Fernando Rossetti
Historicamente, a Educação tem sido o principal alvo do investimento social privado no país. O último Censo Gife, realizado entre novembro de 2007 e março de 2008, trouxe novamente a constatação de prioridade para o tema. Um breve panorama: 80 associados respondentes do censo investiram, no período, algo em torno de R$ 1,15 bilhão em diferentes áreas sociais. Desse total, 83% foram aplicados em educação, seguido por projetos de formação para o trabalho (59%), cultura e artes (55%) e geração de trabalho e renda (53%). Apenas na área de educação, foram beneficiadas direta e indiretamente mais de 52 mil entidades e cerca de 4 milhões de pessoas. Só em 2007, os associados do Gife destinaram quase R$ 400 milhões a atividades ligadas à educação.
As diversas iniciativas privadas ocorrem em função da magnitude dos problemas na área, que exige uma intervenção conjunta de todos os agentes sociais. A percepção de impotência ou de avanços tímidos diante de grandes necessidades de maiores níveis de educação acaba mobilizando empresas e seus braços sociais para a causa. Não por acaso, o trabalho com os jovens também é um dos pilares mais importantes para a maioria dos associados. A necessidade de atenção a esse público é, de fato, uma exigência da realidade brasileira: hoje são 53,9 milhões de jovens representando 28,8% da população. A conversão dos investimentos dos associados do Gife nessa área é uma resposta ao crescimento demográfico dessa faixa da pirâmide etária no Brasil, ou seja, o aumento percentual do número de jovens com relação à população total do país. Entre os associados, 77% atuam em programas para jovens (em pelo menos uma das três faixas etárias — de 15 a 17 anos, de 18 a 24 anos e de 25 a 29 anos).
A decisão de atuar nesse nicho vem da percepção relativa à situação sócio-econômica vivida por este segmento, ou seja, de que os jovens compõem hoje um dos grupos mais afetados pela pobreza — ou pelas desigualdades sociais, conforme a perspectiva. O segundo grande motivo diz respeito à convicção de que os jovens são agentes privilegiados para o rompimento do ciclo da pobreza: esta foi a resposta de 63% dos associados. Os dados levantados no Censo são instigantes para esse balanço sobre o panorama do Investimento Social Privado em Juventude. Além da evidente necessidade de apoio à formação e qualificação dos jovens, é preciso um debate sobre o que pode ser feito a respeito da qualidade do emprego oferecido a eles, por exemplo.
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Fernando Rossetti é secretário-geral
do Grupo de Institutos, Fundações e
Empresas (Gife)Neste contexto, a inclusão digital tem se apresentado como uma forma bastante eficaz de inclusão social, em razão do amplo espaço que a informatização vem ocupando na vida das pessoas, principalmente no que diz respeito à empregabilidade. Portanto, ora os projetos ou programas dirigidos à juventude envolvem inclusão digital como base de sua atuação, ora como parte integrante da ação. No total, 48% dos projetos direcionados aos jovens já têm espaço para a inclusão digital. Trata-se, sobretudo, de uma linha de atuação afinada com os interesses específicos dessa geração, além de ter grande importância como apoio à inserção do jovem no mercado de trabalho. Nesse sentido, o investimento em programas de inclusão digital pode resultar em uma relação na qual investidor e beneficiado só têm a ganhar, agora e no futuro.