opinião > o que Adriano Canabarro Teixeira está pensando…
Coordenador do
3º Seminário
Nacional de Inclusão Digital
Conexão, abundância e compartilhamento
A internet amplia a construção de coletividades de aprendizagem
ARede nº 97 – março/abril de 2014
É inegável a forma como as tecnologias contemporâneas transformam a vida das pessoas. A internet, por exemplo, representa uma possibilidade real de ampliação de percepção de mundo que nunca vivenciamos. Em um clicar de mouse é possível ter acesso a bens culturais que de outra forma talvez nunca conheceríamos por um sem número de motivos.
É preciso reconhecer que o advento da internet amplia exponencialmente as possibilidades de acesso a informações, de comunicação entre as pessoas, de alargamento do mundo, de criação de coletividades de aprendizagem em torno de absolutamente qualquer assunto, de representação de informações etc. Essa miniaturização do mundo que experimentamos diariamente torna virtualmente impossível fazer qualquer previsão acerca do que um determinado indivíduo precisará saber para sua vida profissional, por exemplo.
Nesse sentido, é necessário refletir sobre a dinâmica implementada pela escola e pela universidade e sua capacidade de formar o cidadão do mundo contemporâneo. Embora reconheça a importância dessas instituições, é possível defender a tese de que o modelo educativo é baseado em uma lógica da escassez, onde a aprendizagem deve acontecer com hora e local marcados, uma vez que exige que nos desloquemos a um local específico – a escola ou a universidade – para ter acesso a informações.
Ainda, organiza-se na definição prévia do que pretensamente será importante para a formação dos estudantes a medida em que implementa currículos compostos por disciplinas que têm um conteúdo programático rígido e pré-determinado, culminando em um modelo de mensuração do conhecimento baseado em provas.
O mundo contemporâneo institui uma situação de abundância de acesso às informações que podem ser representadas em inúmeros formatos e acessadas de qualquer lugar. A conexão estabelecida pela rede mundial de computadores amplia sobremaneira as possibilidades de construção de coletividades de aprendizagem sobre qualquer assunto e em qualquer nível de complexidade.
Assim, partindo do princípio de que vivemos em uma era da abundância, onde não é possível prever quais conhecimentos cada indivíduo necessitará no decorrer de sua vida e que a hegemonia da escola e da universidade como espaço de aprendizagem já foi há muito superada, o 3º Seminário Nacional de Inclusão Digital deste ano cria um espaço de reflexão.
Estimula o debate sobre o papel da educação em uma sociedade cada vez mais conectada na qual a capacidade de compartilhamento instituída estabelece uma realidade de abundância de possibilidades de acesso à informação e de estabelecimento de processos comunicacionais propícios à construção do conhecimento. Pensar a educação em tempos de conexão, abundância e compartilhamento é fundamental. Todos nós educadores temos o dever de fazer parte dessa discussão!