Rádio Comunitária – A meninada toma posse do microfone

Projeto Cala-boca já morreu trabalha há dez anos na proposta de educar crianças e adolescentes, através dos meios de comunicação.

Projeto Cala-boca já morreu
trabalha há dez anos na proposta de educar crianças e adolescentes,
através dos meios de comunicação.
Vitória Guimarães


As oficinas acontecem na sede
da ONG, no Jaguaré.


“Os meios de comunicação influenciam nosso modo de ser, pensar,
agir”, diz Grácia Lopes, que, com base nessa premissa criou e
atualmente coordena a organização não-governamental (ONG) Projeto
Cala-boca já morreu. Com o lema “porque nós também temos o que dizer!”,
o Cala-boca nasceu há quase dez anos, a partir de um programa de
educação pelos meios de comunicação, desenvolvido, entre 1995 e 2003,
como uma atividade sem fins lucrativos pelo GENS (Grupo Ensino-Estudo
S/C Ltda), empresa de serviços educacionais.

A equipe do projeto é inteiramente composta por pesquisadores da área
de educomunicação e ofereceoficinas gratuitas de rádio e vídeo,
desenvolvidascom equipamentos da própria comunidade,curso de formação
em educomunicação e documentaçãoem rádio, e um vídeo sobre
ahistóriaatual de organizações não-governamentais, paracrianças e
jovens da região. As atividadesacontecemna sede da organização, no
bairro do Jaguaré,na zona oeste da cidade de SãoPaulo, e atendem,
atualmente, cerca de 60 pessoas.

Para todas as ações é adotada a metodologia Cala-boca já morreu.
Compreende a construção coletiva da informação em quatro etapas: pauta,
divisão de responsabilidades, apresentação e acompanhamento do produto
e, finalmente, a avaliação dos resultados. O sucesso desse método,
especialmente na área radiofônica, foi reconhecido. A Prefeitura de São
Paulo o implantou no projeto Educom.rádio, de 2001 a 2004, em parceira
com a USP, com a finalidade de capacitar alunos e professores a
operarem FMs nas escolas (saiba mais), e
serviu de base para o Rádio-Escola, da própria GENS, uma das parcerias
da ONG.

O programa Rádio-Escola criou uma rede de emissoras, em que os alunos
são responsáveis pela programação e que vai ao ar em
Oficineiros do Cala-boca já morreu.
caixas de som
dentro da própria sala de aula. Os equipamentos foram cedidos pelas
prefeituras para as escolas municipais de Sorocaba, Vargem Grande
Paulista e Piedade, no interior de São Paulo. Nessas cidades, as rádios
funcionam em todas as escolas municipais.

A relação entre o Cala-boca já morreu e o instrumento rádio é vigorosa.
Até 2003, era apresentadoum programa radiofônico ao vivo pelos jovens
que freqüentaram as oficinas, em diferentes emissorascomunitárias da
cidade de São Paulo. Por exemplo, os radialistas vindos das oficinas já
produziram programas para a Cultura FM e AM, e para a Rádio Eldorado.

Na Rádio 8 de Dezembro, emissora comunitária de Vargem Grande Paulista
(SP), a equipe produziu, transmitiu e apresentou seu material, em julho
de 2000. Além de tocar uma série de programas naRádioCharme FM, de
outubro a dezembrode 2000, e manter transmissões contínuas
nasemissorascomunitárias Rádio Guadalupe, da cidadede Osasco (SP),
durante o ano de 2001, e Rádio Cidadã, no bairro paulistano do Butantã.

Atualmente, a ONG se dedica à capacitação de jovens educomunicadores,
mas sem um canal própriopara transmissão. “Os veículos de comunicaçãoem
nosso país ainda estão concentrados nas mãos de poucos grupos”, critica
Grácia, que tambémlamenta os casos de fechamento de
pequenasrádioscomunitárias. “Quando isso acontece, muitos projetos
deixam de ser veiculados.Aconteceuconosco e com muitos comunicadores de
diferentescantos do Brasil”, diz. Noentanto, o acervo dos trabalhos
realizados está disponível em CDs,que não são comercializados.“Podem
ser partilhados com grupos interessados em contribuir com a
democratização da comunicação”, explica ela.

O Cala-boca já morreu está desenvolvendo, paralelamente, em São Paulo,
uma oficina chamada RádioEca, no Sesc Pompéia. O objetivo é contribuir
para que 30 jovens entendam e difundam em forma de produção radiofônica
o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O projeto também está
dando consultoria para a 2ª Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo
Meio Ambiente, promovida pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo
Ministério da Educação, prevista para o final deste ano.

Festival de curtas

Essas atividades, junto ao Sesc e à produção da Conferência, conjugadas
com cursos e serviços oferecidos para associações e grupos organizados
de outras regiões do país, são as formasde gerar derenda para a
auto-sustentação do projeto Cala-boca.


Produção disponível em CD.
Outra alternativa são as parcerias com instituições, que permitem a
realização de ações em andamento: Oficina Poética Cênica (ONG Acciones
Imaginarias e Corporal Universidad Complutense de Madrid e USP);
oficinas de rádio e vídeo (Centro de Atenção Psicosocial do Butantã,
Centro de Convivência e Cooperativa ParquePrevidência, Ambulatório de
Especialidades do Peri Peri e Unidade Básica de Saúde Vila Dalva);
grupo de estudo sobre o Estatuto da Criança e Adolescente com jovens de
escolas e faculdades da cidade de São Paulo.

O projeto Cala-boca também está junto da Associação Cultural Kinoforum,
que faz o Festival Internacional de Curta-Metragens de São Paulo. Para
a próxima edição do evento, em 25 de agosto, será realizada uma oficina
(carga horária de 56 horas), entre os dias 17 a 26 de junho, com 20
selecionados. Os trabalhos serão exibidos durante o festival. “As
diferentes parcerias visam a produção de espaços de inclusão, a partir
dos meios de comunicação; a possibilidade de produzir e pensar cultura
de modo coletivo como peça fundamental no resgate social”, defende
Grácia.

www.cala-bocajamorreu.org • Projeto Cala-boca já morreu. Informações por e-mail para projeto@calabocajamorreu.org ou pelo telefone 11 3719-3098.
www.kinoforum.org • Associação Cultural Kinoforum.