Repórter Comunitário – Coquetel Molotov em defesa da música

Coletivo de Pernambuco pilota programa de rádio, selo independente, site, revista e dois festivais de música. 


Coletivo de Pernambuco pilota programa de rádio, selo independente, site, revista e dois festivais de música.  Júlio Belo*


Durante a II Guerra Mundial, a população civil russa tentava ajudar o
exército na expulsão dos alemães. Para isso, utilizava-se dos mais
diversos tipos de armamentos domésticos. Um deles, o Coquetel Molotov,
bomba de fabricação caseira, é utilizado, até hoje, em manifestações
populares. Em pleno século 21, alguns jovens do Recife formaram um
coletivo que traz o mesmo nome da bomba soviética. E se utilizam das
mais diferentes armas – algumas tão domésticas quanto a dos russos –
para defender uma única bandeira: a cultura.

O Coquetel Molotov é um coletivo que oferece música, principalmente de
bandas independentes. O grupo, composto por Viviane Menezes, Tathianne
Nunes, Ana Garcia e Jarmeson de Lima, existe há mais de quatro anos. Os
amigos se conheceram apresentando um programa na Rádio Universitária AM
de Pernambuco. Hoje, eles são responsáveis pela produção não só do
programa, mas também de um site, uma revista e dois festivais de música.

No programa de rádio, que vai ao ar todo sábado ao meio-dia, os
integrantes do coletivo expõem suas idéias em bate-papos sobre música,
cultura e tecnologia e, principalmente, através da escolha das bandas
novas que têm suas músicas tocadas. “Não podemos negar que o critério
de escolha passa por uma questão de gosto mesmo”, afirma Viviane, que
revela que todos os projetos do grupo são resultado de comum acordo
entre eles. Na revista e no site, que trazem o mesmo nome do coletivo,
eles procuram divulgar de tudo um pouco, falam de seus projetos,
mostram entrevistas com artistas e bandas nacionais e internacionais
apresentam seus projetos, promoções e muita coisa legal.

Chambaril

O projeto principal do Coquetel Molotov é trazer para a mídia a
musicalidade de bandas independentes, que não têm divulgação no grande
público. Rádio de Outono, Chambaril são os nomes de algumas bandas
pernambucanas que são foco desse projeto e que fazem parte dos selos
independentes do coletivo. “A gente trabalha com música de qualidade,
que, muitas vezes, não tem uma divulgação massiva por causa da política
dos meios de comunicação”, diz Tathianne.

Dois dos projetos mais bem-sucedidos do grupo são os festivais No Ar
Coquetel Molotov e Coquetel Molotov Independente, que, mesmo com poucos
recursos, são prestigiados pelo público. O festival que pretende
divulgar as bandas do Recife é o Coquetel Molotov Independente, que
teve sua primeira edição em setembro de 2004, e a terceira, em janeiro
de 2006. Já o No Ar Coquetel Molotov, que reúne bandas nacionais e
internacionais, aconteceu, pela primeira vez, em maio de 2004, no
Recife, e tem sua terceira edição prevista para setembro deste ano.

O coletivo também tem dois se­los independentes que apóiam e lançam
artistas pernambucanos. A sustentabilidade do Coquetel Molotov só é
possível graças aos esforços dos seus integrantes para conseguir
incentivos governamentais. Algumas vezes, têm de tirar dinheiro de seus
próprios bolsos.


*Repórter da agência In’Formar – www.informar.org.br