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Prêmio ARede 2014 – Especial Educação – QEdu

Prêmio ARede 2014 – Especial Educação

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A mina de dados da educação

A plataforma qedu coleta dados oficiais sobre o desempenho de escolas e alunos e os transforma em um mapa para gerar reflexões sobre políticas públicas

Texto Áurea Lopes | Foto Divulgação

 

ARede nº 101 – especial novembro de 2014

LANÇADO EM novembro de 2012, o portal QEdu, da Fundação Lemann, publica dados educacionais organizados de forma fácil e intuitiva sobre as condições de ensino em escolas, municípios e estados. O conteúdo, garimpado a partir de informações oficiais em geral formatadas em planilhas complexas, é “traduzido” em uma apresentação fácil de compreender. “Nossa primeira preocupação foi facilitar a visualização de dados a partir de uma busca”, diz Ernesto Martins Faria, coordenador de Projetos da Fundação. Esse objetivo foi alcançado. Em 2013, mais de um milhão de pessoas visitaram o portal, que deve encerrar 2014 com 1,5 milhão de visitas.

Vencedor do Prêmio ARede 2014, o QEdu se transformou em uma referência tanto para gestores de escolas, como para jornalistas e outros formadores de opinião. A equipe coordenada por Faria trabalha com as avaliações do Censo Escolar e da Prova Brasil, ambos divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia do Ministério da Educação (MEC). Estão no portal, aberto e gratuito, números sobre o aprendizado dos alunos de 5º e 9º anos em matemática e português; perfis e opiniões de alunos, professores e diretores; matrículas, taxas de aprovação, abandono e reprovação; taxas de distorção idade-série; informações relativas à infraestrutura escolar e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O trabalhado, diz o coordenador, consiste em uma radiografia quantitativa e qualitativa. O sistema também permite comparar os dados entre as escolas.

Como o site foi desenvolvido para facilitar a busca para pessoas de diferentes perfis, a complexidade na navegação vai aumentando aos poucos. Alguém que esteja buscando, por exemplo, dados de desempenho, vai encontrar primeiro o resultado da prova do último ano. Depois consegue fazer uma comparação com o município ao qual pertence aquela escola, e ainda fazer a mesma comparação observando o desempenho em vários anos. “Quem tem mais facilidade pode pular as abas mais simples e ir direto para os campos com mais informação”, recomenda o coordenador.

AVALIAÇÃO
Outro exemplo é a avaliação sobre o desempenho dos alunos em leitura. De acordo com Faria, o resultado da Prova Brasil não diz muito sobre a qualidade da escola ou como estão os alunos nesse quesito, pois a nota vai de zero a 500. “Não dá para se ter uma visão clara se a média em uma determinada escola é boa ou não. Mas a plataforma mostra quantos alunos daquela escola obtiveram uma pontuação adequada”, informa.

Além de ser referência de dados educacionais, o QEdu tem dois outros objetivos: garantir que gestores se apropriem dos dados disponíveis na plataforma; e oferecer informações educacionais para jornalistas e para a sociedade civil. “Conseguimos trazer à tona informações que a sociedade não recebia ou às quais não tinha acesso tão fácil”, destaca Faria. Ele dá como exemplo uma experiência no Distrito Federal, onde a compilação de dados mostrou que a capital era a unidade da Federação com o mais alto índice de violência na escola. “Isso gerou uma pauta e a reportagem teve repercussão. Na volta às aulas, a polícia do DF foi acompanhar para ver o que estava acontecendo na escola”, exemplifica.

Os resultados mostrados pelo QEdu não são apenas os negativos. Um levantamento realizado pela equipe do portal gerou uma lista das escolas que se destacam no ensino de matemática no país. E revelou que a pequena Cocal dos Alves (PI), com menos de 6 mil habitantes, tem se firmado como um celeiro de campeões nacionais em matemática.

A considerar pelos depoimentos de secretários de educação e técnicos no portal QEdu, a meta de dar um norte para o gestor público e incentivar novas políticas tem dado resultados. “Na rede municipal de educação do nosso município, o QEdu está sendo uma das bases de dados para a elaboração do Projeto Político Pedagógico e do Plano de Gestão Escolar”, diz Flávia Rossi, secretária de Educação de Itapira (SP). Outra gestora, Adriana Cristina Valentin Mantovani, dirigente municipal de Educação de Novais (SP), escreveu: “Usei o QEdu no momento de realizar o diagnóstico da rede para estipular metas para o meu município”.

Para 2015, os planos são fazer uma versão mobile e intensificar a oferta de formação. Além do curso Investigando a Qualidade da Educação com Dados Públicos, voltado a jornalistas, a Fundação Lemann vai oferecer um curso para gestores, mostrando como os dados podem ajudar as escolas a mudar suas práticas.

www.qedu.org.br
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