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Prêmio ARede 2014 – Setor Público | Capacitação e formação

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Um novo jeito de ensinar e de aprender

A Rede Municipal de Educação de Cascavel adotou o Scratch para inovar no ensino. com interface simples, o programa estimula o raciocínio lógico e faz sucesso com os estudantes.

Texto Fatima Fonseca | Foto Divulgação

 

ARede nº 101 – especial novembro de 2014

É POSSÍVEL aprender e ensinar de forma mais divertida, com atividades dinâmicas e utilizando como instrumento aquilo que os estudantes mais gostam: a tecnologia que permite jogar, interagir, criar. A experiência, que tem como base o Scratch, linguagem desenvolvida pelo Massachussetts Technology Institute (MIT), começou no ano passado em uma escola de Cascavel, no Paraná, e já chegou a 20 das 62 unidades da rede municipal de ensino do município. “É uma ferramenta cheia de possibilidades para professores e alunos”, comenta Jocemar do Nascimento, coordenador do Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) de Cascavel.

O projeto Ensino de programação para alunos do 4º e 5º anos do ensino fundamental, vencedor do Prêmio ARede 2014, tem sido apresentado em fóruns educacionais e de software livre como um caso de sucesso.

Com uma interface simples, o programa Scratch estimula o desenvolvimento do raciocínio lógico. Além disso, pode mudar a cara dos trabalhos em sala de aula, substituindo a prova convencional por um jogo de perguntas e respostas, por exemplo. Os exercícios são divididos por tópicos (animações, jogos, distorção interativa, música etc.), cada um com lições e práticas de aprendizagem diferentes. “O aluno programa sem perceber que se está programando.

E o professor consegue trabalhar praticamente com todos os conteúdos do currículo escolar”, diz Nascimento, responsável pela formação de professores no uso da tecnologia no cotidiano na escola. Em três anos, 1,28 mil professores passaram por 3.8 mil horas de capacitação.

A ideia do ensino de programação surgiu em 2012, durante a formação de professores de laboratórios. “Alguns começaram a aplicar no ano passado com os alunos de 4º e 5º ano”, relata Nascimento. Como a professora de informática Roseli de Souza Ramalho, pioneira no uso do Scratch em sala de aula. E o curioso é que Roseli deu os primeiros passos em tecnologia com mais de 30 anos de idade. Ela conta que aprendeu com os filhos, jogando videogame. “Hoje, estar aqui com eles, ensinando, é um acontecimento. Jamais imaginei que poderia fazer isso. É muito gratificante você ensinar aquilo que você sofreu para aprender”, afirma. Segundo ela, com o Scratch, o aluno se força a pensar, a exercitar as funções cognitivas. “E o aprendizado já começa nesse ponto”, destaca.

NA TELEVISÃO
O coordenador do NTE acrescenta que os frutos começaram a ser colhidos este ano, com o resultado dos programas elaborados pelas crianças. O projeto funciona no horário da aula de informática – todos os estudantes têm 50 minutos por semana de aula – e algumas escolas têm usado o Scratch em atividades em sala de aula. “Não é só programação. O aluno tem que pesquisar na internet, usar fontes. A programação é o resultado disso”, ressalta Nascimento. Mas o que a garotada mais gostou foi de ter participado, em maio de 2014, do programa Esquenta, comandado por Regina Casé na Rede Globo. A professora Roseli e mais dois alunos estiveram na TV contando sobre o que fazem nas aulas de programação.

A Secretaria Municipal de Educação, junto com o NTE, está instalando o Scratch nos notebooks que começaram a ser distribuídos para professores e alunos do 4º e 5º ano. De acordo com Nascimento, a adoção do projeto nas demais escolas depende apenas de cada instrutor, uma vez que todos já receberam formação e todas as escolas têm infraestrutura – em 49 instituições, o laboratório tem 27 computadores, nas demais entre 10 e 15 computadores.

Dos 25 mil alunos da rede municipal, 4 mil já têm acesso ao Scratch. “As escolas têm projetos diferentes para uso em laboratório. Umas adotaram o Scratch, outras o Moodle (plataforma de ensino a distância), algumas usam o game Minecraft, de acordo com a habilidade que o instrutor tem com a ferramenta”, explica Nascimento. Os trabalhos dos alunos são publicados no blog da escola. O NTE está, agora, levando os projetos para a sua plataforma.O programa Escola.com, lançado pela prefeitura de Cascavel em abril, tem como proposta levar os portáteis a todos os alunos da rede municipal. Este ano foram distribuídos 4,5 mil notebooks para os alunos do 5º ano e para professores. “Todas as máquinas vêm com Scratch, software livre e cerca de 4 mil atividades selecionadas pelos instrutores de informática das escolas”, informa Nascimento. Em 2015 serão mais 9 mil notebooks para estudantes do 4º e 5º ano. Quando concluírem o 5º ano, os estudantes poderão ficar com os computadores – a rede municipal de ensino de Cascavel vai até o 5º ano. “A Escola.com vai fazer o diferencial no município de Cascavel. Vamos dar um salto de qualidade para que em 3, 4 anos possamos colher os frutos dessa tecnologia”, diz o prefeito Edgar Bueno.

www.ntcascavel.com