Áurea Lopes
ARede nº51,setembro 2009 – Aumenta, no Brasil, a abertura dos conteúdos literários técnico e científicas para uso livre e gratuito, na internet. Três editoras universitárias – da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Federal da Bahia (UFBA) – toparam participar do projeto-piloto SciElo Livros. A Scientific Electronic Library Online (SciElo) já publica, na web, revistas científicas de todo o mundo. Só do Brasil, mais de 200 títulos das melhores revistas científicas estão integralmente disponíveis online. A ideia é repetir a receita com livros. O projeto prevê uma parte de títulos para
download gratuito, em especial obras que estão esgotadas e ainda têm demanda, mas não comportam os investimentos para reimpressão. Também haverá uma a opção de comercialização. Uma loja virtual vai fazer vendas em formato e-book ou vendas do livro convencional, em papel, que será enviado pelo correio.
Os termos de cooperação e financiamento estão sendo finalizados. A iniciativa é estimada em R$ 1.326.000,00. As editoras universitárias entram com 75% do investimento; os 25% restantes virão da Organização Mundial de Saúde (OMS), por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (Bireme), ligada à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Até o final deste ano, as obras deverão estar na web.
João Carlos Canossa, editora executivo da Editora Fiocruz, afirma que, na área de saúde pública, é fundamental criar alternativas para que as pessoas tenham mais acesso à literatura especializada. “Vamos colocar o máximo possível dos nossos títulos no projeto e, nos pedidos de envio pelo correio, não vamos cobrar o frete”, adianta Canossa. A Editora Fiocruz, que tem uma carteira de mais de 270 títulos, atualmente oferece quatro livros para download gratuito.
“Entendemos que o livro digital deve ter o mesmo padrão de qualidade do que o livro convencional. Precisa ser produzido com rigor e aprovado dentro dos critérios de qualidade de conteúdo e forma. Não é porque é eletrônico, que tem menor valor. Não concordamos com a premissa de que, na internet, tudo se publica”, diz José Castilho, presidente da Fundação Editora da Unesp, que edita, em média, 150 títulos novos por ano. No projeto ScieLo books, a Editora da Unesp planeja começar oferecendo o download de cerca de 500 títulos de várias áreas. A Editora da Unesp tem outras ações em andamento para conteúdos digitais. Em convênio com a Pró-reitoria de Pós-graduação, até o final do ano vai publicar, para acesso livre, todas as teses e dissertações dos 56 programas da área de humanidades. Também serão selecionados 30 títulos de obras de docentes e pesquisadores da Unesp para publicação digital, de uso livre.
Uma das iniciativas internacionais mais significativas, nesse setor, é o acervo digital do Google, que reúne títulos de importantes bibliotecas de universidades dos Estados Unidos e da Europa. São cerca de dez milhões de obras (a metade em inglês). Desse total, 1,5 milhão de obras estão em domínio público e podem ser consultadas gratuitamente; 1,8 milhão foram liberadas por meio de acordos com os editores. Os 6,7 milhões restantes são títulos esgotados, mas que ainda estão cobertos por direitos autorais – por isso os internautas só podem ler trechos. Nos mesmos moldes, porém em porte bem menor, existe a biblioteca virtual Europeana, apoiada pela União Européia, que tem um catálogo de quatro milhões de documentos.