As habilidades que estão em alta nas corporações
Carman: central de desenvolvimento
e serviços para veículos, criada no INdT.
A Impacta Tecnologia, grupo educacional da área de TI, treina uma média
de 400 alunos por mês em softwares livres. Em julho, entre as empresas
que tinham profissionais participando desses cursos estavam, por
exemplo, a Globo, a Siemens, os Correios, o Banco do Brasil, a
Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel, o laboratório Merk
Sharp & Dohme, o Bradesco e o Itaú, entre dezenas de outras. A
demanda nas plataformas abertas na Impacta tem crescido mais de 20% ao
ano, diz o presidente da empresa, Célio Antunes. Entre os requisitos de
muitas empresas do setor, Debian, PHP, Phyton, PostGree, SQL, TCP/IP,
Shell.
A Companhia de Informática do Paraná (Celepar) conta com 1.050
funcionários (eram 650 há quatro anos), e todos os novos programas são
desenvolvidos com código aberto, segundo Fabiano Augusto Farezotto
Mormul, coordenador de projetos de SL do governo estadual. A empresa já
convocou 350 pessoas aprovadas no seu último concurso, há um ano e
meio, mas muitos recebem convites do mercado e acabam saindo. “A fila
dos classificados está acabando”, avisa Fabiano. Na sua avaliação, a
carência nessa área é maior na infra-estrutura — em banco de dados e
serviços de rede.
Na IBM, há vagas na área de software livre que dispensam o Curso
superior, mas inglês é importante, diz Fabiana Galetol, que coordenou o
AfroTech, mês passado, em São Paulo. Ela admite, contudo, que o idioma
possa ser provido dentro da própria empresa. “Como a rotatividade é
alta, há grande demanda por técnicos de TI, em especial programadores”,
destaca. A IBM tem no país, em Campinas (SP), um de seus 40
laboratórios de desenvolvimento de Linux, o Centro de Tecnologia Linux
(LTC).
No C.e.s.a.r., o perfil mais procurado de profissional inclui
capacidade de trabalhar de forma distribuída, interagindo por e-mails e
habilidade de gerenciamento. Para capacitar seus quadros, estão sendo
avaliados vários modelos. Uma experiência citada pelo gerente de
segurança, Rodrigo Assad, veio da disciplina chamada “Software
engineering: building open source software factories” (ou engenharia de
software: construindo fábricas de software abertos), ministrada no
Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Nesse curso, diz Rodrigo, é possível desenvolver e trabalhar algumas
das competências que ele considera necessárias. Os colaboradores do
C.e.s.a.r. também podem usar a infra-estrutura da empresa para
desenvolver projetos de código aberto (OSS) próprios, que podem ser
acessados em página da internet.
Entre maio de 2006 e maio de 2007, 1,5 mil pessoas passaram pelo
treinamento em software livre oferecido pela Red Hat Brasil. Para o
gerente nacional da empresa, Alejandro Chocolat, os principais
conteúdos de uma boa formação envolvem linguagens de programação (como
C e Phyton), instalação e configuração de sistemas Linux, além de
programação e depuração em Shell. “Os profissionais procurados pelo
mercado são aqueles que entendam a maturidade das soluções de código
aberto para o ambiente corporativo, e não apenas no meio acadêmico ou
como hobby. São solucionadores de problemas”. Segundo Alejandro, a Red
Hat tem expandido seu quadro de pessoal, e continuará a fazê-lo em
todas as áreas — suporte, desenvolvimento e vendas.
No dia 2 de agosto, o site do Google oferecia 31 vagas no Brasil: dez
para a unidade de Belo Horizonte, onde está concentrada a demanda por
desenvolvimento de software (cinco na área de engenharia, duas para
operações e TI); e 21 em São Paulo, onde as oportunidades se concentram
em vendas e marketing (especialmente com a linha de serviços
publicitários da empresa). Diversas vagas requeriam, por exemplo,
formação universitária em Ciência da Computação ou em área afim, além
de habilidades em C/C++ (comprovadas com três anos de experência);
“conhecimento substancial” de Unix/Linux; prática em projeto e
programação em larga escala, sistemas distribuídos, linguaguem de
máquina, programação em rede, kernel Linux, conhecimentos de TCP/IP,
Java e proficiência em uma das linguagens Perl, Python, Shell. Mais
fluência em inglês.
