Prêmio ARede 2010 – Terceiro Setor | Capacitação e Formação | PDG.org



Novos caminhos levam terceiro setor a novos resultados

Programa oferece alternativa de capacitação online para terceiro setor, em solução que une teoria e prática. Carlos Minuano

ARede nº64 novembro de 2010 – Estudos revelam que cresce a colaboração entre organizações da sociedade civil, empresas e Estado. Mas, problema recorrente, o terceiro setor nem sempre está preparado para gerenciar essas parcerias. As dificuldades não são poucas: definição de foco, prestação de contas e gerenciamento do tempo são alguns dos obstáculos mais comuns. Especialistas apontam que o grande desafio do terceiro setor está na capacitação de profissionais para essas habilidades. Alerta semelhante veio do austríaco Peter Drucker (1909/2005), considerado uma espécie de guru da administração moderna. Segundo ele, é preciso colocar à disposição das instituições sociais, para ajudá-las em questões de liderança e gestão, soluções criadas especificamente para essas aplicações.

Foi essa a proposta do projeto PDG.org Online (Programa de Desenvolvimento em Gestão para Organizações de Terceiro Setor), desenvolvido pelo Instituto Hartmann Regueira, vencedor do Prêmio ARede na categoria Capacitação e Formação, modalidade Terceiro Setor. Trata-se de um programa prático e aplicado ao cotidiano das instituições. “Precisamos de gestores eficientes, que saibam dialogar com parceiros e financiadores”, afirma Cecília Regueira, diretora executiva do PDG.org. Estruturado em seis módulos, o programa oferece, em 12 meses, conteúdos específicos de gestão, processo de coaching para soluções de problemas e uma rede social para troca de experiências. Tudo pela internet.

O PDG.org Online é, na realidade, o desdobramento da versão presencial do programa homônimo, lançado em 2007. O programa foi resultado de extenso estudo realizado pelo instituto sobre as práticas de capacitação voltadas para o setor social, no Brasil e no exterior. O levantamento mostrou que as abordagens de cursos tradicionais não alcançavam as necessidades da vida real. E que, para mudar a gestão das organizações, era necessário sair do lugar comum, inovar. Para alcançar novos resultados, era preciso trilhar novos caminhos. E a opção foi unir teoria e prática.

“Mantivemos a capacitação em aulas, mas associada a um importante diferencial, um processo de coaching”, diz Maria Lúcia, diretora do PDG.org. Ela explica que cada organização é acompanhada de forma personalizada por um coach profissional, que interage ao longo do programa, dando orientações na formulação do plano de desenvolvimento institucional. Planejamento estratégico e plano de fortalecimento econômico também são focos do acompanhamento. Esse trabalho inclui duas visitas presenciais (de quatro horas cada), encontros via Skype, contatos por e-mail, compartilhamento de ideias e experiências por meio de fóruns.

Na base desse processo está a concepção de que pessoas são seres extraordinários, em busca de uma missão de vida e de realização, afirma Cecília Regueira. “Estendendo essa concepção para o coaching social, compreende-se que uma organização que faz parte do PDG.org considera a aprendizagem contínua um valor, e tem competências singulares que precisam ser despertadas e potencializadas”, acrescenta.

A aplicação do programa presencial, com dois anos de duração, surgiu de uma parceria entre o Instituto Hartmann Regueira, a Fundação Avina e o Instituto Unibanco. A avaliação positiva das dez organizações que participaram da primeira turma era um estímulo para avançar com o programa. Mas, para ampliar o alcance, faltava resolver a questão do custo. Foi então que a equipe lançou mão da famosa sabedoria popular que ensina a ‘fazer do limão uma limonada’. E, do problema, surgiu uma nova solução, que atenderia um número bem maior de organizações. Dessa vez em parceria com o Instituto Oi Futuro, foi desenvolvida a versão semipresencial do projeto, o PDG.org Online, do qual 13 organizações participam desde janeiro, e serão acompanhadas até dezembro.

Aprimorar a gestão
Com a utilização de tecnologias e metodologias de educação a distância, o programa passou a atender organizações de outros estados, também carentes de recursos de formação e capacitação. “A gestão de uma ONG é semelhante à de uma empresa. Tem metas a atingir e meios limitados”, analisa Cláudio Moura Castro, conselheiro do Instituto Hartmann Regueira e um dos educadores que avaliaram o programa.

O público-alvo do PDG.org são organizações

do terceiro setor, mas em uma visão mais ampla, toda a sociedade, que se beneficia dos resultados, observa Cecília Regueira. “Aprimo-rando a gestão, o terceiro setor consegue atender melhor seus públicos”, diz ela. Em três anos de atividades, nos dois projetos (presencial e online), o programa contabiliza 1.523 beneficiários diretos, de pessoas ligadas a ONGs; e 324 mil indiretos, número estimado de atendidos pelas organizações.

Saber avaliar os próprios resultados é um ponto fundamental para melhorar desempenho e atendimento do terceiro setor, ressalta Maria Lúcia. “ONG que olha para si pode fazer tudo de maneira mais eficiente, como gastar, contratar, gerir, fazer parcerias”. Para ela, organizações precisam estar cientes de onde estão, onde querem chegar e com quem querem ir, em suas trajetórias. Para a diretora executiva do programa, o Prêmio ARede 2010 “consolida o projeto como uma solução que promove a governança e a transparência das instituições sociais e que pode ser amplamente disseminada”.
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