclusão foi de que não faria sentido fomentar os produtos, mas os processos de inovação, a partir da criação de espaços de desenvolvimento.
Fundo setorial
Ainda não se sabe qual o volume de recursos do programa XPTA.Labs ou quanto cada projeto receberá. A verba deve sair da Secretaria de Audiovisual, da Secretaria de Políticas Culturais do MinC e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Outra parte deve vir do Fundo Setorial do Audiovisual, aprovado em lei em 2006 e implementado em agosto deste ano.
Esse fundo foi uma importante mudança nas políticas públicas para o cinema, na opinião do secretário do audiovisual, Silvio Da-Rin: “Até então, pelo único modelo existente, os executivos de marketing e gerentes das grandes distribuidoras americanas é que decidiam quais filmes brasileiros recebiam o dinheiro”.
Pela Lei do Audiovisual, assim como pela Lei Rouanet, o governo oferece renúncia fiscal a empresas, em troca de investimento em cultura. No caso da Lei do Audiovisual, para produção cinematográfica e, mais recentemente, também para produção em televisão. O Fundo Setorial trabalhará com linhas de financiamento e recursos reembolsáveis. “De início, permitirá uma recuperação do poder de decisão das aplicações de recursos públicos por parte do governo”, diz Da-Rin.
Serão criadas comissões técnicas para acompanhar o processo, com base em orientações do Comitê Gestor do fundo, que se reuniu pela primeira vez em agosto, na sede da Agência Nacional de Cinema (Ancine), no Rio de Janeiro. A proposta é ter inicialmente cerca de R$ 94 milhões para linhas de desenvolvimento do cinema e do audiovisual, um programa de infra-estrutura e recursos para licenciamento de filmes e para distribuição. Uma dessas linhas pode ir para novas mídias. Da-Rin conta que está sendo solicitada a antecipação dos recursos para que já neste semestre possam investir na área, preferencialmente, no projeto XPTA.Labs.