Pesquisa TIC Domicílios 2009 mostra que há 5 milhões de lares brasileiros com computadores mas sem acesso à internet

A pesquisa TIC Domicílios 2009, do NIC.br, mostra um crescimento sem precedentes no número de domicílios com computador e queda no uso das lan houses. Que ainda são responsáveis por 45% dos acessos à internet.

06/04/2010 – O Nic.br, Núcleo de Informação e Coordenação do Comitê Gestor da Internet (CGI.br), divulgou hoje os dados da pesquisa TIC Domicílios 2009. Nesta edição da pesquisa, a quinta desde 2005, os números mostram um crescimento sem precedentes na posse de computadores no Brasil.

Entre 2008 e 2009, aumentou 29% o número de lares com computador. São 18,3 milhões (32% dos domicílios), comparados aos 13,9 milhões da pesquisa de 2008 (25%). Somente 13,5 milhões dos domicílios, no entanto, têm acesso à internet. Isso significa que há, no Brasil, quase 5 milhões de computadores “mudos”, apesar de o número de domicílios com internet ter crescido 35% entre a pesquisa de 2008 e a de 2009.

Disparidades regionais e de renda
As taxas de crescimento da posse do computador e do acesso à internet também refletem as desigualdades entre as regiões do país. O Nordeste brasileiro, região com a menor proporção de domicílios que possuem computadores (18%, comparados com 45% da região Sudeste), apresentou desempenho mais baixo do que a média nacional. O número de casas com computadores cresceu 22% na região Norte e 24% na região Sudeste, enquanto no Nordeste o crescimento foi de apenas 17%.

A posse de computador de acordo com a faixa de renda teve o maior crescimento (65% em relação à pesquisa anterior) na faixa de dois a três salários mínimos, onde somente 42% dos domicílios têm computador. Na faixa entre um e dois salários mínimos, este crescimento foi de 63% e o percentual de domicílios com computador ficou em 20%. Na maior faixa de renda, acima de dez salários mínimos, o percentual de domicílios com computadores é de 84% e o crescimento, em relação a 2008, foi de 6%.

De onde se acessa a rede?
As lan houses, chamadas na pesquisa de centros pagos de acesso à internet, não são mais o principal local onde as pessoas acessam a rede. Pelo segundo ano consecutivo perderam participação. Entre 2008 e 2009, os acessos por meio de lan houses caíram de 48% para 45%. E o acesso em casa cresceu de 42% para 48%. O acesso domiciliar cresceu inclusive nas classes mais baixas e nas faixas de renda menos elevadas.

A proporção de usuários que acessa a rede por meio de telecentros mantém-se no país como um todo, mas cresceu nas áreas rurais. Nessas regiões o número, que em 2008 foi de 4%, registrou aumento de cerca de dois pontos percentuais, atingindo os 6% em 2009. Além disso, os resultados da zona rural indicam que os telecentros tornaram-se ainda mais importantes nessas áreas do país em face ao que representam para as áreas urbanas. No total de acessos, os telecentros são responsáveis por 4%, um ponto percentual acima de 2008.

Telefones fixos e internet no celular
A pesquisa trouxe dados interessantes sobre a posse de telefones fixos, que cresceu, e o acesso à internet por meio de telefone móveis, que não cresceu. O percentual de domicílios com telefones fixos aumentou de 40% para 44% entre 2008 e 2009, depois de quatro anos consecutivos de queda. Para o Nic.br, esse fenômeno pode estar atrelado às estratégias mercadológicas das operadoras de telefonia fixa, como a oferta de pacotes que incluem serviços de internet, telefone fixo e TV a cabo, e ao alto custo das tarifas de uso do telefone celular. O crescimento foi principalmente na região Sudeste, que ampliou de 51% para 58% o número de domicílios com telefones fixos.

Já o acesso à internet por meio de telefones celulares cresceu apenas na classe A, de 14% para 23% do total de usuários desta classe. Na classe B o percentual manteve-se em 10%. Na classe C, caiu de 6% para 4%. No total, manteve-se estagnado, o que também é surpreendente, porque as vendas de aparelhos móveis inteligentes e modems 3G estão em alta no país. As tarifas praticadas pelas operadoras são as principais responsãveis por esta estagnação, de acordo com os pesquisadores. A pesquisa mostra uma divergência significativa entre o uso e a posse do telefone celular, possivelmente devido ao alto custo dos aparelhos.

Governo eletrônico
O percentual de pesquisados que usou serviços de governo eletrônico passou de 22% para 27% entre 2008 e 2009. Nas áreas urbanas, cresceu de 25% para 30%, como resultado de políticas de e-Gov nos âmbitos municipais, estaduais e da união. Entretanto, esse crescimento ainda é muito pequeno frente ao potencial e importância desses serviços, acreditam os técnicos do Nic.br.

Nesta edição da TIC Domicílios foram realizadas 21.498 entrevistas, cobertura nacional, sendo 16.854 entrevistas na área urbana e 3.144 entrevistas na área rural, além de 1.500 entrevistas extras (para confirmar dados) com usuários de internet. Os dados foram coletados entre 21 de setembro a 27 de outubro de 2009. Os resultados estão no site do CGI.br. A apresentação pode ser vista aqui e a análise, aqui.