Pacotes mais flexíveis

ARede nº58 maio/2010 – Os gestores públicos cobram das operadoras de telecomunicações maior criatividade na oferta de serviços. Essa foi uma das constatações da mesa-redonda sobre o papel das tecnologias sem-fio na massificação da oferta de serviços de e-gov realizada no 7º Wireless Mundi. Entre as reclamações apresentadas por representantes de empresas públicas está o fato de as operadoras celulares não terem flexibilidade nos pacotes de SMS e de não oferecerem tarifa reversa para o setor público. Em resposta à demanda, tanto o diretor de regulamentação da Claro, Christian Wickert, quanto o gerente de licitações da Vivo, Eduardo Cerqueira Dias, se comprometeram a trabalhar em suas empresas para solucionar essa limitação.

Na avaliação dos gestores públicos, a falta de tarifação reversa, importante em serviços que poderiam ser pagos pelo usuário, e a não garantia de entrega imediata da mensagem de texto são algumas barreiras que limitam o uso na administração pública. O baixo uso do SMS no Brasil foi destacado por Ricardo Tavares, vice-presidente sênior para Políticas Públicas da GSM Association. Em sua opinião, o SMS pode ser uma eficiente e barata ferramenta para melhorar o atendimento ao cidadão, seja na confirmação de consultas médicas, no controle da frequência de alunos, no fornecimento de informações metereológicas para pequenos agricultores, entre outros exemplos.

Mas o SMS é apenas uma das muitas aplicações que podem ser adotadas pela administração pública. O diretor de regulação da Oi, Paulo Mattos, relatou que o governo do Rio de Janeiro usa os sistemas desenvolvidos pela Oi nas áreas de educação, saúde e segurança pública. Trata-se da adaptação, para governos estaduais e municipais, do produto desenvolvido inicialmente para o mercado corporativo, o Gestão 2.0. O serviço consiste na oferta de soluções integradas de telecomunicações e tecnologia da informação, que usa a conexão em banda larga e sistemas de armazenamento e processamento de dados para melhor a gestão de serviços.

A educação, aliás, é a área mais sensível entre os serviços públicos. Não por outra razão a Intel, segundo Fabio Tagnin, diretor de Expansão de Mercado, participa de mais de 38 pilotos de integração de TICs na educação, em 12 países da América Latina. No Brasil, está envolvida no projeto Um Computador por Aluno, do governo federal.

Para apoiar os municípios, o diretor de gestão empresarial do Serpro, Antonio Sérgio Cangiano, anunciou que a empresa prepara uma nova versão do Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem), mais barata. “O alto nível de solicitação para a customização deturpou o modelo inicial, que também ficou obsoleto. A ideia é ter uma versão para funcionar em nuvem”, informou. A versão, que será testada em três municípios, deve começar a funcionar em 1º de janeiro de 2011.

O diretor da área de gestão pública municipal do CpqD, Renato Stucchi, apresentou um modelo desenvolvido pela Fundação para classificar uma cidade digital, de seu estágio mais elementar ao mais integrado e sofisticado, que permitirá a oferta de serviços públicos e de governo (serviços, conteúdo, comunicação, e-learning e games). E uma das fontes de financiamento para dar o primeiro passo de uma cidade digital, como mostrou Alan Fischler, chefe do Departamento de Telecomunicações e Fontes Alternativas de Energia do BNDES, pode ser o Programa de Modernização Administrativa e Tecnológica (PMAT). Embora não seja um programa para financiar cidade digital, mas para modernizar a máquina administrativa e de arrecadação do município, 35% de seus recursos podem ser usados na infraestrutura de rede.