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opinião – A inclusão digital chega pela infovia municipal

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A inclusão digital chega pela infovia municipal

José Umberto Sverzut

 
ARede nº 95 – novembro/dezembro de 2013

Embora seja vital para promover a inclusão digital no Brasil, a banda larga continua inacessível a um expressivo número de brasileiros. Perto de 45% da população com renda de até dois salários mínimos por mês (85 milhões de pessoas) não têm dinheiro para pagar pelo serviço.

Os preços impedem a democratização do acesso às tecnologias de informação e comunicação (TICs), além de criar barreiras à implementação de uma política pública de Estado voltada à inclusão digital. Além dos preços, o acesso aos computadores de uso pessoal (PCs) e à internet nos domicílios, a baixa renda da população, o nível de escolaridade e as habilidades em operar as TICs restringem ainda mais o acesso à banda larga.

Definir uma política pública federal para promover a democratização da banda larga é fundamental para melhorar o acesso à informação numa sociedade globalizada, gerar riquezas e disseminar o conhecimento entre as pessoas. Acesso à banda larga é tão importante que, segundo estudos da empresa de consultoria McKinsey, um aumento na taxa de penetração de banda larga da ordem de 10% resulta, em média, em crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,6% a 0,7%.

Idealizamos, na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a implantação de uma Rede Metropolitana de Acesso Aberto (RMAA), batizada de Infovia Municipal. Essa infovia pode ser definida como uma rede de comunicação de dados pública, que permite o acesso à sua infraestrutura de maneira igualitária. Tem caráter universal e, por ser multisserviço, permite a distribuição de diversos conteúdos (voz, vídeo e dados) de forma simples e unificada – hoje esses conteúdos são tratados separadamente pelas operadoras tradicionais.

A Infovia Municipal tem se tornado um instrumento eficaz para expandir o acesso da população aos serviços de banda larga e à rede mundial de computadores. No mundo existem diversas iniciativas que utilizam esse modelo. Um exemplo é a cidade de Pedreira, no estado de São Paulo, onde cerca de 80% da população se conecta à infovia por WiFi gratuito (IEEE 802.11), com velocidade média de 512 kbps. Os prédios públicos municipais são interconectados por fibra óptica de alta capacidade, formando uma grande intranet, que fornece vários serviços.

Analisando a experiência de Pedreira, verificamos que, além de democratizar o acesso às TICs, a Infovia Municipal representa uma alternativa com menor custo ao usuário final por permitir a construção de um modelo que viabiliza a modernização da administração pública, a inclusão digital em todos os níveis, a inclusão social, a ativação da economia digital do município, a redução de custos de serviços de comunicações e o fortalecimento econômico local.

O grande mérito da construção da Infovia Municipal de Pedreira foi proporcionar acesso às tecnologias de informação e comunicação para os 45% da população que não dispunham de renda para pagar pelo serviço de banda larga, reduzindo drasticamente o contingente de excluídos tanto digital quanto socialmente. A experiência mostrou que investir na democratização da banda larga reduz as desigualdades sociais e melhora a qualidade de vida das pessoas. 

 
José Umberto Sverzut é mestre em Engenharia Elétrica pela Unicamp.