ARede nº55,marçode 2010 – Quando se fala em um serviço de comunicação, o fato de uma rede estar disponível em determinada região (o que se chama de cobertura) não garante que a penetração (número de pessoas que usam o serviço) vai aumentar. Há outros fatores que pesam nessa conta, como o preço ou tarifa do serviço e a capacidade de compra dos potenciais usuários.
A cobertura da rede de banda larga fixa deixará de ser uma limitação, no Brasil, em dezembro deste ano. Até lá, todas as sedes dos 5.661 municípios brasileiros terão o backhaul instalado. Além disso, as operadoras vão oferecer seus serviços de banda larga a todos os municípios onde o backhaul chegar. A Telefônica vai oferecer o Speedy em todo o estado de São Paulo no final do mês e a Oi vai oferecer o Velox aos demais municípíos do país até o final do ano.
Assim, o problema, a partir do final deste ano, deixará de ser de cobertura das cidades – localidades e zona rural continuarão desassistidas – e passará a ser de penetração. E de preço. O governo quer que as operadoras ofertem o serviço pelo máximo de R$ 35,00, ou seja, 1/3 do que cobra a Oi por 1 Mbps na maioria das cidades onde atua e 63,7% do que cobra a Telefônica. Só que a velocidade exigida pelo PNBL para o atendimento doméstico (ponto importante e ainda não definido) provavelmente será menor que 1 Mbps.
Com a desoneração do ICMS, dá para as concessionárias (Oi e Telefônica) oferecerem o serviço até por menos de R$ 30,00 (em velocidades mais baixas), mas só para quem já tem linha fixa e paga assinatura mensal de cerca de R$ 40,00. Para quem não tem telefone fixo, a Telefônica desenvolveu uma solução de acesso sem-fio na tecnologia WiMesh, em frequência não licenciada, que vai testar em São Paulo. Se a solução for bem-sucedida, Falco diz que a Oi também vai adotá-la para oferecer o produto no Pará e no Distrito Federal, que já tiraram o ICMS da banda larga popular.
O objetivo do governo, com a infraestrutura estatal, é abrir a possibilidade de pequenos provedores disputarem o mercado nessas cidades, fazendo baixar o preço. Isso, lembrou Santanna, só se consegue com competição. Citando dados da Net Serviços, o secretário lembra que só existe competição, de fato, entre duas redes fixas em 134 cidades do país.
Paulo Mattos, diretor de regulamentação da Oi, afirma que “não faz sentido criar um segundo agente econômico onde o poder de compra do mercado não paga os custos nem de um”. Para Mattos, o foco do governo deveria ser definir o preço máximo da banda larga popular, assim como sua capacidade, e calcular os recursos necessários para atender os brasileiros de baixa renda. Ao comparar isso com o modelo de custo, se saberia o tamanho dos recursos necessários para popularizar a banda larga.
Para os distritos, localidades e zona rural, a solução de acesso passa longe da engenharia de rede que está sendo montada para levar competição às pequenas cidades. A solução, de acordo com o secretário de Telecomunicações, Roberto Pinto Martins, está no uso da faixa de frequência de 450 MHz, destinada às comunicações móveis para atender áreas rurais (a Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel tem que lançar o leilão), e na ampliação dos pontos de comunicação via satélite.
Fonte: Telefônica