A nova ferramenta gestiona um sistema de informação geográfica de livre uso e totalmente editável, aberto à ampliação de dados e à correção de erros.
Juan J. Velasco
do Bitelia
28/03/2011 – Há uns dois anos, salvo em aplicativos muito concretos, era bastante habitual utilizar o Google Maps para insertar mapas na internet, marcar pontos de interesse ou aproveitar o API (Interface de Programação de Aplicativos, na sigla em inglês) que ofereciam os de Mountain View para desenvolver aplicativos baseados na geolocalização.
No entanto, depois de anos de uso desse API, que praticamente encontrávamos em qualquer lugar, o Google decidiu dar um golpe de timão e mudar a política de uso para cobrar pelo uso do API por parte de sites que gerassem muito tráfico. Diante dessa reviravolta, surgiu um projeto que acredito ter se beneficiado de toda essa situação: o OpenStreetMap, um projeto colaborativo que já vem sendo adotado por grandes atores do setor tecnológico, como Foursquare e Apple – para o seu iPhoto para iOS.
O OpenStreetMap gestiona um sistema de informação geográfica livre (sob licença Creative Commons) e totalmente editável, ou seja, graças aos colaboradores do projeto, é possível obter um GIS (Sistema de Informação Geográfica) com dados espaciais de livre uso e aberto à ampliação de dados e à correção de erros. O projeto surge para cobrir uma necessidade que, até agora, poucas administrações públicas solucionaram: oferecer aos usuários mapas cartográficos de maneira gratuita, ou seja, entendendo que isso é um serviço público.
Levando-se em conta que muitos governos gastam recursos para cartografar seu território (e com fotografias aéreas), é uma pena que esses dados não se revertam em benefício dos cidadãos e que seja necessário utilizar sistemas privados aos quais o cidadão acessa pagando duas vezes (a primeira ao pagar os impostos para a geração dos dados e a outra para ter acesso a estes). Se os dados são públicos ou se podem ser acessados mediante a colaboração, por que se submeter ao critério de um terceiro para poder usá-los?
Precisamente, estar submetido à vontade de um terceiro é um dos pontos fracos do Google Maps e seu API. Embora até agora fosse gratuito, a mudança de política colocou contra as cordas muitos serviços que haviam baseado seu modelo de negócio em uma tecnologia que, da noite para o dia, requer o pagamento de uma licença por seu uso. É nisso, precisamente, que o OpenStreetMap tem uma grande vantagem competitiva, uma vez que, citando a autoria do mapa, este pode ser utilizado livre e gratuitamente.
Pessoalmente, acredito que iniciativas como OpenStreetMap (que conta com colaboradores muito ativos, aos quais o Foursquare se somou e que também oferece um API) podem fazer balançar a hegemonia do Google Maps e que essa mudança de política não lhes sairá tão bem como pensavam, principalmente se os governos começarem a se animar e, de uma vez, reverterem à cidadania os dados geográficos que colheram. De fato, acredito que essa vai ser a tônica que vamos ver em mais de um serviço; e as migrações para o OpenStreetMap apenas começou.
Interoperacionalidade, OpenData e independência tecnológica, três valores que farão que o OpenStreetMap se valorize e se converta em um oponente que o Google Maps não deveria perder de vista e que está sendo usado, além da Apple e do Foursquare, por sites como o da Casa Branca, pois o OpenStreetMap responde precisamente aos princípios de independência tecnológica que as administrações públicas requerem.
E se o OpenStreetMap trouxer independência tecnológica a uma administração pública, por que não colaborar com o projeto fornecendo seus dados? É uma boa forma de fechar o círculo. (tradução: Igor Ojeda)
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