A prática de personalizar e estilizar gabinetes de computador deu origem à comunidade que já tem 21,8 mil cadastrados.
Sérgio Amadeu da Silveira
Quem foi ao Campus Party, que ocorreu em fevereiro, na cidade de São Paulo, certamente ficou impressionado com a comunidade Casemodding. Sem dúvida, era a área que mais chamava atenção. Lá, algumas dezenas de computadores podiam ser vistos com seus gabinetes pintados, recortados, modificados. Algumas máquinas possuíam componentes extremamente inovadores e outras eram até refrigeradas à água. O coordenador da área de modding no evento, Alexandre Nuccini, entrou para o mundo modding em 2003, quando nasceu sua segunda filha, chamada Raquel. Para evitar que sua filha mais velha, Sabrina, ficasse com ciúmes da irmã, ele construiu um computador para a menina com a sucata existente na garagem da casa dos seus pais. Esta matéria é baseada na entrevista que fiz com Nuccini.
Casemodding é uma palavra inglesa que significa, respectivamente, “caixa e modificar”. Em português, a tradução mais adequada para Case é gabinete. Modding pode ser traduzido por “modificar”, “mudar, “adaptar, “transformar” a aparência e a funcionalidade de alguma coisa. Nuccini afirma que case modding “é a arte de modificar a aparência e a funcionalidade de um gabinete de computador, a fim de atender a necessidades de ordem prática, funcional e estética.” Mas por que as pessoas mudam suas máquinas? Não existe uma resposta única. Inventar e criar é inerente ao ser humano. Nuccini afirma, por exemplo, que foi a comunidade modding que inseriu a porta USB no painel frontal dos computadores. Antes disso, inserir um pendrive era difícil e complicado. Tínhamos que colocá-lo na parte de trás dos gabinetes.
Os adeptos do modding passam a observar e a conhecer as necessidades das pessoas que usam aparelhos de processamento de informações. Assim, a comunidade modding cria soluções e melhorias estéticas, ergométricas e funcionais que possam ser aplicadas aos computadores. Para Nuccini, além disso, o modding incentiva o jovem a conhecer melhor sua máquina, suas ferramentas e a eletrônica. Através do modding, também é possível transformar sucata em arte, reunir peças de diversos computadores e construir um computador melhor, ou simplesmente melhorar a aparência de um computador, de modo a tornar mais atrativa a sua utilização. Tais possibilidades aproximam um pouco o modding da idéia de metarreciclagem. Também incentivam a reutilização de materiais e equipamentos, diminuindo o impacto ambiental do lixo eletrônico.
Overclock
O maior desafio da comunidade modding, segundo Nuccini, é continuar mantendo os computadores cada vez mais refrigerados e criar novos sistemas de monitoramento e controle do hardware. No Campus Party, os modders realizaram um torneio de quebra de recordes, chamado overclocking, que consiste em mudar as configurações do hardware, para que ele funcione em uma velocidade superior àquela para qual foi projetado. Podemos fazer um overclock desde um processador 486 até placas de vídeo. Esses equipamentos foram projetados para poderem ser usados em uma faixa de velocidade acima do especificado, sem que seu funcionamento seja comprometido. Na verdade, dizem que não existe uma linha de produção separada para cada tipo de processador; todos são fabricados iguais e recebem a faixa de freqüência de operação quando são testados. Assim, o fabricante pode ter certeza de que o seu produto irá funcionar dentro dos limites que ele estabeleceu (geralmente inferiores aos que foram testados).
A grande vantagem de fazer um overclock é aumentar o desempenho da máquina sem gastar nenhum tostão. A desvantagem é que esse procedimento diminui a vida útil do processador e pode até queimá-lo, sendo uma técnica que não é oficialmente aconselhada pelos fabricantes de hardware. No Campus Party do Brasil, a equipe de Over da área Modding conquistou o topo no ranking do Nuclearus v.1, superando o recorde anterior (de cerca de 22 mil pontos), e estabelecendo a marca de 26.114 pontos (www.forumpcs.com.br/galeria/albums/userpics/10056/nuclearus_26k.gif)
Antigamente, haviam diversas comunidades modding, mas, a partir de outubro de 2002, os modders decidiram se juntar em uma única comunidade, onde pudessem encontrar artigos, notícias, tutoriais, além de um fórum dedicado ao assunto. Desse modo, surgiu a CasemodBR, o maior portal de Casemod em língua portuguesa e também da América Latina, com mais de 21,8 mil praticantes cadastrados. Nele, os iniciados e os iniciantes podem conhecer as novidades, saber dos próximos encontros, cursos e competições da área. Os telecentros e projetos sociais têm muito a ganhar com a comunidade modding. A intensa atividade criativa que a comunidade de software livre faz com os programas de computador, a comunidade modding executa no mundo do hardware.
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