Por um futuro melhor

Com investimento de R$ 1,6 milhão, programa Novos Brasis beneficiará 12 iniciativas em sete estados


Com investimento de R$ 1,6 milhão, programa Novos Brasis beneficiará 12 iniciativas em sete estados
Carlos Minuano


Para os pataxós Yakuy e Itohá,
da ONG Thidewas, tecnologia
virou ferramenta no resgate
da cultura

Nada de maracás, arco e flecha ou tambor. Para resgatar a identidade local, denunciar abusos de direitos humanos e reforçar o diálogo entre as aldeias e o poder público, 200 indígenas da ONG Thydewas (BA) decidiram usar um artefato mais moderno: o celular. A idéia deu certo e o projeto Celulares Indígenas está entre os doze selecionados no edital de 2008 do programa Novos Brasis, promovido pelo Oi Futuro, instituto de responsabilidade social da Oi. Neste ano, será investido R$ 1,6 milhão em iniciativas do terceiro setor voltados à transformação social por meio da tecnologia, em sete estados brasileiros. São Paulo, onde a Oi começa a operar em outubro, pela primeira vez teve um projeto selecionado, desde o início do programa, em  2004.


A ONG baiana reúne dez aldeias de diferentes etnias, que não temem as novas tecnologias. Pelo contrário, querem o diálogo intercultural. “Antigamente a caça dependia do arco e flecha, hoje precisamos da tecnologia e da comunicação”, afirma Sebastian Gerlic, presidente da Thidewas, que em português significa esperança da terra. Ele vê no celular um aliado para a solução de vários problemas enfrentados pelas aldeias, como “a coleta de lixo que não comparece e o médico que só vem uma vez por mês”.  

O programa Novos Brasis, criado em 2004, identifica e apoia o desenvolvimento de soluções como as dos indígenas da Thidewas, que coloquem as tecnologias da informação e da comunicação a serviço da melhoria de vida em comunidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Mais de 60 projetos já receberam quase R$ 6

Jovens do projeto Alô Cidadão:
via torpedos, empregos e
oportunidades para comunidades
de baixa renda
milhões em investimentos que beneficiaram mais de 40 mil pessoas. “Queremos que as áreas mais vulneráveis do ponto de vista social tenham acesso ao conhecimento de forma mais rápida e autônoma”, diz Samara Werner, diretora de Educação do instituto Oi Futuro. O foco é o desenvolvimento, acrecenta Samara. Por isso, inovação e criatividade são considerados requisitos básicos para participar da seleção. “O programa busca apoiar projetos com diretrizes e objetivos bem definidos, que possam ser replicados para outras comunidades”, diz.  

Outro exemplo do que que a tecnologia pode fazer pelo desenvolvimento em comunidades carentes é o projeto Jeif, Jogo Educativo Antibiosis, elaborado em 2007 pelo Instituto Certi Amazônia em parceria com o Novos Brasis. Este ano, o instituto participa com o projeto Empreender, que pretende criar um jogo eletrônico capaz de transmitir a jovens e adultos conteúdos para gestão de pequenos negócios em regiões de baixa renda. Educação a distância, produção de software, uso social do celular e formação e fortalecimento de redes de conhecimento são exemplos de iniciativas já apoiadas pelo programa. “A construção de tecnologias sociais é uma das nossas principais metas”, define Samara.

Cidadania hi tech

Dos celulares índígenas na Bahia aos jovens da agência comunitária de
notícias em São Paulo, conheça as iniciativas selecionadas no edital de
2008 do programa Novos Brasis.



Amazonas – Game educativo elaborado dentro do projeto Empreender, do
Instituto Certi Amazônia, voltado à administração de pequenos negócios.
Será utilizado nas escolas de Manaus, Presidente Figueiredo e Rio Preto
da Eva.



Bahia – Além do Celulares Indígenas, da ONG Thydewas, outro projeto
baiano foi selecionado, o Sertão.Net. Por meio de intercâmbio com
especialistas indianos, a proposta do Instituto de Permacultura da
Bahia é trabalhar na formação de agricultores do semi-arido em técnicas
de agricultura sustentável, utilizando plataformas digitais, como
visitas virtuais, videoconferência e atividades de ensino a distância.



Ceará – A ONG Comunicação e Cultura, com o projeto Clube do Jornal
Multimídia, vai trabalhar a elaboração de jornais virtuais com alunos
de 75 escolas, no Ceará, em Pernambuco e em São Paulo. Serão aplicadas
técnicas de educomunicação (abordagem educional da comunicação) para
melhorar o desempenho acadêmico e estimular a expressão e a reflexão
sobre temas como direitos humanos.



Minas Gerais – O estado aparece com três ações. O projeto de
elaboração de jogos eletrônicos, no Vale do Jequitinhonha, continuidade
de um trabalho desenvolvido em parceria com o Novos Brasis, em 2007. O
projeto Alô Cidadão!, do Instituto Hartmann Regueira, que receberá
incentivos para expandir — envio de torpedos com opções de lazer, vagas
de empregos e outras oportunidades para jovens de comunidades de baixa
renda. O objetivo agora é levar o serviço para Rio de Janeiro,
Fortaleza e Salvador. A ONG Favela é Isso Aí apresenta o  projeto Vendo
ou Troco. A idéia é montar um banco de dados sobre empreendimentos
formais e informais em favelas de Belo Horizonte. A partir daí, serão
desenvolvidas atividades para a circulação dessas informações, com
website, quiosques eletrônicos, boletins impressos e virtuais,
publicidade para celulares cadastrados e vinhetas para rádios
comunitárias.


Pará – A ONG Peabiru criou o inovador Oi, Guia-me Belém!, um guia
turístico virtual para celulares. O conteúdo será produzido por jovens
mulheres das ilhas do entorno de Belém e poderá ser acessado por
diferentes linguagens – texto, som e vídeo – em cada ponto turístico.


Rio de Janeiro – Formar 25 jovens em arte e tecnologia por meio do
celular, softwares de computação gráfica, animação digital,
interatividade e ambientes tridimensionais. É esse o objetivo da ONG
Galpão Aplauso, com o projeto Centro Espacial, coordenado pela artista
Vik Muniz. Ambiente será o tema central e o conteúdo será utilizado
para a geração de renda. Também no Rio, a Bem TV, Educação e
Comunicação, desenvolverá o projeto Tela Interativa, um núcleo de
produção de materiais para TV digital, integrado por jovens moradores
de cinco comunidades de baixa renda de Niterói. Fechando o pacote de
projetos cariocas, a Rede Jovem — Comunitas traz o Wiki Mapa Jovem, um 
mapa georeferenciado com vagas de trabalho e cursos para jovens em
comunidades carentes, feito por celular e disponível em portal wiki,
que será acessado, especialmente, dos telecentros da Rede Jovem.


São Paulo – A capital paulista estréia no programa com uma idéia
pioneira da Associação Cidade Escola Aprendiz, na Vila Madalena. É a
Agência de notícias da Vila Madalena/Pinheiros, que pretende veicular
informações locais, além de trabalhar na formação de jovens
comunicadores em escolas públicas do bairro; formações de professores e
outros agentes para realização de produtos de comunicação e formação de
grupo de discussão virtual.