Raitéqui – Inglês pela web: é muito fácil.

A convergência de sons, imagens e textos na rede permite estudar o idioma baixando PDFs e arquivos MP3. É possível organizar um repositório desses arquivos nos telecentros e formar grupos para aprender a língua, cada vez mais indispensável no mundo globalizado.


A convergência de sons, imagens
e textos na rede permite estudar o idioma baixando PDFs e arquivos MP3.
É possível organizar um repositório desses arquivos nos telecentros e
formar grupos para aprender a língua, cada vez mais indispensável no
mundo globalizado.

Sérgio Amadeu da Silveira


Freud, o fundador da
psicanálise

Muitas lideranças dos projetos de inclusão digital reclamam da falta de
conteúdos atraentes e adequados para os telecentros. É verdade que a
maioria dos projetos encontra-se em uma fase inicial, em que quase
todas as preocupações estão voltadas a garantir a conexão à internet.
Enquanto não há muitos conteúdos feitos especialmente para os projetos
sociais, não podemos esquecer que a internet é o maior repositório de
conhecimento já construído na humanidade. Não temos somente a wikipedia
para consultar ou o projeto Gutenberg para baixar textos que estão em
domínio público — também podemos estruturar um programa completo para a
aprendizagem da língua inglesa.

O inglês tornou-se a  principal língua do planeta. A língua da
aviação, da ciência e da tecnologia. Saber inglês é tão importante
hoje, quanto saber operar um computador. O grande problema é que o
ensino de inglês nas nossas escolas é ruim e pouco estimulante. Os
“laboratórios de informática” nas escolas, mesmo conectados à internet,
quando não estão fechados, são utilizados somente para cursos de
editores de texto e, vez ou outra, de planilha de cálculo. Desperdício.
O melhor lugar para o ensino de geografia, história e inglês nas
escolas é na sala conectada à internet. Enquanto não convencemos as
direções dos estabelecimentos de ensino a transformar o tal laboratório
em sala de aprendizado conectada à rede, podemos incentivar as pessoas
a aprender inglês nos telecentros. O ideal seria montar grupos de
aprendizagem. Bom, aí vem a pergunta derradeira: onde está o professor?
Na própria rede.


Há inúmeras possibilidades de aprender inglês na rede, mas vamos falar de dois sites
excelentes, onde qualquer pessoa pode ir evoluindo gradativamente no
contato com a língua, de acordo com seu ritmo e interesse. Não se
aprende inglês em sete semanas, cada pessoa tem uma capacidade de
assimilação. O importante é adquirir um bom vocabulário e seguir, na
medida do possível, o modo como aprendemos a nossa própria língua:
ouvindo. Podemos ler e ouvir com os recursos que estão disponíveis na
internet. Podemos ler e ouvir, em inglês, os assuntos de nosso
interesse nos sites de duas grandes rádios: a “Voice of America”, dos
Estados Unidos, e a “BBC”, de Londres, Inglaterra.

Antes de continuarmos, é importante ler o que o professor Rubens Queiroz, um dos mais destacados membros da comunidade de software
livre no Brasil, diz: “Em nosso aprendizado da língua inglesa, contamos
com uma grande vantagem: os cognatos, que representam de 20% a 25% de
todas as palavras que aparecem em textos técnicos. Mas é óbvio que
apenas isto não é suficiente. E o restante das palavras? Como fazer?
Temos, então, a segunda boa notícia. As 250 palavras mais comuns da
língua inglesa respondem por aproximadamente 60% de um texto. Como os
cognatos não constam desta lista de palavras mais comuns, segue que, se
conhecemos o significado das 250 palavras mais freqüentes e dos
cognatos, conhecemos cerca de 80% a 85% de qualquer texto técnico.” No site www.rau-tu.unicamp.br/nou-rau/demo-pt/document/?code=13,
Rubens Queiroz mantém um texto em PDF que contém as 250 palavras mais
comuns da Língua Inglesa com seu significado em português. Você pode
baixá-lo e estudar dez palavras por dia, enquanto está no ônibus, no
metrô, no barco ou esperando sua vez para usar o computador de um
telecentro.

Para ler e ouvir

Na internet, a BBC Learning English (www.bbc.co.uk/worldservice/learningenglish)
permite ouvir  programas
produzidos para o aprendizado de inglês.
Os arquivos estão em MP3 e podem ser baixados em nossas máquinas e
transferidos para pen drivers ou i-pods, entre outras mídias digitais. A seção chamada The Flatmates
(amigos que dividem o mesmo apartamento) traz mais de 50 diálogos,
chamados de episódios, contendo a explicação do vocabulário utilizado,
a gramática, exercícios e o arquivo sonoro em vários formatos. Você
pode baixar cada diálogo, com todos os seus recursos. São aulas
completas. E a gramática é ensinada de modo extremamente didático,
explorando os diálogos de cada episódio e explicando as regras
gramaticais na sessão Language Point.

Além do Flatmates, existem outras seções, tais como Business English, News English, Grammar and Vocabulary, Quizzes, Communicate, Watch and Listen,
entre outras. Na Watch and Listen (veja e ouça), são várias opções para
nos acostumarmos com a língua e a cultura inglesa. Há reportagens sobre
a vida em Londres, London Life; e aprende-se muito na Music Show. Além de programa para melhorar a pronúncia, chamado Pronunciation tips.

A Rádio norte-americana Voice of America mantém o programa VOA Special English para o ensino de inglês (www.voanews.com/specialenglish). Os programas de rádio podem ser baixados em MP3 e tudo que é falado pode ser lido em seus roteiros, disponíveis no site.
Os locutores falam pausadamente, é utilizada a voz ativa sempre que
possível, as sentenças são curtas e os programas empregam um
vocabulário de 1,5 mil palavras.


Friedan, feminista
norte-americana

O mais interessante da VOA Special English é a possibilidade de
aprender ouvindo e lendo matérias do nosso interesse. Você pode
escolher programas em cada um dos vários tópicos: artes, ciência,
saúde, história, literatura, economia, direitos humanos, guerra, etc.
Um exemplo é o programa sobre como se formam os tornados, ou sobre a
vida de Carl Sagan e a exploração de Marte. Programas contam a vida de
pessoas destacadas como a líder feminista Betty Friedan, Sigmund Freud,
o economista John Kenneth Galbraith e a defensora das cidades Jane
Jacobs, entre tantos outros. São centenas de programas disponíveis e
arquivados (de 2001 até agora) na VOA Special English.

O ideal é utilizar os recursos das duas rádios. Juntar o curso Flatmates,
muito bem estruturado pela BBC, com a variedade de reportagens gravadas
pela VOA. Baixar os programas no computador pode ser a melhor
alternativa. Organizar turmas ou criar roteiros de aprendizado para os
usuários dos telecentros pode ser um bom caminho. Nunca foi tão fácil
aprender inglês como hoje, com tantos recursos presentes na rede. Não
vamos perder mais tempo.