Prêmio ARede 2010 – Setor Público | Sustentabilidade e Gestão | Rede de Projetos do Programa Acessa SP

Ideias que fazem a diferença no dia a dia

Rede social abre espaço para monitores e usuários desenvolverem projetos locais, trabalhando colaborativamente.  Patrícia Cornils

ARede nº64 novembro de 2010 – Em maio de 2010, a Rede de Projetos do Programa Acessa SP, do governo do estado de São Paulo, completou sete anos. Criada por um decreto-lei em 2003, essa rede percorreu um longo processo de construção até chegar ao atual formato, em setembro de 2008. Um dos avanços obtidos durante a trajetória de amadurecimento foi a simplificação da participação de monitores ou de qualquer cidadão que frequente os telecentros. Outro avanço “complicou” o trabalho dos gestores. No bom sentido. Foram criados o que eles chamam de “dispositivos de relacionamento”, conjunto de mecanismos e ações de apoio às iniciativas.

A Rede de Projetos é a vencedora do Prêmio ARede 2010, na modalidade Setor Público, categoria Sustentabilidade e Gestão. Seu objetivo é estimular o monitor ou o usuário a se apropriar das tecnologias da informação e da comunicação para realizar transformações em seu dia a dia, de acordo com sua realidade local. “O prêmio dá visibilidade a uma estratégia madura. E essa firma de atuar, que envolve a comunidade com a tecnologia, pode ser replicada, contribuir com outras iniciativas”, diz Dani Matielo, uma das coordenadoras da Rede de Projetos.

A utilização da tecnologia em favor da comunidade que garante a apropriação do equipamento público pelos usuários locais e a consequente consolidação do posto de acesso como um recurso eficaz de inclusão digital. Por isso, a Rede não apenas abriga as iniciativas, mas promove o compartilhamento de experiências. Qualquer pessoa que tenha ideia de um projeto pode procurar o posto Acessa SP mais próximo, firmar uma parceria e utilizar a infraestrutura disponível para fazer as coisas acontecerem. Com uma vantagem: quem faz um projeto, ganha mais tempo de uso dos computadores, além dos 30 minutos regulamentares. O usuário pode estabelecer o próprio tempo de uso, de acordo com seu projeto, desde que não ultrapasse 30% do horário de funcionamento do posto.

E o que é um projeto? É uma iniciativa que faça sentido na vida cotidiana. Por exemplo: o projeto Professor Conectado, realizado no Jardim São Luís, na capital paulista, promove a inclusão digital dos professores e auxiliares de desenvolvimento da CEI Jardim São Luís. O projeto Buscando Trabalho na Rede, que acontece no Jardim Verônica, coloca à disposição dos interessados páginas para a busca de emprego na internet – o monitor, com auxílio de voluntários, orienta os usuários a elaborar currículos. Outro projeto da Rede é o Acompanhe seu Filho, que incentiva os jovens do município de Angatuba a levar um adulto ao telecentro e ensiná-lo a navegar pela internet. Ou o Violão na Net, de Vargem Grande Paulista, que compila sites de cifras e apostilas online.

O trabalho dos facilitadores da Escola do Futuro da Universidade de São Paulo – parceira do governo do estado no Programa Acessa SP – e dos monitores dos postos não é ensinar ou dar cursos de como fazer um projeto, mas ajudar as pessoas a entenderem que participar de uma rede pode trazer outras possibilidades. “A rede não tem uma ação pedagógica ou didática, mas dá subsídios para as pessoas encontrarem seus caminhos”, diz Dani Matielo, uma das responsáveis pela Rede de Projetos.

Articulando a rede
Entre os sete dispositivos de relacionamento que estimulam e conectam os participantes, estão os encontros regionais, eventos de dois dias com a participação de até cem projetistas, em formato de seminário. Os projetistas têm oportunidade de dialogar, esclarecer dúvidas e compartilhar experiências com colegas de outras regiões. Nesse encontro, a Escola do Futuro leva aos monitores sua “caixa de ferramentas”, ou seja, oficinas que auxiliam na criação de projetos: Mapeamento de redes, Estabelecendo parcerias, Divulgação de projetos, Registro de projetos, Uso do Orkut e Registro audiovisual.

A Rede tem também um sistema de suporte a distância, por meio de ferramentas como Twitter, YouTube e e-mail. Mas a equipe de Tecnologia Social da Escola do Futuro e os gestores do Acessa visitam os postos periodicamente, para se aproximar dos projetistas e conhecer a realidade local. No Portal Rede de Projetos, lançado em 2007, acontece a integração entre os projetistas, que registram e comentam as ações em seus blogs.

Em 2009, foi criado o Prêmio Rede de Projetos, que elege os 12 projetos que se destacam em quesitos como inovação, beneficio à comunidade, possibilidade de mutiplicação, desenvolvimento de parcerias, documentação, produção de conhecimento e uso de TI. Outro dispositivo de relacionamento é a formação presencial, parte da Formação Continuada do Monitor do Programa Acessa SP, que tem como foco a Rede de Projetos. Nessa capacitação, aprende-se a mapear a comunidade, identificar potenciais parceiros, usar a Ponline – pesquisa online que mapeia usuários e usos dos postos. A Ponline foi vencedora do Prêmio ARede na modalidade Setor Público/Estadual em 2009. Outro recurso de apoio aos projetos é a Jornada Acessa SP, em que se auxilia monitores e projetistas a iniciar novos projetos em seus postos. A jornada promove, para a comunidade, oficinas e aulas sobre temas com relevância no contexto local. E outro mecanismo de ativação da rede.

Até outubro, havia no Portal da Rede de Projetos 797 projetos e 910 projetistas cadastrados, 2106 posts e 2313 comentários. Em 2009, 72 projetos se inscreveram no Prêmio Acessa.
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