Entidade carioca produz e distribui conteúdo gratuito para rádios comunitárias em todo o país.
No início do segundo semestre, o Criar Brasil, uma organização
nãogovernamental que produz conteúdo para rádios, vai lançar uma
série de cinco programas dedicados ao Aqüífero Guarani, a principal
reserva subterrânea de água doce da América do Sul. O aqüífero é
um precioso lençol de água sob parte do Brasil, Paraguai, Uruguai e
Argentina, e tem uma área equivalente aos territórios da Inglaterra,
França e Espanha juntas. Sua maior parte está sob oito estados
brasileiros: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Cerca de 400 rádios comunitárias, educativas e comerciais desses
estados vão receber os programas, feitos em colaboração com o Fundo
Guarani de Cidadania, criado pela Organização dos Estados
Americanos para difundir a necessidade de manejo sustentável e proteção
desse recurso.
Há onze anos, a equipe do Criar Brasil produz programas com temas
ligados à cidadania, educação, saúde, direitos humanos e direitos
dos trabalhadores, crianças e adolescentes. A entidade é uma cria do
Ibase, ONG que foi pilotada pelo sociólogo Herbert de Souza, o
Betinho. Formou-se a partir da equipe do Centro de Imprensa Alternativa
do Instituto, e sua missão é apoiar a organização dos movimentos
sociais e democratizar a comunicação, por meio dos rádios. A escolha do
veículo não foi por acaso. “As ondas do rádio chegam aos pontos mais
distantes do país e ele tem uma linguagem de fácil compreensão”,
diz Rosângela Fernandes, coordenadora geral.
Ao longo desse tempo, diz Rosângela, a principal conquista do Criar
Brasil foi o desenvolvimento de uma relação constante com uma rede de
1,3 mil rádios em todo o país. A rede, afirma ela, tem como
princípio a comunicação cidadã, ou seja, é formada por emissoras que
acreditam na força da comunicação para construir um país melhor.
Outro princípio da organização é que os programas sejam usados
para estimular debates nas emisoras e a produção de conteúdo local
sobre os temas abordados. O estímulo a atividades locais é um dos
critérios da avaliação solicitada às rádios a cada produção do Criar.
“Não temos contato direto com os ouvintes. Sabemos o que acharam
dos programas por meio das emissoras”, explica Rosângela. “O
momento de retorno desses questionários é uma das coisas mais
festejadas aqui”.
O conteúdo é distribuído em CD, acompanhado de cartilhas que orientam
como melhor explorálo. Há amostras dos programas, spots, esquetes
e radionovelas no site da organização.
Quando o grupo saiu do Ibase e começou a se estruturar de forma
independente, a rede era composta por 50 rádios, conta Rosângela.
Manter atualizada essa rede é um dos maiores trabalhos do Criar. As
rádios comunitárias são fechadas ou mudam de endereço, o tempo
todo, diz Rosângela. Cada projeto é divulgado para cerca de 700
rádios do cadastro, de acordo com o perfil dos programas. E o material
é enviado, gratuitamente, às que confirmam o interesse, em geral
cerca de 400. Interessados em receber o material podem entrar em
contato com o Criar para passar a integrar o cadastro. O site da
entidade também informa sobre a realização de oficinas para radialistas.
www.criarbrasil.org.br ou tel.: 21 2242.8671