Prêmio ARede 2008 mostra diversidade em propostas para melhorar a qualidade do ensino público
ARede nº42 novembro 2008 – Expansão da rede de escolas profissionalizantes, financiamento de equipamentos para professores, definição dos pisos salariais docentes, destinação de recursos do pré-sal para a educação. Este ano, a Educação pública conquistou território entre as preocupações nacionais — o que representa um avanço, independente de tudo que se possa questionar ou oferecer como contribuição às propostas e ações anunciadas ou implantadas. Os projetos que concorreram na edição 2008 do Prêmio ARede, promovido pela Momento Editorial, que edita a revista ARede, confirmam essa tendência de compromisso de iniciativas públicas e privadas com a melhoria da qualidade do ensino no Brasil. A maior parte dos projetos, independente das categorias em que foram inscritos, se insere de alguma forma em contextos educativos. Outro indicador positivo foi o alto grau de consistência dos projetos da categoria Especial Educação, diretamente elaborados para beneficiar escolas, estudantes ou educadores.
Eleito a Personalidade do Ano 2008, por sua atuação em favor da inclusão social por meio do uso de tecnologias, Carlos A. Afonso, diretor executivo da Rede de Informações para o Terceiro Setor (Rits), foi escolhido pela comissão julgadora do prêmio com ampla margem de votos. Reconhecido militante de entidades do terceiro setor, C. A., como é conhecido, tem dedicado toda sua vida profissional ao desenvolvimento da internet e dos programas de inclusão digital.
Neste segundo ano do prêmio ARede, houve um crescimento de 25% em relação ao volume de inscritos no ano passado. Mas o principal ganho foi qualitativo, uma vez que os trabalhos mostraram nítidos avanços em abrangência de acessos e adequação das aplicações tecnológicas. Também aumentaram as propostas capitaneadas por órgãos ministeriais. E destacaram-se iniciativas que utilizam comunicação via rádio e experiências de informatização em áreas rurais.
Dos 206 projetos vindos de praticamente todos os estados do país, a maioria, 79, pertence à categoria Especial Educação. A modalidade Terceiro Setor participou com 58 projetos, nas categorias Fundação e Instituto Empresarial, e Organização da Sociedade Civil. Do setor público vieram 48 projetos, que concorreram em três categorias: Setor Público Federal, Setor Público Estadual e Setor Público Municipal. A modalidade Empresa teve 21 projetos, que disputaram nas categorias Empresa Privada e Empresa Pública.
O vencedor da categoria Especial Educação foi o EducaRede, portal criado pela Fundação Telefônica em parceria com o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), a Fundação Vanzolini e o provedor, de acesso Terra. “O prêmio, iniciativa da revista ARede, sempre comprometida com o uso social das tecnologias, é um importante reconhecimento de nossos esforços e resultados”, diz Sérgio Mindlin, diretor-presidente da Fundação Telefônica. Entre os demais concorrentes, chamaram atenção iniciativas de conexão para escolas, formação em robótica e apoio ao professor.
CEF, Sebrae e Vale foram contemplados com a Menção Honrosa Empresa Amiga da Inclusão Digital Na modalidade Empresa, a educação permeou muitos projetos da categoria Empresa Privada. O vencedor foi Educação Digital, da Brasil Telecom. A operadora vai investir R$ 150 milhões, até 2010, para implantar Oficinas Digitais em 500 escolas de sua área de abrangência. Entre os outros concorrentes, destacaram-se inciativas de implantação de cidades digitais. Na categoria Empresa Pública, o prêmio foi para o Sistema de Publicação e Consulta Pública com Certificação, da Imprensa Oficial do Estado do Paraná. Iniciativa da Celepar, órgão de processamento de dados do governo do Paraná, o aplicativo otimizou a consulta a diários oficiais pela internet.
Propostas que valorizaram a conectividade nas comunidades e em favor de suas expressões regionais marcaram a modalidade Setor Público. Na categoria Federal, o prêmio reconheceu uma inciativa pioneira e bem-sucedida de preservação das diferentes culturas brasileiras. Primeiro colocado, o Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania — Cultura Viva, do Ministério da Cultura (MinC), apóia 850 Pontos de Cultura em todo o país. No âmbito Estadual, o vencedor foi o Cidadania Digital, projeto da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), do governo da Bahia, que tem como meta instalar, até março de 2009, pelo menos um Centro Digital de Cidadania (CDC) em todos os 417 municípios do estado. O já premiado projeto Cidade Digital, de Tauá, foi o vencedor da categoria Municipal. Elaborado pela prefeitura, o projeto abriga diversas ações para oferecer à população acesso às tecnologias da informação e da comunicação. João Álcimo Viana, secretário de Ciência, Tecnologia e Empreendedorismo de Tauá, afirma que existem muitos obstáculos, “mas, com planejamento, ousadia e criatividade, é possível inovar tecnologicamente”.
