O maior desafio é de gestão dos espaços e do conhecimento

08/02/2010 — Luzineide Miranda Borges é consultora pedagógica do programa de inclusão digital do governo do Estado da Bahia, o Cidadania Digital, que inaugurou seu Centro Digital de Cidadania (CDC) número mil em dezembro. As perguntas da revista foram respondidas por e-mail também em dezembro de 2009. Esta entrevista fez parte do trabalho de apuração da matéria “Monitor, Agente da Cidadania“, sobre capacitação e formação em inclusão digital, publicada na edição número 54 da revista ARede.

ARede — Qual será o maior desafio dos programas de capacitação na área de inclusão digital, daqui para frente? E qual o maior desafio da Rede Nacional de Formação?

Luzineide — O maior desafio dos programas não diferencia do da Rede Nacional de Formação. O problema agora é a gestão dos espaços (link, equipamentos atualizados, pessoas capacitadas, proposta de utilização desse espaço). Esses espaços estão localizados num país como nosso tão diverso. Então, pensar em formação é pensar em gestão de conhecimento, é pensar na diversidade cultural, geográfica e econômica. O grande desafio posto é da sustentabilidade na gestão do conhecimento, garantindo a formação de homens e mulheres mais atuante na sua comunidade e no ciberespaço.

ARede — A noção de inclusão tem mudado, junto com a evolução da tecnologia e sua popularização. As pessoas sabem mais sobre internet do que há alguns anos, sabem mais sobre computadores. Nos próximos anos, o movimento da indústria de tecnologia será o de incluir um número cada vez maior de pessoas na rede. Os novos modelos de negócio (como o Google) dependem disso: ter o maior número possível de gente na rede, gerando informações que, por sua vez, eles vão transformar em receita. Qual será, então, a “nossa” inclusão digital?

Luzineide — A nossa inclusão digital não será mais a quantitativa, pois essa será “garantida” pela possibilidades de acesso as ferramentas que cada vez mais são barateadas. A nossa inclusão será a qualitativa, que alguns teóricos vem chamando de gestão do conhecimento. O objetivo do governo não será mais o de implantar centro público de acesso a internet, e sim, a formação de pessoas participativas, interativas, que sabiam utilizar a internet para resolver as problemáticas locais, pessoas que tenham o que dizer e que compreendam que a internet não é somente um espaço de busca de informação em tempo real, mas um espaço de construção e reelaboração do real e do virtual e vice versa.