Parceria entre dois ministérios e a Rede Povos da Floresta leva antenas para interligar comunidades ribeirinhas
Área destinada à Escola Aiyoreka
Ãtame, Marechal Thaumaturgo
Antenas de satélite e computadores vão entrar na vida de quem mora no
entorno de Unidades de Conservação (UCs) e regiões remotas de 13
estados (AC, AP, AM, MT, MA, MG, PA, PB, RJ, SC, BA, RO, SE). Essa é a
meta de acordo assinado em 29 de março entre a Rede Povos da Floresta
(ONG vinculada ao CDI), o Ministério das Comunicações (Minicom) e do
Meio Ambiente (MMA) para conectar à internet todas as comunidades
ribeirinhas, quilombolas e indígenas que moram nos arredores daquelas
UCs. O projeto começará pelo Acre, na região do Alto Juruá, no Parque
Nacional da Serra do Divisor; e pelo Baixo Rio Negro, no Amazonas. A
cada etapa, serão implantados 20 pontos.
Na cerimônia do acordo, a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente,
afirmou que a iniciativa é uma forma de dar maior trânsito à cultura, à
ética, às informações e às reivindicações dos povos da floresta. “Na
região amazônica, temos 180 povos, falando 180 línguas diferentes, que
podem enriquecer a cultura do Brasil”, acrescentou. A conexão será via
Gesac, que instalará um ponto de internet via satélite em cada uma das
150 populações indígenas.
Segundo Virgínia Gandres, da ONG, a Rede Povos faz a secretaria
executiva do acordo e seu papel é garantir a infra-estrutura física dos
telecentros — equipamentos e suprimentos, coordenação e formação. O
projeto inclui formação sobre produtos e serviços sustentáveis,
educação e gestão ambiental, reciclagem e metarreciclagem e
conteúdos do MMA — sala verde e rádio-escola.
Embora as iniciativas do MMA sejam pouco divulgadas, Francisco Costa,
assessor da diretoria do Programa Nacional de Educação Ambiental
(Pronea), informa que, na última seleção dos Pontos de Cultura do MinC,
dos 300 Pontos escolhidos, 154 eram em instituições ambientalistas. Ele
aponta algumas fontes de recursos garantidas em programas do MMA para
atingir parte das metas: R$ 650 mil do “Áreas Protegidas da Amazônia” e
“Corredores Ecológicos” para implantação de dez a 15 pontos nos parques
nacionais da Serra do Divisor (AC) e Jaú (Bacia do Rio Negro, AM).
Espera-se, ainda, apoio do projeto conjunto do Serviço Florestal
Brasileiro, Grupo de Trabalho Amazônico (que articula mais de 500
instituições comunitárias de pescadores, cooperativas, rádios) e União
Européia. É o Projeto Condessa, ao longo da BR-163 (Cuiabá-Santarém),
área de conflitos de terras, onde foi assassinada a irmã Dorothy
(2005), que engloba dez UCs, para as quais estão previstos dez
telecentros.
Preocupa ao MMA a exigência do Minicom para instalação de telecentros
de existência inicial de cinco micros, e dez ao fim do primeiro ano. A
contraproposta do MMA: três computadores no ato de instalação, cinco ao
fim do primeiro ano. Já está à espera do Gesac, com tudo pronto, o
telecentro do Povo Kuikuro, em Gaúcha do Norte (MT), Parque Nacional do
Xingu, que tem apoio do Museu Nacional da UFRJ.