PontoCidadania – Pesquisa avalia sites de e-gov

Prefeituras brasileiras têm notas baixas em levantamento da FGV sobre atendimento ao cidadão pela internet.  


Prefeituras brasileiras têm notas baixas em levantamento da FGV sobre atendimento ao cidadão pela internet.   João Luiz Marcondes


Ao lado dos baixos índices de alcance da banda larga e computadores
domiciliares no país, há outro problema para que o cidadão possa usar
com sucesso a internet como meio de se relacionar com a burocracia e o
Estado: os sites das prefeituras brasileiras ainda deixam muito a
desejar. É a constatação do 1º Ranking Nacional de Websites Municipais,
do Centro de Estudos em Tecnologia de Informação para Governo (TecGov),
da Fundação Getúlio Vargas (FGV), lançado este ano. A pesquisa avaliou
os serviços, conteúdos e informações dos sites das prefeituras de cerca
de 300 cidades brasileiras.

As notas do ranking poderiam chegar a um máximo de 10. Se
fosse uma prova escolar, o país estaria reprovado de forma humilhante.
A média geral dos municípios brasileiros atingiu 1,3 ponto*, nota muito
distante da considerada ideal pelos pesquisadores. A cidade de São
Paulo, que ocupa o primeiro lugar do ranking, recebeu 3,59.
“Mas este 10 é algo utópico, que não deve ser usado para comparação. A
nota paulistana, por exemplo, seria boa em muitos países
desenvolvidos”, explica Norberto Torres, professor do TecGov/FGV e
responsável pelo projeto.

Ele admite, contudo, que falta muito para melhorar. “Os investimentos
têm sido feitos em tecnologias já ultrapassadas, que inviabilizam o
salto para um nível mais avançado de serviços à sociedade”, diz Torres.
Uma das conseqüências, segundo o pesquisador, é que o governo acaba
operando com baixa eficiência nas relações com a sociedade e nos
serviços prestados, com altos custos. Perde-se interatividade, a
influência do cidadão é menor, bem como seu benefício. Na hora de tirar
um documento, o sujeito consegue até imprimir um formulário pela
internet, mas depois tem de ir pessoalmente a um posto de atendimento.
Ora, qual a eficiência disso? Na Nova Zelândia, por exemplo, é possível
abrir uma empresa pela web em 24 horas. Para Torres, falta articulação
entre as localidades. “Seria mais fácil se unissem esforços para
desenvolver projetos”, diz.

A pesquisa tem o patrocínio da empresa Software AG e levou cerca de
quatro meses. Considerou aspectos como nível operado de e-gov, nível de
relacionamento com cidadãos e empresas, nível de e-democracia
percebido, nível de uso estratégico das tecnologias, serviços
oferecidos, além de um índice de usabilidade. “É importante saber o
quanto o cidadão é tratado de forma personalizada e se o site promove a participação dele pelo meio digital”, resume Torres.

Apesar das notas baixas, Torres faz questão de não rebaixar muito a
posição brasileira. Os pesquisadores mediram os índices de duas grandes
capitais do mundo, Buenos Aires (Argentina) e Madri (Espanha). Ambas
tiveram nota abaixo de 3,0, ou seja, pior do que São Paulo.

Pontuação

No ranking geral dos dez primeiros colocados, a cidade de São
Paulo está em primeiro lugar, com 3,59 pontos; seguida por Ipatinga
(MG) – 2,89, Esteio (RS) – 2,68, Jaraguá do Sul (SC) – 2,64, São Carlos
(SP) – 2,61, Curitiba (PR) – 2,59, Foz do Iguaçu (SC) – 2,55, Dourados
(MS) – 2,51, Embu (SP) – 2,46 e Bauru (SP) – 2,46. Os dez municípios
que obtiveram as piores notas são: Riacho de Santana (BA) – 0,42,
Macapá (AP) – 0,56, Astorga (PR) – 0,58, São Gonçalo do Amarante (CE) –
0,61, Barnabuiú (CE) – 0,61, Entre Rios (SC) – 0,62, Piripiri (PI) –
0,62, São Gotardo (MG) – 0,63, Santarém (PA) – 0,63 e Victor Graeff
(RS) – 0,64.*



*As notas dos dez piores municípios e a média geral foram baseadas na pesquisa preliminar.