Os desafios do NavegaPará para a manutenção da rede

02/10 - Com pontos instalados a mais de mil quilômetros da capital, o governo busca parcerias para a manutenção da infovia do Estado.

Fatima Fonseca, do Wireless Mundi

02/10/2012 – Quanto maior fica a rede NavegaPará, maiores são os desafios da Prodepa, a empresa estadual de TIC do governo do Pará, responsável pela instalação e manutenção da infovia no Estado. Devido a extensão territorial do Pará, os pontos de presença ficam cada vez mais distantes, elevando os custos com manutenção. “É preciso montar um modelo de suporte para essa infraestrutura porque não temos a expertise necessária para colocar tão longe”, admite Theo Pires, presidente da Prodepa.

“Temos torres instaladas a mil quilômetros de Belém, não existe mão de obra local e o deslocamento num curto espaço torna o serviço muito caro”, conta o presidente da Prodepa nesta entrevista. Uma das ideias era oferecer, gratuitamente, um link para a prefeitura, em troca da manutenção das torres, mas os prefeitos não tiveram interesse.

Iniciado em 2007, o NavegaPará é um projeto que prevê a cobertura dos 144 municípios do Estado, em sua maior parte, por tecnologia sem fio. Acordos com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e com a Eletronorte possibilitaram também o uso de fibras ópticas em alguns trechos da rede.

De acordo com Theo Pires, a rede está em funcionamento em 58 municípios, que concentram quase 80% da população do Estado, que soma mais de 7 milhões de habitantes. Mesmo com as dificuldades, o governo mantém os planos de extensão para atender as regiões remotas, onde ainda não há infraestrutura para acesso à internet ou onde não existe competição e os serviços são muito caros. A previsão é que, até o final deste ano, a rede chegue a 70 municípios.

Leia a íntegra da entrevista com Theo Pires, que fala das possíveis soluções via parcerias, incluindio a Telebras:

Qual a dificuldade que a Prodepa está encontrando para a manutenção da rede NavegaPará?
Theo Pires – Quando se trabalha com estados de dimensões continentais, cada vez mais a rede vai ficando num ponto de presença mais longe do centro. Hoje, tenho que fazer atendimento a mil Km de Belém, indo para o Oeste, a 900 Km, indo para o Sul. Já está autorizada pelo governador a extensão dessa rede que cobre o Sul do Estado para mais 500 Km, então, vou chegar a 1.400 Km para o Sul. Mas é preciso montar um modelo mágico de suporte a essa infraestrutura, porque não existe a expertise necessária para colocar tão longe e o tempo de deslocamento inviabiliza assegurar um nível de serviço adequado. É um equilíbrio difícil de ser alcançado porque, ao mesmo tempo que exige um atendimento num prazo curto, não tem como buscar isso no mercado.

Não existem empresas privadas para contratar esse serviço de manutenção no Estado?
Theo Pires – As empresas que estão em Belém cobram um preço alto para um deslocamento de 1.400 Km num prazo curto. Uma das propostas que estamos avaliando é a de parcerias paras a manutenção da rede. Tentamos primeiro as prefeituras mas, infelizmente, não tivemos um resultado adequado. É preciso ter um vínculo com tecnologia para que a prefeitura entenda que aquele circuito é necessário. Nossa proposta é entregar o acesso à internet, gratuitamente, em troca da manutenção. Uma prefeitura pequena paga, em média, R$ 20 mil por mês ter acesso à internet e economizaria esses recursos em troca da manutenção.

Além dessa solução, que outras opções a Prodepa avalia?
Theo Pires – Estamos elencando novos serviços dentro dessa infraestrutura para atrair a gestão municipal como parceira e abrindo um leque de possíveis parceiros. E também ampliando as parcerias que já temos. A RNP e o governo do Pará estão implantando fibra em mais quatro municípios do Estado; com o Minicom (Ministério das Comunicações), estamos colocando fibra e um anel óptico em nove municípios do interior do Estado; e com a Telebras fizemos um acordo para levar a infraestrutura de fibra em mais 400 Km. Estamos buscando um parceiro ideal e a Telebras provavelmente será esse parceiro, porque quando chegar com o PNBL no município, ela terá essa demanda, terá que manter esse sinal funcionando para que o pequeno provedor consiga atender a sociedade.