A modalidade Terceiro Setor teve como vencedor do prêmio ARede 2008, na categoria Fundação e Instituto Empresarial, a Gincana do Milênio Sapiens Circus. Promovida pela Fundação Certi e pelo Instituto Sapientia, a gincana é um desafio que coloca a educação a serviço do social. Na categoria Organização da Sociedade Civil, a primeira colocada foi a ONG Thydewa, pelo portal Índios Online, que reúne conteúdos e presta serviços. Para Sebastián Gerlic, responsável pela ONG, o prêmio ARede 2008 reforça o trabalho da organização, no sentido de informar a população de que os indígenas estão vivos e são capazes. “Os indígenas, pelo fato de usar internet, não deixam de ser indígenas”, diz.
Este ano, a Momento Editorial concedeu ainda menções honrosas a três Empresas Amigas da Inclusão Digital: Caixa Econômica Federal, Sebrae e Vale. Essas empresas foram reconhecidas por seu apoio à revista ARede, no projeto de divulgação de ações de inclusão social por meio do uso de tecnologias.
• Categoria Especial Educação
Educarede
Gestor – Fundação Telefônica
Modalidade Empresa
• Categoria Empresa Pública
Sistema de Publicação e Consulta Pública com Certificação
Gestor – Departamento de Imprensa Oficial do Estado do Paraná
• Categoria Empresa Privada
Educação Digital
Gestor – Brasil Telecom
Modalidade Setor Público
• Categoria Municipal
Cidade Digital
Gestor – Prefeitura de Tauá (CE)
• Categoria Estadual
Cidadania Digital
Gestor – Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia
• Categoria Federal
Cultura Viva
Gestor – Ministério da Cultura
Modalidade Terceiro Setor
• Categoria Organização da Sociedade Civil
Índios Online
Gestor – ONG Thydewa
• Categoria Fundação e Instituto Empresarial
Gincana do Milênio Sapiens Circus
Gestor – Fundação Certi
Personalidade do ano
• Carlos A. Afonso
Diretor executivo da Rede de Informações
para o Terceiro Setor (Rits)
Uma representação artística da linha editorial e da proposta política da revista ARede, o troféu do Prêmio ARede é sempre uma peça que reforça os conceitos de interligação e compartilhamento das informações. Este ano, o designer e programador multimídia Erich Beall foi convidado a criar a peça oferecida aos ganhadores do prêmio e à Personalidade do Ano. Beall utilizou o acrílico e o alumínio, optando por recortes em relevo que resultam em um efeito de iluminação natural, graças à refração da luz.
Formado em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco, Beall atua na área de desenho industrial. Já recebeu quatro prêmios por seus trabalhos em casemod (modificação e construção de gabinetes de computador). Foi vencedor da categoria melhor design no concurso da revista Windows Vista. Também foi vencedor do prêmio de melhor projeto em um concurso promovido pela Intel e pela CCE, na primeira edição da Campus Party Brasil, realizada em fevereiro.
Os projetos foram avaliados por indicadores do impacto das ações nas comunidades beneficiadas e pela sustentabilidade das iniciativas.
Resultados – A comissão observou se os resultados apresentados atendiam aos objetivos do projeto, se contribuíram para melhorias nas comunidades em que o projeto estava inserido. Também foi verificado se havia metodologias para medir ou monitorar os resultados indicados.
Gestão – O modelo de gestão e sua representatividade comunitária são fatores fundamentais para a continuidade do projeto. Foi avaliado se houve um processo eletivo ou de interação comunitária para gerir o projeto e manter o relacionamento com a população atendida. Também foram consideradas as fontes de financiamento e a sustentabilidade das ações, além da relação entre custos e resultados.
Tecnologias utilizadas – Os jurados avaliaram softwares, hardwares, tipo de conexão à internet, plataformas de desenvolvimento, equipamentos digitais, dispositivos de comunicação e ferramentas de interatividade utilizadas no projeto. Neste quesito, recomendou-se valorizar os projetos que fazem uso de tecnologias abertas e podem ser replicados por outras comunidades.
Público atendido – Foram consideradas as metas diretas, quantificadas, e indiretas, de alcance social. Também foi analisado o perfil do público, a situação sócioeconômica e cultural das comunidades beneficiadas.
Inovação – Foi relevante identificar o grau de inovação da iniciativa, se contribui, de alguma forma, para renovar processos ou inspirar outras ações similares.
Categoria Setor Público
• Cecilia Hartmann Regueira | Fundadora do Instituto Hartmann Regueira e da Drucker Society do Brasil, é diretora-executiva do instituto e diretora do Comitê de Captação de Recursos da Associação Internacional de Terapia de Família (IFTA).
• Geraldo Vieira | Diretor de comunicação da Fundação Avina, secretário geral da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi), integrante do Conselho Curador do Prêmio Iberoamericano de Periodismo, além de professor da Fundación para Un Nuevo Periodismo Iberoamericano.
• Ladislau Dowbor | Professor titular na pós-graduação da PUC – SP, é consultor de diversas agências das Nações Unidas, governos e municípios, bem como do Senac. É conselheiro da Fundação Abrinq, do Instituto Polis, da Transparência Brasil, entre outras instituições.
