Opinião – Telefonia emergente

Telefonia emergente
Margarete Iramina

ARede nº43 Deaembro de 2008 – A maior parcela da expansão da telefonia móvel ocorre em mercados de alto crescimento, no qual o custo das ligações é crucial. A diferenciação no preço é o foco das novas tecnologias. Atualmente há soluções de baixo custo que visam expandir as telecomunicações para todas as áreas do mundo, através de redes de alta qualidade com custo mínimo de manutenção e operação. Estima-se que em 2012 o número de assinantes de telefones móveis chegue a 5 bilhões no mundo. Esse crescimento está ligado à capacidade de expansão em mercados em desenvolvimento como África e Ásia, destacando-se China e Índia, onde mais de 10 milhões de novos consumidores por mês adquirem esses serviços. Dessa forma, os mercados carentes se tornam alvo de investidores da área de telefonia, que têm a meta de levar o serviço ao mundo inteiro.

No Brasil, essas características não são diferentes. O país é o quinto maior mercado de telefonia móvel do mundo e representa um mercado em expansão. O setor de telecom já conquistou uma parcela significativa das classes D e E. Com o aumento da renda e penetração da telefonia móvel, verifica-se o aumento da utilização, tanto de serviços básicos quanto de avançados no país, evidenciada em todas as classes sócio-econômicas. Com o aumento da competição e crescimento do número de usuários, as operadoras estão ampliando a sua oferta para atender às demandas por acesso banda larga e novos serviços de multimídia.

Para construir um negócio saudável na África, Oriente Médio e outras regiões em desenvolvimento, as operadoras precisaram pensar um pouco diferente. Quando lançou seu serviço em 1994, a operadora sul-africana MTN foi obrigada a acalmar investidores céticos que questionaram o plano agressivo da empresa de conectar a África. Hoje, o balanço e a cobertura da MTN mostram que qualquer mercado é viável, com o modelo de negócios correto.

Vales para recarga de baixo valor, como o MTN Supa Booster na Nigéria, recargas pré-pagas e descontos em tarifas são alguns exemplos dessa modalidade. A revista The Economist noticiou que meio milhão de sul-africanos já são usuários de serviços bancários móveis para enviar dinheiro para família, amigos e pagar bens e serviços. Usando seu crédito móvel pré-pago para transferir dinheiro, os consumidores evitam os riscos de carregar grandes quantias na bolsa ou na carteira. No Quênia, um programa piloto chamado M-Pesa até emite micro-empréstimos pelos telefones móveis. Até 2012, o número de assinantes móveis deve dobrar e o desafio é atender as demandas desses assinantes, cuja renda é de mais ou menos US$ 2 por dia. Apesar desses clientes terem poder de compra menor, seu volume representa um crescimento em potencial de grandes proporções.

Diferenças de preço, marca e níveis de serviço podem ser úteis para manter a saúde do negócio das empresas. Alguns usuários, por exemplo, são mais atraídos por pequenas recargas eletrônicas do que por um plano de assinatura anual. Outra opção é oferecer um ambiente de pagamento para todos os serviços — cobrança e faturamento convergente. A estratégia de preços é fundamental para atrair novos usuários em áreas que já possuem cobertura móvel.

A questão, para o Brasil, é encontrar o melhor modelo de negócios, que vá ao encontro das necessidades do usuários e das aspirações dos operadores. Os mercados emergentes têm demonstrado ser excelentes solos para esse tipo de expansão, que tende a democratizar o mercado, tornando-o mais saudável em ofertas e competividade.

Margarete Iramina é diretora de Rádio da Ericsson Brasil.