Celeiro universitário
Desenvolvedores do C.e.s.a.r.,
em Recife.
O Instituto Nokia de Tecnologia (INdT) e a Stefanini têm convênios com
universidades para formar e recrutar pessoal. No primeiro, onde havia
quatro vagas para pesquisa e desenvolvimento no início do mês, as
ferramentas abertas mais utilizadas são Linux, Phyton e C++. De acordo
com Sandro Alves, gerente de negócios do INdT, as atividades estão
concentradas em gerar novidades para o mercado nas áreas de
conectividade, plataforma e multimídia. “Por exemplo, inserir numa
plataforma as capacidades de receber programação em Phyton; fizemos
isso no projeto Maemo, do Tablet Nokia N800 [PDA]”.
O INdT atua em quatro áreas, uma delas open source. Não exige
certificação, mas conhecimento avançado, e oferece salários a partir de
R$ 2 mil, que podem chegar a R$ 10 mil. “Tem gente que não tem
faculdade, mas é referência em determinadas áreas, como Python,
codificadores, processamento digital de sinais”, diz Sandro. Mesmo
assim, ele aponta dificuldade no recrutamento para pesquisa e
desenvolvimento. O que poderia ser menos crítico, na sua avaliação, se
houvesse maior integração entre empresas e universidades. O Instituto
tem um quadro de 160 profissionais, dos quais 80 em open source, e
outros 60 dentro de universidades, trabalhando em projetos relacionados
à área de interesse do INdT: as federais do Amazonas (Ufam), de Campina
Grande (UFCG) e a Unicamp.
A Stefanini mantém um Open Source Software Laboratory, em São Paulo,
para dar suporte a clientes corporativos em Linux (com quatro
técnicos), além de contar com outros 300 profissionais que trabalham
com software livre, de um total de 2,4 mil envolvidos em atividades de
outsourcing, praticamente todos administrando servidores. Para
contratar, Zenos Strazzeri Araujo, diretor de outsourcing, conta que
busca nas comunidades de software livre, tem um banco de currículos no
site da empresa, e também firmou convênios com universidades: Instituto
Tecnológico da Aeronáutica (ITA), PUC-RS, Unisinos.
No Brasil, já foram aplicadas cerca de 4 mil provas, desde 2002, para
certificação Linux Professional Institute (LPI). São aproximadamente
800 profissionais LPIc1, 200 LPIc2, e sete LPIc3 (de 20 que há no
mundo), calcula Marcelo Marques, diretor da 4Linux. O nível 1 é para o
administrador júnior, com ênfase no desktop; o nível 2 trata de redes e
servidores; e o nível 3, criado há cerca de seis meses, cobre serviços
específicos de rede. Nos cursos da 4Linux, há bolsas de estudo doadas
por empresas como a IBM ou o instituto IBI.
Segundo Marcelo, para os níveis 1 e 2, é possível estudar sozinho,
baixando material da internet. Ele destaca a FocaLinux, entre as
apostilas online mais completas. As vagas do mercado, na sua opinião,
estão concentradas na área de infra-estrutura: correio eletrônico,
administração de redes, de servidores, servidores de impressão,
controle de acesso à internet. E a maior dificuldade na formação dos
profissionais estaria em saber trabalhar em equipe e se expressar, não
ter medo de falar com o cliente.
As distribuições mais valorizadas nas corporações, diz Marcelo, são
Debian (a CEF, por exemplo, a utiliza nas maquininhas que registram as
apostas na MegaSena), Red Hat, Suse e Ubuntu. E, para o usuário final,
Kurumin, Calango e versão Ubuntu.
www.focalinux.org – em inglês
www.focalinux.cipsga.org.br/ — em português
http://opensource.cesar.org.br — Para conhecer projetos dos colaboradores do C.e.s.a.r.
www.google.com/jobs — clique em International Openings
www.google.com.br/intl/pt-BR/jobs/
www.stefanini.com.br