• Sérgio Amadeu da Silveira | Professor da pós-graduação da Faculdade de Comunicação Cásper Líbero, integrou o Comitê Gestor da Internet no Brasil. Ex-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), coordenou o Comitê Técnico de Implementação de Software Livre na Administração Pública Federal.
• Marco Antônio Lage | Diretor de Comunicação Corporativa da Fiat Automóveis, foi repórter dos principais jornais mineiros e correspondente da Revista Visão em Minas Gerais e gerente de Comunicação Social do Sebrae-MG. Em 1992, ingressou na Fiat, onde hoje integra o Comitê Diretivo da empresa.
Categoria Terceiro Setor
• Ezequiel Pinto Dias | Foi coordenador executivo da Rede Nacional de Informações em Saúde, do Ministério da Saúde, e um dos idealizadores da Conferência Nacional de Saúde OnLine. Foi o primeiro presidente da Associação de Profissionais de Processamento de Dados do Rio de Janeiro (APPD-RJ) e da APPD-Nacional.
• Laurindo Lalo Leal Filho | Professor do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes da USP, fundou e presidiu a ONG Tver. É autor de Atrás das câmeras – relações entre cultura, Estado e televisão e A melhor TV do mundo (Ed. Summus).
• Manoel Horácio Francisco da Silva | Presidente do Banco Fator, foi presidente da Telemar, diretor da Vale, presidiu várias empresas do Grupo Ericsson do Brasil, foi diretor-presidente da Ficap, diretor-presidente corporativo da Sharp Equipamentos Eletrônicos. Foi também diretor-superintendente na Companhia Siderúrgica Nacional.
• Ricardo Kobashi | Foi dirigente de uma ONG de inclusão digital e é um dos fundadores do Sampa.org e da Rede Livre. Coordenou o Programa Acessa São Paulo, do Governo do Estado de São Paulo, e foi chefe de gabinete da Secretaria de Comunicação. É responsável pelos portais de governo paulista.
• Roseli de Deus Lopes | Professora da Escola Politécnica da USP, é pesquisadora no Laboratório de Sistemas Integráveis da USP. Participa de organizações como Sociedade Brasileira de Computação, The Institute of Electrical and Electronics Engineering e Association for Computing Machinery.
Categoria Empresa
• Imre Simon | É professor de Ciência da Computação da USP e atua na área de Teoria da Computação. Nos últimos anos, desenvolveu um interesse pelos impactos sociais da internet, com ênfase na teoria e prática da produção social, embasada na cooperação mediada pela internet em torno de objetos abertos.
• Luciano Meira | Professor do Departamento de Psicologia da UFPE, realiza pesquisas em Psicologia Cognitiva e do Desenvolvimento Humano, principalmente nas áreas de produção de sentidos e tecnologias da informação. Foi pesquisador do CNPq e atualmente é consultor do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife.
• Maurício França Teixeira | Atuou na área de Políticas de Desenvolvimento do Banco do Nordeste do Brasil e atualmente é chefe do Departamento de Tecnologias Sociais da Finep/MCT, responsável pela carteira de projetos relativa às tecnologias de informação e comunicação (TICs) aplicadas ao desenvolvimento social.
• Nelson Pretto | Diretor da Faculdade de Educação da UFBA, atua no campo do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação na educação, particularmente na formação de professores. Tem artigos e livros publicados, entre eles, Uma Escola Sem/Com Futuro: Educação e Multimídia (Ed. Papirus).
• Roberto Meizi Agune | No governo paulista,coordena o Grupo de Apoio Técnico a Inovação da Secretaria de Gestão Pública; e. foi presidente do Conselho Estadual de Informática e coordenador do Sistema Estratégico de Informações. Foi diretor da Fundação do Desenvolvimento Administrativo.
Categoria Educação
• Arthur Pereira Nunes | Participou da criação da indústria brasileira de computadores e da implantação da Política Nacional de Informática. Presidiu o Conselho de Administração da Rede Nacional de Pesquisas (RNP) e da Softex. Coordenou o Comitê Gestor da Internet no Brasil.
• Ismar de Oliveira Soares | Professor da Escola de Comunicações e Artes da USP, coordena o Núcleo de Comunicação e Educação. Supervisiona projetos como Educom.rádio. Implantou, em São Paulo, o Mídias na Educação, do Ministério da Educação. Integra o International Institute of Journalism and Communication.
• Áurea Lopes | Editora executiva da revista ARede, foi criadora de publicações como Guia do Estudante (Ed. Abril), Guia da Boa Escola (Ed. Segmento), entre outras. É diretora da Bit Social, organização civil voltada para a inclusão social por meio do uso de tecnologias.
• Maria Alexandra Cunha | Professora do Programa de Pós-Graduação em Administração da PUC-PR, coordenou a implantação do projeto de governo eletrônico do Paraná. É autora de artigos e livros sobre Tecnologia de Informação, especialmente no setor público.
• Maria das Graças Pinto Coelho de Souza | Professora do Departamento de Comunicação Social e membro do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRN, produz estudos e pesquisas nas áreas de Comunicação e Educação.