Da redação, com informações do Tele.Síntese
07/01/2013 – A organização estadunidense Fight for the Future, que defende uma internet livre e irrestrita, já iniciou uma petição online contra os planos da AT&T, operadora de telefonia dos EUA, de oferecer acesso patrocinado a conteúdos específicos da internet.
A empresa divulgou oficialmente nesta terça-feira (7) o novo modelo de negócio. Pelo acesso patrocinado, uma empresa pode pagar para que o usuário não precise de um pacote de internet banda larga – ou se tiver, que não precise gastá-lo – para ver um conteúdo online. A oferta vale para a rede 4G.
A operadora, em texto de apresentação, comparou o modelo lançado ao sistema de chamadas telefônicas 0800, em que o gasto fica a cargo da receptora da ligação, e não com a realizadora. Na conta do cliente, a troca de dados aparecerá como “patrocinada”. A operadora esclareceu que o conteúdo patrocinado será entregue na mesma velocidade e desempenho que os conteúdos não patrocinados, ou seja, não terá prioridade na rede.
O esclarecimento é importante porque o modelo de negócio de banda larga de conteúdo patrocinado esbarra no tema da neutralidade de rede, em debate em todo o mundo, e que no Brasil está aquecido e vem impedindo a aprovação do Marco Civil da Internet.
Segundo a Fight For the Future, esse tipo de produto da AT&T pode parecer benéfico ao baratear o acesso a serviços online, mas causa um forte impacto negativo sobre a liberdade de empreendimento na internet. Segundo a organização, que exemplifica sua opinião com um texto do site The Verge, grandes empresas poderão pagar, em detrimento das menores. Essa diferenciação pode barrar a competitividade. Outro fator apontado é o repasse dos custos. Uma empresa que se dispões a pagar pelo tráfego de dados a seus conteúdos deverá, no médio prazo, repassar os custos cobrando mais por seus produtos.
Na prática, o acesso patrocinado já vem sendo introduzido por operadoras do mundo inteiro, mesmo que não abertamente, como agora faz a AT&T. No Brasil, por exemplo, a Claro mantém um acordo com o Facebook para que o acesso de seus clientes à rede social não sejam debitados dos pacotes de dados. Conforme explicou o presidente da operadora, Carlos Zenteno, ao TeleSíntese, o acordo entre as empresas não prevê pagamento, mas troca de acesso por publicidade na rede social.
Ainda no Brasil, está em debate no governo federal o modelo de 0800 digital, que permitiria o patrocínio de acesso a determinados conteúdos como, por exemplo, serviços públicos. A empresa Qualcomm, desenvolvedora de chips, propôs que serviços públicos online não onerem o consumo de dados dos usuários. Com uma possível variante para empresas.
A Banda Larga 0800 já foi testada em julho de 2013 na cidade de São Sebastião (DF), onde 80 moradores receberam um smartphone cada para acessar o site www.bandalarga.0800.br por vinte dias, sem custos. A intenção é que empresas interessadas ofereçam páginas de serviços que possam ser acessadas gratuitamente pelo celular.