24/06/2010
Áurea Lopes, direto da 9ª Oficina para Inclusão Digital
Garantir, independente de qual seja o governo, a universalização da inclusão digital para o povo brasileiro. Essa foi principal preocupação expressa na carta elaborada pelas entidades integrantes da 9ª Oficina para Inclusão Digital, que terminou hoje, em Brasília (DF).
Realizada de 22 a 25, a Oficina reuniu cerca de 1.200 participantes vindos de todos os estados. Várias reivindicações e proposições foram listadas pelos ativistas (ver texto abaixo) no documento “Tópicos de Brasília”. Eles defenderam o resgate do protagonismo da sociedade civil na elaboração de políticas públicas e na condução das estratégias de inclusão digital.
“Despeleguem-se. Peçam o impossível”, provocou, durante a abertura da 9ª Oficina, dia 22, o coordenador dos programas de inclusão digital da Presidência da República, Cezar Alvarez, considerando que a última Oficina, realizada em Belo Horizonte, no ano passado, teve um caráter fortemente governista. Veteranos da luta pela inclusão digital concordam com ele. Com o aumento dos programas de inclusão digital de governo, nos últimos anos, grande parte da programação da oficina vem sendo dedicada a discutir e articular essas ações.
Mais voz
“Temos de dar mais voz aos monitores, abrir mais espaço para a troca de experiências locais”, alertou Beatriz Tibiriçá, do Coletivo Digital. Rodrigo Assumpção, presidente da DataPrev e coordenador do Comitê Técnico para Inclusão Digital, recebeu com entusiasmo as reivindicações: “É ótimo que as questões tenham sido colocadas para discussão. Havia um certo esgotamento e agora esse documento recoloca a pauta da sociedade civil”.
Participando pela primeira vez da Oficina, Francisco Moisés da Silva Rodrigues sentiu exatamente essa necessidade. Coordenador do projeto São Gonçalo Digital, cidade de 40 mil habitantes no Ceará, ele se prepara para receber dez unidades do Telecentros.BR. “Estou gostando das palestras, mas esperava conhecer mais projetos, ter mais espaço para compartilhar os meus desafios com pessoas que estejam enfrentando as mesmas dificuldades que eu, assim como conhecer iniciativas de sucesso”, afirmou.
Luana Maria Zanaia, multiplicadora de um telecentro de Dois Vizinhos, no Paraná, também participou da Oficina pela primeira vez. E conta que aprendeu muito, pois desde que começou a atuar, não teve nenhuma formação: “Além de agregar conhecimento, as oficinas são uma ótima oportunidade para interação com colegas que fazem o mesmo trabalho que eu”.
Telecentros.BR
Um dos pontos altos da 9ª Oficina foi o programa Telecentros.BR, que começa chegar às primeiras comunidades. Dez mil telecentros devem ser reformados ou implantados. Suportado por uma Rede Nacional de Formação, o programa prevê a contratação de 18 mil monitores, que vão ganhar bolsas de R$ 483,01 e de R$ 241,50, para 30 horas de trabalho semanais, sendo duas horas dedicadas à formação de doze meses. “O bacana é que, mesmo a gente estando em final de governo, o que se percebe, nesta Oficina, é que todo mundo está em clima de alguma coisa que está começando, com energia para o que vem aí, animado a continuar o projeto”, disse Cristina Mori, coordenadora executiva do programa no Ministério do Planejamento.
Tópicos de Brasília
O novo patamar da inclusão digital para os próximos dez anos, descrito no documento tirado pelas entidades participantes da 9ª Oficina de Inclusão Digital
. Relações com o governo – “Rever a forma como estão se estabelecendo as relações entre o governo e sociedade civil, complementando os grandes convênios com prêmios menores, que não comprometam a continuidade das entidades, e criando uma lei específica para tratar convênios com a sociedade civil”.
. Autonomia – “O nosso movimento mantem-se autônomo e independente, mas deve continuar a atuar dentro de outros movimentos e outras conferências para conquistar capilaridade suficiente para construirmos uma conferência nacional de Inclusão Digital (ID)”.
. Cultura Digital – “Apropriação, por parte das iniciativas de ID, do Fórum da Cultura Digital Brasileira como um ambiente de construção de políticas públicas para a Cultura e a ID”
. Articulação – “Construir encontros regionais ou estaduais, para preparar a Oficina nacional, elegendo os delegados que serão financiados pela Oficina nacional para participar do encontro nacional.”
. “Buscar financiamento para a participação dos conselhos gestores e entidades locais na Oficina nacional”.
. Oficina – “Rever o formato da oficina, para que as atividades formativas não conflitem com as atividades de discussão política da inclusão digital. Além de ampliar os espaços onde as entidades locais possam expressar suas dificuldades e propor soluções”.
. Telecentros.BR – Dentro do Telecentros.BR, propor a descentralização das atividades formativas e a criação de redes temáticas como uma rede de manutenção e suporte, que será necessária nos próximos meses.”
. Comitês – “Eleição de representantes da sociedade civil para o comitê técnico de inclusão digital e para o comitê gestor do programa de inclusão digital, nos moldes do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.BR). Os representantes da sociedade civil devem ter direito a voz e voto dentro dos comitês.”
. Fórum Brasil Conectado – “Transmissão em tempo real das reuniões e criação de estratégias incorporação das propostas advindas da sociedade civil.”
. Onid – “Publicação do código-fonte do ONID e permissão de acesso ao seu banco, para garantir a governança dos dados em períodos de alternância política”.
Sampa.or
Cidadania Digital
Coletivo Digital
Fórum Nacional dos Pontos de Cultura
Comitê de Educação para a Democratização da Informática (Cedisp) – São Paulo
Programando o Futuro
Pontão de Cultura Minuano
Rede Marista de Solidariedade
Ipso
Veja, na próxima edição da revista ARede, a cobertura completa da 9ª Oficina para Inclusão Digital.